sexta-feira, 26 de abril de 2019

Secretária de Saúde de Agrestina é presa por tráfico de drogas

Operação da Polícia Federal foi deflagrada por conta de indícios de fraude na expedição de receitas para compra de remédios de venda restrita usados em tratamentos de pacientes psiquiátricos
A enfermeira e Secretária de Saúde do município de Agrestina, no Agreste de Pernambuco, Maria Célia da Silva Barbosa, foi presa em flagrante pela Polícia Federal (PF) por conta de denúncias de falsificação de receituários médicos para aquisição de medicamentos controlados. Além dela, a farmacêutica Mônica Soares Leite Borba, igualmente servidora da prefeitura da cidade, também foi presa por suspeitas de envolvimento no esquema.

Batizada de Operação Insanidade, a ação da PF foi deflagrada por conta de indícios de fraude na expedição de receitas para compra de remédios de venda restrita usados em tratamentos de pacientes psiquiátricos. As denúncias foram formuladas por diversos servidores da área de saúde de Agrestina. De acordo com os relatos prestados às autoridades policiais, eles eram coagidos a falsificar e expedir autorização para compra dos medicamentos, o que configura crime.

Durante o cumprimento de um mandado de busca e apreensão emitido pela 17ª Vara da Justiça Federal de Caruaru, foram apreendidos remédios — parte deles de uso controlado, que só podem ser prescritos com retenção de receita médica — cartões de saúde, vários receituários com indícios de falsificação (sem dados obrigatórios como carimbos ou nome do médico responsável) e documentos reforçam a suspeita de fraude na aquisição de medicamentos.

Além disso, foram detectadas irregularidades nos protocolos adotados pela Secretaria de Saúde, como o armazenamento dos livros de controle de dispensação dos medicamentos de uso restrito na casa da farmacêutica. Por lei, essa documentação precisa ficar no local onde estão armazenados os remédios controlados. O não obedecimento a essa determinação pode facilitar adulterações, registros inexistentes e a falta de controle na entrada e saída dos remédios.

Entre as irregularidades encontradas estão os livros de controle na casa da farmacêutica que por lei tem que estar dentro do local onde ficam armazenados os remédios controlados – o que poderia facilitar a alteração e registros inexistentes e a não existência de controle de entrada e saída de tais remédios.

Por conta da verificação das irregularidades, as duas servidoras receberam voz de prisão em flagrante e foram conduzidas para a Delegacia da Polícia Federal em Caruaru, onde foram autuadas pela prática do crime contido no artigo 33 da Lei nº 11.343/2006 (importar, exportar, remeter, preparar, produzir, fabricar, adquirir, vender, expor à venda, oferecer, ter em depósito, transportar, trazer consigo, guardar, prescrever, ministrar, entregar a consumo ou fornecer drogas, ainda que gratuitamente, sem autorização ou em desacordo com determinação legal ou regulamentar) e pelo descumprimento da Portaria 344 do Ministério da Saúde (que enquadra como tráfico de drogas a conduta de guardar, prescrever, ministrar, entregar a consumo ou fornecer drogas, ainda que gratuitamente, sem autorização ou em desacordo com determinação legal e descumprimento de norma de medicamento de controle especial). Caso sejam condenadas pela Justiça, elas podem ser obrigadas a cumprir penas que variam de 5 a 15 anos de reclusão.

Depois da autuação, as presas foram encaminhadas para realização de Exame de Corpo de Delito no Instituto de Medicina Legal (IML) de Caruaru. Elas devem ser submetidas a audiência de custódia nesta sexta-feira (26) e, caso sejas confirmadas as prisões preventivas, elas seguem para o presídio feminino, onde ficarão à disposição da Justiça Federal.

OP9 

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