Sesa disse que irá contratar nova empresa para manutenção de intensificador de imagens, aparelho necessário para cirurgias.
Paciente filmou homem em colchão no corredor do HE, em Macapá — Foto: Emerson Ramos/Arquivo Pessoal
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Há 16 dias longe de casa, vivendo com dores no braço enfaixado e sem
previsão de cura. Foi com essa angústia que o comerciante Raimundo
Nonato participou do protesto que na manhã desta sexta-feira (26)
interditou a Rua Hamilton Silva, em frente ao Hospital de Emergência
(HE) de Macapá.
Ele, junto com outros pacientes e enfermeiros, cobra melhorias no único
pronto socorro do estado. Nonato, que aguarda por cirurgia, diz que o
hospital não realiza o procedimento porque alega a falta de um
intensificador de imagens, equipamento essencial para a operação.
Esse é apenas um dos problemas relatados, que incluem a falta de
medicamentos e insumos básicos, como curativos e correlatos. Para se
manter no HE, Nonato diz que compra os itens.
"Estou há 16 dias aqui para tirar um parafuso do meu braço e até hoje
nunca resolveram a minha situação. E meu braço está ficando cada vez
pior e não estou aguentando mais. Atadura sou eu que compro, o remédio
eu compro. Tudo eu compro na farmácia, por um valor caro", lamentou
Nonato, morador de Oiapoque, a 590 quilômetros da capital.
Comerciante Raimundo Nonato precisa de cirurgia no braço — Foto: Rede Amazônica/Reprodução |
Em nota, a Secretaria de Estado da Saúde (Sesa) explicou que o
intensificador de imagens em questão foi enviado à Belém, no Pará, para
passar por manutenção.
A empresa responsável pelo trabalho, no entanto, não cumpriu com os
prazos informados para o fim do serviço e entrega do aparelho. Com isso,
a Sesa reitera que já solicitou a devolução da máquina e deve acionar
judicialmente a empresa para que responda pelo atraso.
"A Secretaria de Saúde esclarece que vai iniciar processo licitatório
para contratar, de forma emergencial, uma nova empresa especializada
para a manutenção do equipamento e, assim, garantir a continuidade do
atendimento aos usuários", conclui a nota, sem apresentar prazos.
O mesmo grupo de pacientes fez uma interdição na terça-feira (23).
Segundo a paciente Adriane Santos, ela diz que conversou com o diretor
do HE no ato e foi informada que a máquina chegaria na quarta-feira
(24), mas não foi o que aconteceu.
"Eu falei com o diretor do hospital e ele me falou que ia chegar essa
semana, mas não chegou. A gente quer que as autoridades compareçam aqui e
nos deem uma resposta, porque da ultima vez que falaram nada
aconteceu", desabafou Adriane.
Manifestantes interditaram rua em frente ao Hospital de Emergência — Foto: Rede Amazônica/Reprodução |
Adriane ainda detalha que os corredores estão abarrotados de pessoas em cima de macas do Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (Samu), por conta da escassez de leitos. A técnica em enfermagem Elziane Reis, confirma a calamidade.
"Hoje a clínica cirúrgica tem 30 leitos, mas a quantidade de pacientes
que estão lá é 105. Ou seja, é paciente no chão, no banco, na cadeira,
em maca. As macas estão todas retidas porque a gente não tem onde
colocar as pessoas", disse a enfermeira, envergonhada com a situação.
Com relação a falta de medicamentos, a Sesa também informou que já foi
feita a compra e o hospital só aguarda a entrega pelos fornecedores.
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