quarta-feira, 17 de junho de 2020

Denúncia: cuiabana tem quadro agravado de Covid-19 após erro de exame pelo SUS - Vídeo

Infectologista acredita que não houve erro no diagnóstico de ambos os exames


A cuiabana Thaissa Botelho, 28 anos, desabafou nas redes sociais neste sábado (13), após ter divergências de resultados em dois testes para a Covid-19 na capital. Em um vídeo gravado exclusivamente ao 19 News/LTV., ela narrou os fatos.

Thaissa conta que apresentou os primeiros sintomas no dia 31 de maio. “Tive uma leve dor de cabeça e diarreia. No dia seguinte, começou a me dar também coriza e resfriado. Como não melhorei, na terça-feira (2) fui à policlínica do Pedra 90, onde fui atendida pelo médico, que me mandou ir para casa e ficar em isolamento”, disse.
 
Depois de 11 dias de isolamento, onde permaneceu em casa com o marido,  no dia 10 de junho  ela resolveu fazer o teste rápido pelo SUS, que confirmou negativo. No entanto, como não teve melhora em seu estado de saúde, e já com sintomas agravados, como perda de olfato e paladar, falta de ar e fadiga, resolveu repetir o exame, desta vez em um laboratório privado. “Minha família e eu optamos em pagar o exame, onde fiz no laboratório Genoma, em Cuiabá nesta sexta-feira (12), que deu o resultado positivo para Covid”, esclareceu.

Com o resultado em mãos, Thaissa foi até a policlínica do Pedra 90 neste sábado (13), onde a profissional que a atendeu afirmou que o resultado deu negativo. “A enfermeira da triagem me garantiu que não estou com Covid. Então, entrei em contato com a Secretaria de Saúde, e tive a confirmação de que estou sim com a doença. Eu poderia ter colocado a saúde da minha família em risco”, desabafa.
 
O 19 News falou também com a infectologista Drª Maíra Bordignon Quadros, que afirmou que a única maneira de ter certeza que um dos exames [feitos por Thaíssa] deu resultado errado seria se os dois tivessem sido realizados no mesmo dia. "Pode muito bem não ter positivado imunologicamente no dia 10 e sim no dia 12. É difícil, mas pode ser. Não é porque resultou positivo que este seja o teste correto também, a gente presume por causa da clínica que é compatível. O teste rápido não é do primeiro ao sétimo dia, desses que a gente está tendo.Eles nos dizem sobre imunidade nossa desenvolvida a partir da exposição ao micro-organismo, no caso, ao virus sars-cov-2", pontuou.

A médica esclarece ainda que qualquer exame de Covid-19 pode apresentar positividade a partir do oitavo dia, no entanto, isso pode variar, visto que cada organismo age de uma forma. "Então, por exemplo, um paciente pode ter igm e igT + no 8° dia,  já outra pessoa pode ter positivado no 10° (que é geralmente o dia em que pedimos para o paciente fazer por ter mais probabilidade se for Covid resultar positivo pra Covid), outro indivíduo pode positivar no 14° ou a paciente mencionada na matéria no 12° dia", argumentou.

Além disso, Maíra conta que é importante também verificar a validade do exame e se esses testes rápidos têm registro na Anvisa  com laudo de qualidade da INCQS/Fiocruz. "Seria interessante verificar o da marca que está sendo feito nos laboratórios tanto do sus quanto particulares. No SUS geralmente tem como premissa zelar pela procedência desses exames,  acredito que os laboratórios particulares também partem dessa mesma premissa, me preocupa mais os exames vendidos nas lojas de materiais hospitalares, mas de qualquer forma todos esses testes deveriam ser verificados, ainda mais em uma pandemia com tudo muito recente", ponderou a infectologista.

Em relação ao caso específico de Thaissa, a profissional acredita que não houve erro no diagnóstico de ambos os exames. "O dela deu igm + (ela diz que não tem anticorpos, mas igm é anticorpo de fase aguda) e igg negativo.  Ou seja, dá para concluir que ela no 10° dia não tinha ainda anticorpos e pode ter desenvolvido no 11° ou 12° dia, que resultou igm +.  Para mim não teve erro nenhum, só falta de conhecimento. E tanto o primeiro medico e a segunda médica fizeram o certo, o primeiro a colocou em isolamento e a segunda disse que ela tinha sim", concluiu Bordignon.

Desde o último mês de abril, laboratórios particulares de Cuiabá começaram a realizar testes rápidos de coronavírus para pessoas que não estão internadas. O valor varia entre R$250 e R$400, e o resultado fica pronto em até duas horas. 

Até o último boletim divulgado pela Secretaria de Estado de Saúde (SES-MT) na última sexta-feira (12), Mato Grosso havia registrado 5.390 casos e 181 óbitos por Covid-19.

Nossa equipe de reportagem entrou em contato com a assessoria da Secretaria Municipal de Saúde, que em resposta disse que o caso está sendo analisado. 





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