terça-feira, 9 de junho de 2020

MPF investiga omissão de socorro à indígena com covid-19 em Dourados


O Ministério Público Federal (MPF) vai investigar a denúncia de omissão de socorro realizada por lideranças da Reserva Indígena de Dourados. Na última quarta-feira o cacique Izael Morales gravou um vídeo em que aparece dentro de um carro levando uma paciente de Covid-19 e o esposo dela até o Hospital da Missão. Segundo ele, tanto o Samu como o Corpo de Bombeiros foram acionados, porém ambos não apareceram.

De acordo com a assessoria do MPF, a Procuradoria de Dourados deverá anexar o caso ao inquérito que já está em andamento e que investiga omissão de socorro na morte de uma adolescente indígena em 16 de abril do ano passado, durante as competições dos jogos indígenas promovidos na Vila Olímpica. A vítima, estudante do Ensino Médio da Escola Estadual Marçal de Souza – Guateka, participava dos jogos quando teve um mal súbito.

Assim como no caso da paciente disgnosticada com Covid-19, as lideranças também afirmaram que tanto o Corpo de Bombeiros Militar quanto o Serviço de Atendimento Médico de Urgência (Samu) de Dourados foram acionados, porém, alegaram à época não poderiam adentrar na Reserva Indígena para prestar o atendimento, sem explicar os motivos.

O que diz o Corpo de Bombeiros

Em nota, o  Corpo de Bombeiros Militar de Mato Grosso do Sul, informou que “a Corporação já determinou a instauração de Sindicância para averiguação dos fatos referentes ao caso.
Ressaltamos que o Corpo de Bombeiros Militar de MS prima pelo atendimento das ocorrências e está diretamente empenhado em diversas ações de combate ao coronavírus em nosso Estado, seguindo todos os protocolos preconizados para os casos de COVID-19.
O Corpo de Bombeiros Militar de MS está sempre comprometido e pronto para atender a toda a população Sul-Mato-Grossense e reafirma o compromisso da nobre missão de salvar vidas”.
O que diz o Samu
O coordenador do Samu (Serviço de Atendimento Médico de Urgência) em Dourados, médico Sandro Barreto dos Santos, negou que tenha havido negligência no atendimento à paciente indígena que estaria infectada pelo coronavírus, conforme relatado em rede social pelo capitão da aldeia Jaguapiru, Ezael Morales, e repercutido na imprensa local e estadual.
De acordo com o coordenador, por volta de 12h da quarta-feira foi acolhida chamada realizada pelo capitão da aldeia, que em seguida repassou a ligação para a médica, que se identificou como Dra. Poliana, e que durante a passagem de caso da paciente para o médico regulador do Samu, foi discutida a possibilidade de remoção da paciente, de 39 anos, com teste positivo para Covid-19, informada naquele momento pela equipe de saúde local, e que a paciente se apresentava sem sinais de SRAG (Síndrome Respiratória Aguda Grave). “No entanto, ficou sem término o processo de regulação, devido à interrupção da ligação antes do fim do processo”.
“Conforme relatório, a equipe fez em seguida várias tentativas de retorno no telefone informado, diversas tentativas, visando suporte e término da regulação do paciente, porém sem sucesso”, diz o coordenador do Samu.
Sandro explica ainda que após contato da equipe com Hospital da Missão foi identificada a admissão da paciente, por volta das 12h15, na unidade de saúde, “estável, sem qualquer sinal de SRAG, saturando bem em ar ambiente, sem necessidade de remoção pela unidade de suporte avançado”.
“Estamos em processo de esclarecimento dos fatos junto à equipe. O Samu 192, em nenhum momento se negou a atender a referida paciente, tanto que foi realizada busca ativa da localização da paciente após interrupção da ligação”, reafirma o coordenador, mencionando que o Samu 192 se encontra a disposição para maiores esclarecimentos.

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