No dia 21 de fevereiro deste ano, Thaynara Fialho, madrinha de um bebê nascido no dia 02/02/19 no HSJA, procurou o Blog do Adilson Ribeiro para expor o ocorrido com sua amiga, Caroline de Castro Miranda, de 20 anos, que foi dar à luz e acabou passando por um pesadelo.
Na mensagem, Thaynara relata que ela e sua amiga prestes a dar à luz deram entrada na maternidade do hospital por volta das 10 horas da manhã do dia primeiro de fevereiro. Caroline estava com 39 semanas e 1 dia de gestação e com contrações. Na maternidade, ela foi atendida pelo médico Dr. Plínio, que verificou que a gestante tinha 4 centímetros de dilatação e a internou para poder dar início ao trabalho de parto. Mediram sua barriga e pelo tamanho dela julgaram que o bebê era pequeno e passaria com facilidade. Segundo sua amiga, Caroline queria fazer e pretendia marcar uma ultrassonografia nesta mesma data, já que a última havia sido feita quando ela estava com 34 semanas de gestação. Os médicos não fizeram a ultrassom e sim um exame de toque a cada duas horas, verificando que não havia aumento de dilatação.
Às sete horas da noite deste dia era o plantão da médica Jocieli Locatelli Cerqueira, que também fez o exame de toque e ao constatar que a dilatação se mantinha nos 4 centímetros, disse que faria a cesariana na manhã do dia seguinte, porque, segundo ela, no período da noite só fazem casos de emergência.
Caroline de Castro Miranda em ensaio fotográfico antes de dar à luz. |
Caroline tomou um buscopan receitado pela médica e seu efeito durou cerca de 1 hora, as dores e contrações obviamente continuavam e ela passou toda a noite sofrendo com elas, que só amenizavam debaixo do chuveiro, local onde ela passou boa parte da madrugada.
Na manhã seguinte, por volta das 8 horas, o Dr. Luis Alberto M. de Castro pegou o plantão. A Dra. Jocieli foi até o quarto de Caroline e após constatar que a dilatação havia aumentado (estava em 8 centímetros), levou Caroline para uma sala de atendimento e furou a bolsa do bebê, mesmo que a mãe estivesse pedindo desesperadamente pela cesárea, visto que ela já tinha ido para o hospital com as dores das contrações e ainda passou a noite inteira sem dormir por causa disso. Neste momento, Thaynara afirma que a médica disse as seguintes palavras: “Agora nem se você quiser eu vou fazer a cesárea, já furei a bolsa, vai ser normal.” E mandou Caroline voltar para o quarto.
Às 10h da manhã do dia 02/02 o médico plantonista chegou acompanhado da médica Jocieli e uma enfermeira e a encaminharam para a sala de parto. Após dar início ao trabalho de parto, constataram que o bebê estava preso na pelve da mãe e continuavam dizendo para ela fazer força, mas o bebê não saía. O médico ao perceber a situação, sugeriu uma cesárea, mas a Dra. Jocieli não queria e disse que a mãe é que deveria fazer mais força porque não estava fazendo o suficiente. Thaynara disse que ouviu a Dra. dizer que o bebê tinha passagem na vagina, mas que o canal estava estreito e ele não conseguiria atravessar. Fizeram manobras de forçar a barriga da mãe para empurrar o bebê e ajudá-lo a descer e até mesmo uma episiotomia (quando cortam a área entre a vagina e o ânus para aumentar o espaço de saída do bebê) que Thaynara julgou desnecessária, já que a própria médica disse que na vagina tinha espaço.
Depois de todos os esforços, o médico plantonista que havia sugerido a cesárea saiu da sala para chamar o Dr. Rogério Martins, com quem Caroline havia feito o pré-natal e que realiza cesarianas de emergência. A médica Jocieli não queria que ele fosse chamado e colocou a mãe de cócoras no chão e disse: “faz força, anda, você não está fazendo força o suficiente, faz força, seu bebê tem que nascer”. Thaynara conta que saía muito sangue de Caroline, mas o bebê não. O Dr. Luis Alberto retornou e iria colocá-la em uma maca, quando Jocieli disse que não precisava porque o bebê estava saindo. O médico então pediu que ela fizesse força, e o bebê não saiu, apenas coroava. Notando isso, Luis empurrou a cabeça do bebê para dentro da vagina da mãe e desceu disparado para o centro cirúrgico, onde o Dr. Rogério já se encontrava. O anestesista aplicou a peridural e deitou Caroline. Thaynara conta que a médica Jocieli fez o primeiro corte na pele de sua amiga neste momento e que Caroline reclamou de dor, pois ainda não havia dado tempo da anestesia fazer total efeito. Ela diz que o anestesista ainda perguntou: “por quê você está cortando? Eu ainda nem deitei a maca!” e colocaram uma máscara na mãe que finalmente dormiu, anestesiada.
Foi feita a cesárea e retiraram um bebê, menino, de 50 centímetros e 2,850kg, com a pele pálida e azulada. Ele foi entregue ao pediatra, que teve que fazer massagens no bebê e ventilação com ambu para que ele respirasse, então finalmente ele começou a ficar corado e chorou pela primeira vez. Foi levado para a UTI neonatal, pois respirava com dificuldade.
Thaynara e seu afilhado, logo após as massagens e antes de ir para a UTI Neonatal. |
Quando a mãe chegou em seu quarto no hospital, a pediatra a informou que faria uma tomografia no bebê porque desconfiava que ele tinha algum trauma na cabeça. Thaynara aguardou o horário de visitas, foi visitá-lo na UTI e percebeu que ele estava com a cabeça inchada e completamente pálido. A pediatra informou Thaynara de que ele estava com uma hemorragia na cabeça e havia solicitado um neurocirurgião para avaliar o caso. Confirmaram a hemorragia e constataram que ele estava com o número de hemácias muito abaixo do normal (23%), e precisaria de uma transfusão de sangue e, principalmente, sobreviver até o sangue chegar. A primeira transfusão foi feita e outro exame para medir a quantidade de hemácias também. Segundo a médica, era pra ele estar com pelo menos 50% mas estava com 29%. Ela disse que fariam outra transfusão caso o número continuasse caindo.
Outra transfusão foi feita e desta vez, Thaynara conta que viu um bebê roxo por conta da transfusão recente, e com a cabeça extremamente inchada. Um bebê que segundo ela teve todo o acompanhamento pré-natal e se mostrou saudável durante toda a gestação. Era um sangramento entre a pele e os ossos da cabeça. Não foi considerada a drenagem do sangue porque os médicos esperavam que o sangue infundido pressionasse o local da hemorragia e parasse o sangramento, mas isso não aconteceu.
Na madrugada do dia 02 para o dia 03 de fevereiro, o bebê sofreu uma parada cardíaca e foi reanimado; seu estado era gravíssimo. Finalmente a mãe pôde vê-lo pela primeira vez, visitando-o na UTI. Ele estava com a cabeça ainda mais inchada e sedado.
Thaynara conta que a mãe do recém-nascido nem chegou a ver os olhos do filho, já que depois de quatro transfusões de sangue e duas paradas cardíacas, o bebê faleceu. Apenas duas horas após a mãe ter visto o filho pela primeira vez.
O bebê sendo velado no dia 04/02 |
A secretaria do Hospital São José do Avaí informou ao Blog do Adilson Ribeiro que a médica Jocieli Cerqueira estava em residência e já não faz mais parte da equipe do hospital.
Jocieli foi procurada pelo Blog do Adilson Ribeiro, mas até o momento da publicação desta reportagem não quis se pronunciar sobre o caso.
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