Caso aconteceu no último sábado no Hospital das Clínicas em Marília (SP).
Bisneto de vítima fez longo desabafo após o óbito (Foto: Alexandre Ribeiro/Marília Urgente) |
A paciente Maria das Neves, de 89 anos, morreu na madrugada do último
sábado (13) após cair de uma maca no Hospital das Clínicas de Marília. A
família só foi informada sobre o acidente 14 horas após a morte.
Segundo o Boletim de Ocorrência registrado, a vítima deu entrada no
Pronto-Socorro do HC no dia 10 deste mês. O documento não revela
detalhes do estado de saúde da paciente ao chegar no hospital.
Ainda de acordo com o registro policial, ela teve uma queda da maca ao ser transferida para a sala de emergência.
O comunicado para a polícia não deixa claro quais foram as
consequências da queda. Ela teve a morte constatada por volta das 00h30
deste sábado.
O site Marília Notícia questionou o HC sobre o episódio. “A
Superintendência do HC/FAMEMA irá instaurar uma sindicância para apurar
os fatos ocorridos, que também serão acompanhados pelas Diretorias
Clínica e Técnica do Hospital das Clínicas de Marília”, disse a
assessoria do hospital em nota.
A sindicância deve apurar todos os envolvidos na morte de Maria das
Neves e, caso seja confirmado alguma negligência, deve punir os
responsáveis.
A ocorrência foi registrada como “morte suspeita” na Central de Polícia Judiciária (CPJ) de Marília.
Desabafo e revolta
Nas redes sociais, o bisneto da vítima, Alexandre Ribeiro, fez um longo desabafo sobre o caso. Veja abaixo na íntegra.
“No início da madrugada de quarta-feira, dia 10, acionamos o Samu até
a residência da minha avó, na zona Sul de Marília, pois a minha bisavó
estava ofegante e aparentemente com falta de ar. A mesma era cadeirante a
11 anos devido a um acidente vascular cerebral (AVC).
Ela era como uma criança, pois não se
locomovia e dependia 24 horas de atenção e cuidados, incluindo
alimentação, banho, etc. Em menos de 10 minutos a viatura do Samu já
estava no endereço solicitado prestando todo o apoio e encaminhando
minha bisa até o HC. Lá, ela foi atendida e em seguida levada a “sala
amarela” da unidade”, diz o rapaz em um primeiro momento.
Segundo o bisneto, na quarta de noite ela teve uma piora no quadro e precisou ser levada para o setor de emergência. No sábado, por volta das 00h30, a família foi informada do óbito.
“Fomos atrás dos trâmites para o
velório e sepultamento e após isso ficamos aguardando a liberação do
corpo. Por volta das 13h do sábado, liguei no HC e pedi informações
sobre a liberação do corpo, pois já havia passado várias horas e
começado aquele velho e irritante jogo de empurra empurra. Passaram a
ligação para o Serviço de Verificação de Óbito (SVO) o qual pela minha
surpresa me questionou se eu estava sabendo que a vítima havia caído da
maca, sofrendo uma lesão na cabeça e sangramento no ouvido e que não
tinha previsão de liberação do corpo”, relata Alexandre.
“Fiquei surpreso, pois ninguém nos
havia informado que ela havia caído da maca. Nenhum médico, enfermeiro
ou até mesmo o setor social nos avisou. Na hora pensei que pudesse estar
ocorrendo algum erro. Pedi para meu tio ligar lá também e fazer o mesmo
questionamento sobre a liberação do corpo. Ele teve a mesma resposta
que eu tive: ela caiu da maca. Fomos pessoalmente conversar com os
funcionários do SVO, queríamos tirar essa história a limpo, o qual
novamente nos explicaram o que aconteceu, nos orientando sobre as
providências que tínhamos que tomar.
Subimos até o setor social da
unidade, questionando sobre a queda que ela teve e por que não fomos
avisados no dia, nem mesmo depois do óbito. Conversamos por cerca de 15
minutos com a doutora que ficou o maior tempo com ela e que nos afirmou
que realmente teve a queda da maca, mas que não sabia que não tínhamos
sidos avisados.
Disse ainda que não sabe informar
como isso aconteceu e que houve erro de comunicação da equipe médica
naquele plantão por não ter avisado a família. Sabemos que acidentes
acontecem e o mínimo que o Hospital das Clínicas de Marília teria que
ter feito era nos avisar de imediato sobre o acidente.
Conclusão: após horas de angústia,
dúvidas e sofrimento, conseguimos fazer o seu velório. Chegamos a ir na
delegacia atrás de notícias da liberação do corpo.
O HC foi omisso, negligente e o que
passamos foi humilhante. Um descaso total. Não só com a minha família,
mas com uma filha desesperada que também estava atrás da liberação do
corpo de seu pai (morador da cidade de Garça).
Acabamos de chegar do sepultamento e o
sentimento é de revolta, tristeza e várias perguntas ainda sem
respostas. Algumas dessas perguntas: e se o Serviço de Verificação de
Óbito não nos informa sobre a queda da maca? Iríamos sepultar ela sem
saber desse ocorrido e como morte natural? A queda foi o principal
motivo da morte ou se agravou por conta disso?
Nesses 11 anos na cadeira de rodas
ela nunca tinha sofrido queda. Minha vó, vô, e tio (que passavam o maior
tempo com ela) nunca deixaram isso acontecer. Foram 11 anos! Não foram
11 dias, nem 11 meses.
Hospital das Clínicas, não queremos indenização nem aparecer, só queremos que vocês sejam leais com todos os seus pacientes.
Espero que esse texto sirva de alerta para as autoridades, médicos, enfermeiros e para todos que um dia precisem da unidade.
Sabemos que o hospital tem excelentes
profissionais, alguns até são meus amigos, mas dessa vez vocês erraram
feio. Não vou postar a foto da minha bisa por respeito à minha família
que já sofreu bastante. Basta de sofrimento, mas queremos explicações e a
verdade.
Esse simples motivo do óbito por
“morte natural- causa não determinada,” não colou. Nem a demora de 24
horas na liberação do corpo.
Aos seguidores, fiscalizem bem a morte de seus entes queridos no hospital mencionado. Um boletim de ocorrência foi registrado e a causa da morte será investigada.
Minha bisa se chama Maria das Neves, tinha 89 anos”.
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