Idoso teria sido levado para hospital de Dourados sem apoio de respirador ou oxigênio
Daniel Pinto entre os filhos, Elizeu (de preto) e Silvio |
Daniel Pinto, 73 anos, morreu vítima do novo coronavírus na madrugada da última sexta-feira (19), ao chegar em Dourados após transferência do hospital municipal de Itaporã. Segundo o filho, o mecânico Elizeu Vieira Pinto, 37, houve negligência no transporte do pai, que teria ocorrido sem auxílio de respirador ou oxigênio.
“Seu pai morreu por causa de negligência do hospital de Itaporã”, diz o mecânico sobre o que ouviu do médico ao entregar atestado de óbito do pai para assinatura no Hospital da Vida, de Dourados.
Elizeu narra que o pai não chegou a ser internado depois da transferência. Morreu quando equipe entubava o aposentado, ainda em frente à casa de saúde.
Hospitalizado em Itaporã, o idoso chegou a ser medicado com cloroquina, cuja eficiência contra a covid-19 ainda não foi comprovada por estudos científicos. Ele começou a passar mal por volta de 1h da madrugada de sexta.
Extraoficialmente, o hospital municipal de Itaporã nega erro na transferência do aposentado. A reportagem foi informada de que precisaria ir até a casa de saúde do município - distante 230 quilômetros de Campo Grande - e protocolar requerimento para obter uma resposta.
Daniel Pinto foi a 42ª morte por novo coronavírus em Mato Grosso do Sul, terceira em Itaporã. Segundo boletim da SES (Secretaria de Estado de Saúde), ele era hipertenso, diabético e cardiopata.
Contaminação - Elizeu admite que o pai deve ter sido infectado por ele. Sua oficina mecânica fica em Dourados, “epicentro” da covid-19 no Estado, com 1.829 casos confirmados.
O mecânico alega que sentiu febre, dores no corpo e perda de paladar. Fez pelo menos três testes rápidos e todos acusaram negativo. Com os resultados, sentiu que não teria problema visitar os pais no sítio. “Esse teste rápido foi o que acabou com a vida do meu pai”, desabafa.
Segundo a Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária), o teste rápido deve ser aplicado somente após o oitavo dia desde o início dos sintomas.
Elizeu só teria diagnóstico confirmado dias depois, quando exame apontou que tinha 70% da capacidade dos pulmões comprometida. O mecânico foi internado, submetido a tratamento com cloroquina e está curado.
Praticamente toda a família de Elizeu foi contaminada. A esposa teve sintomas leves. O irmão, Silvio, segue hospitalizado, mas próximo de receber alta.
“O hospital não quer internar. Você chega, eles dão soro na veia e te mandam pra casa”, acusa o mecânico. Outra vez extraoficialmente, o hospital municipal de Itaporã diz que o fluxo de internação por covid-19 diminuiu bastante e que a demanda está controlada.
Coronavírus - Mato Grosso do Sul chegou a 5.391 casos confirmados nesta segunda-feira (22), com 47 óbitos.
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