segunda-feira, 8 de junho de 2020

Casal rebate acusações e reclama de violência obstétrica de médica em Pelotas: 'Que eu seja a última vítima'

Obstetra do Hospital Escola da UFPel relatou que foi ameaçada e agredida com chutes e socos por marido de grávida em trabalho de parto. Esposa diz que ele se descontrolou após ouvir ofensas.


Casal rebate acusações e reclama de violência obstétrica de médica em Pelotas

Já em casa e com a filha de cinco dias no colo, o casal Pâmela e Wagner de Quevedo rebateu as acusações de agressão à médica Scilla Lazarotto, do Hospital Escola da Universidade Federal de Pelotas, no Sul do estado, na semana passada. A gestante, agora mãe, reclama de violência obstétrica.

“Queria dizer a todas as pessoas que sofreram o mesmo tipo de agressão que denunciem. Espero que eu seja a última vítima. Ela não pode exercer esse tipo de função”, diz Pâmela.

No vídeo, enviado pela advogada do casal Roberta Costa e Silva à RBS TV, Wagner admite que se descontrolou e empurrou a obstetra, mas diz que reagiu a ofensas durante o trabalho de parto da esposa.

“Ela disse que a criança ia morrer e a culpa era toda minha. Foi se retirando e pediu pra equipe acionar a sirene, que era parto de risco. Aquilo me afetou, me desmoronou. Já tava horrível. Quando partiu pra risco de vida ou morte, saí de mim, perdi a cabeça”, afirma.

Médica denuncia agressão de marido de paciente em hospital de Pelotas

Família reclama de tratamento


Pâmela conta que entrou em trabalho de parto durante a madruga e que o atendimento na internação foi tranquilo. Porém, ao longo da manhã, eles ficaram preocupados com a ausência de dilatação.

“Mesmo sabendo que tava com bolsa estourada e sem dilatação, ela [Scilla] insistiu no parto normal. Várias manobras, muitas incômodas, e eu informava que não estava conseguindo. Ela começou a xingar e dizer que eu não estava ajudando meu filho a nascer, que estava pronta mas não aproveitando as contrações, que era só fazer força”, relata Pâmela.

“Que a gente era umas crianças, uns incompetentes. Que na hora de fazer foi fácil e agora não estava pensando na nenê”, acrescenta Wagner.

A mãe conta que as dores passaram a ser mais constantes e, após trocas de posições e esforços sem resultado, teve alguns desmaios. Segundo Pâmela, Scilla pegou um instrumento de metal e começou a introduzir nela com o auxílio dos dedos, o que aumentou as dores.

“Eu implorava para parar com aquilo, que estava me machucando. Quando ela tirou os dedos e o instrumento, eu disse pro meu esposo: 'Não deixa ela tocar em mim!’.”

Casal rebate acusações e reclama de violência obstétrica por parte de médica de Pelotas 

No entanto, o que teria agravado a situação foi ter ouvido de uma enfermeira que os batimentos cardíacos do feto estavam baixos.

“Começou a bater o desespero, não sabia o que fazer pra ajudar. Ela começou a se descontrolar, a nos xingar. Eu pedi cesárea, depois implorei, e quando não fui atendido, comecei a discutir feio”, diz o pai.

Scilla afirma que o homem sinalizou que estava armado, o que é admitido por Wagner. Porém, ele justifica que é armeiro e que as armas são regularizadas.

“Eu entendo: uma médica renomada não vai aceitar um 'Zé Ninguém' empurrar assim. Começou a me desejar a morte, disse que desejou a morte da minha filha. Outras pessoas falando pra ela parar de fazer isso, e escutava ela [a médica] chorar muito alto. Mas tinha outra prioridade, que era minha esposa e filha”, diz Wagner.

Enquanto isso, outro profissional realizou o parto de Pâmela — por cesariana. Ela diz que só soube depois que a filha teve de ser reanimada logo após o parto.

“Por um certo momento, longo pra mim, não escutei o choro dela. Depois de mais uns segundos escutei bem baixinho, e um enfermeiro trouxe ela. Estava roxa, que estava sem os batimentos cardíacos, e tiveram que reanimá-la.”

Médica denuncia agressão de marido de paciente em hospital de Pelotas

Médica defende-se de acusação


O casal prestou depoimento à polícia na terça (2). De acordo com a advogada Roberta Costa e Silva, eles irão denunciar a médica por violência obstétrica.

médica também depôs, na segunda-feira, quando foi ouvida na Delegacia da Mulher. Além de denunciar as agressões e ameaças, ela se defendeu as acusações de excessos no exercício da profissão.

“Os obstetras são os médicos mais processados em todo o mundo. Todos os processos que tive na minha vida, fui absolvida. Nunca perdi uma paciente por erro médico, negligência ou imprudência. E não tem ninguém que eu conheça que não teve que responder por processo de pessoas que não fizeram pré-Natal, que não ajudaram na hora do parto”, defende-se.

Marido que teria agredido médica durante o parto da esposa em Pelotas presta depoimento

G1

Nenhum comentário:

Postar um comentário