sexta-feira, 26 de abril de 2019

Pacientes e enfermeiros se juntam para cobrar cirurgias e remédios em protesto no HE de Macapá

Sesa disse que irá contratar nova empresa para manutenção de intensificador de imagens, aparelho necessário para cirurgias.

Paciente filmou homem em colchão no corredor do HE, em Macapá — Foto: Emerson Ramos/Arquivo Pessoal
Há 16 dias longe de casa, vivendo com dores no braço enfaixado e sem previsão de cura. Foi com essa angústia que o comerciante Raimundo Nonato participou do protesto que na manhã desta sexta-feira (26) interditou a Rua Hamilton Silva, em frente ao Hospital de Emergência (HE) de Macapá

Ele, junto com outros pacientes e enfermeiros, cobra melhorias no único pronto socorro do estado. Nonato, que aguarda por cirurgia, diz que o hospital não realiza o procedimento porque alega a falta de um intensificador de imagens, equipamento essencial para a operação. 

Esse é apenas um dos problemas relatados, que incluem a falta de medicamentos e insumos básicos, como curativos e correlatos. Para se manter no HE, Nonato diz que compra os itens. 

"Estou há 16 dias aqui para tirar um parafuso do meu braço e até hoje nunca resolveram a minha situação. E meu braço está ficando cada vez pior e não estou aguentando mais. Atadura sou eu que compro, o remédio eu compro. Tudo eu compro na farmácia, por um valor caro", lamentou Nonato, morador de Oiapoque, a 590 quilômetros da capital. 
Comerciante Raimundo Nonato precisa de cirurgia no braço — Foto: Rede Amazônica/Reprodução
Em nota, a Secretaria de Estado da Saúde (Sesa) explicou que o intensificador de imagens em questão foi enviado à Belém, no Pará, para passar por manutenção. 

A empresa responsável pelo trabalho, no entanto, não cumpriu com os prazos informados para o fim do serviço e entrega do aparelho. Com isso, a Sesa reitera que já solicitou a devolução da máquina e deve acionar judicialmente a empresa para que responda pelo atraso. 

"A Secretaria de Saúde esclarece que vai iniciar processo licitatório para contratar, de forma emergencial, uma nova empresa especializada para a manutenção do equipamento e, assim, garantir a continuidade do atendimento aos usuários", conclui a nota, sem apresentar prazos. 

O mesmo grupo de pacientes fez uma interdição na terça-feira (23). Segundo a paciente Adriane Santos, ela diz que conversou com o diretor do HE no ato e foi informada que a máquina chegaria na quarta-feira (24), mas não foi o que aconteceu.

"Eu falei com o diretor do hospital e ele me falou que ia chegar essa semana, mas não chegou. A gente quer que as autoridades compareçam aqui e nos deem uma resposta, porque da ultima vez que falaram nada aconteceu", desabafou Adriane. 
Manifestantes interditaram rua em frente ao Hospital de Emergência — Foto: Rede Amazônica/Reprodução
Adriane ainda detalha que os corredores estão abarrotados de pessoas em cima de macas do Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (Samu), por conta da escassez de leitos. A técnica em enfermagem Elziane Reis, confirma a calamidade.  

"Hoje a clínica cirúrgica tem 30 leitos, mas a quantidade de pacientes que estão lá é 105. Ou seja, é paciente no chão, no banco, na cadeira, em maca. As macas estão todas retidas porque a gente não tem onde colocar as pessoas", disse a enfermeira, envergonhada com a situação. 

Com relação a falta de medicamentos, a Sesa também informou que já foi feita a compra e o hospital só aguarda a entrega pelos fornecedores. 
 
Técnica em enfermagem Elziane Reis — Foto: Rede Amazônica/Reprodução
G1 






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