Paciente é liberado após atendimento e menos de 24 horas depois morre na própria casa
Letícia Azevedo
Logo após a divulgação da pesquisa de satisfação sobre a qualidade do
atendimento da UPA de Ourinhos, que foi publicada também na edição do
dia 12 de abril no Jornal Negocião, uma família questiona a conduta
médica da Unidade de Pronto Atendimento que, segundo eles, pode ter sido
negligente e causado a morte de um ourinhense no último dia 10 de
abril.
Ângela Maria da Silva Ferreira, viúva do servidor público federal do
INSS de Ourinhos Carlos Ferreira, 53 anos, conta que o marido foi
atendido na Unidade de Pronto Atendimento na segunda-feira, 8, às 19h30,
sentindo diversas dores pelo corpo, febre alta, diarreia e sangramento
fecal. Como Carlos não tinha idade prioritária que se enquadrasse a
exigência de um acompanhante, a viúva ficou do lado de fora da Unidade
enquanto seu marido era atendido.
Ela relata que conseguiu ver o marido apenas a 1h00 da manhã já da
terça-feira (9), e que ele estava fraco, porém consciente. Às 3h30 da
manhã ela foi até onde ele estava em observação para avisá-lo que iria
embora, pois o filho menor de idade estava em casa, momento em que
conversou com o médico, sendo que o mesmo afirmou que Carlos estava com
uma forte desidratação. Ele foi medicado e enquanto tomava soro
conversou normalmente com a esposa e lhe entregou as chaves da
residência. Por volta das 6h00 da manhã o paciente foi liberado e levado
até sua residência por uma ambulância.
Carlos ficou em casa em repouso e de acordo com Ângela, se queixava
apenas de fraqueza. Durante a madrugada já da quarta-feira, 10, após
ouvir um barulho, ela encontrou o marido caído no chão da cozinha. Ele
não soube dizer se tinha tido um desmaio, apenas pediu para que ela o
levasse ao banheiro. “Eu o ajudei a ir até o banheiro, onde teve muita
diarreia, ajudei a tomar um banho, esperei no banheiro ao lado dele.
Depois o levei para o quarto, onde se deitou e ficou por mais um tempo,
cochilou. Logo de manhã, ele acordou de novo, pedindo que eu o levasse
ao banheiro. No vaso sanitário ele começou a passar mal, virando os
olhos, e perdeu a consciência. Como ele ainda estava respirando, eu
achei que tinha apenas desmaiado. Corri para pegar o telefone, para
chamar alguém e quando eu vi, ele já não estava mais respirando. O
Resgate veio e constatou o óbito. Tiramos ele do vaso sanitário e
pudemos perceber que havia muito sangue no vaso” – relatou a esposa.
A viúva e os filhos estão inconformados de Carlos ter sido
diagnosticado apenas com uma desidratação e ter morrido um dia depois
“Meu marido não tinha problemas de saúde, ele tomava medicamento todos
os dias para pressão, nunca tínhamos problemas com alterações na pressão
arterial dele. Ele tinha uma vida extremamente ativa, trabalhava fora e
ainda fazia serviços em casa. Eu nunca ouvi ele se queixar de nada, de
nenhuma doença, nem de dores. Quando uma pessoa está doente, tem uma
doença grave, nós sempre esperamos pelo pior, mas meu marido tinha 53
anos e tinha uma saúde de ferro. Nós estamos inconformados e queremos
respostas pelo que aconteceu. Sabemos que a morte é algo certo na vida
de todos nós, mas do jeito que aconteceu com ele, é inaceitável”
desabafou Ângela.
Na certidão de óbito da vítima, consta como causa da morte ‘morte de causa desconhecida, Acidente vascular cerebral’.
Após o episódio, a família retornou à Unidade de Pronto Atendimento a
fim de requerer o prontuário médico, sob suspeita de que Carlos não
poderia ter sido liberado nas condições em que se apresentava, pois se
queixava de muita fraqueza, o que não poderia ser resultado de uma
simples desidratação. A administração da UPA até o momento negou o
fornecimento do prontuário médico à família, mesmo com a intervenção de
um advogado.
Questionado pela reportagem, o Instituto Pró Vida se manifestou
através do Setor de Comunicação, enviando a seguinte nota: “A UPA 24h de
Ourinhos informa que o paciente José Carlos deu entrada na Unidade, no
início da noite do dia 8 de abril. A equipe médica multiprofissional da
Unidade ressalta que o paciente apresentava quadro de vômito, diarreia e
desidratação. Ele foi encaminhado imediatamente para emergência onde
foi assistido, fez exames e tomou medicação. Durante todo o atendimento,
foi questionado se o paciente estava acompanhado, mas ele respondeu que
estava sozinho e que não havia ninguém para avisar. Após os cuidados
médicos, o paciente foi estabilizado e recebeu alta. Quanto ao
prontuário médico, por se tratar de documento confidencial, a família
deve solicitá-lo por meio de ordem judicial”.
O advogado da família, Luís Otávio Deodato, vai requerer judicialmente
junto à promotoria Pública do Estado, o acesso ao prontuário médico.
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produzido pelo Sistema Jornal do Commercio de Comunicação. Para
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https://tvjornal.ne10.uol.com.br/noticia/ultimas/2019/04/23/bebe-de-1-ano-morre-e-familia-acredita-em-negligencia-medica-56455.php
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