O caso foi registrado na 1ª Delegacia de Polícia. O delegado pediu a necrópsia do corpo da criança que perdeu a vida antes do parto
A Polícia Civil do DF vai investigar a denúncia de uma mulher que acusa profissionais de saúde do Hospital Materno Infantil de Brasília (Hmib) de negligência médica. Edilene Rodrigues de Souza, 21 anos, afirma que uma suposta demora dos profissionais em realizar o parto teria levado à morte prematura de sua filha.
O caso foi registrado na 1ª Delegacia de Polícia (Asa Sul), que vai tomar todos os procedimentos para saber o que houve. O primeiro passo da investigação foi pedir a necrópsia do bebê para saber a causa da morte. Se ficar indicado, por exemplo, que o bebê tinha algum problema no coraçãozinho ou em outro órgão que impossibilitasse sua vida, o erro médico fica automaticamente descartado.
Ao Metrópoles e na delegacia, a jovem contou ter passado por diversos médicos, mesmo sentindo dores e com diagnóstico observado ainda em uma Unidade Básica de Saúde. O drama começou quando ela decidiu procurar a UBS para realização de um exame. “Fui aconselhada pela médica do pré-natal a ir ao Hmib, pois estaria com dilatação e o coração da neném estava acelerado”, disse.
No hospital, o médico teria desmentido o diagnóstico inicial do pré-natal, feito na Unidade Básica de Saúde (UBS) da Estrutural. “Disseram que estava tudo certo e pediram para que eu voltasse para casa”, relatou Edilene.
Em 12 de junho, a paciente começou a sentir contrações mais fortes. Apesar da dor intensa, ela decidiu esperar para procurar atendimento na outra semana. “Começou a sair sangue e, por isso, vim correndo para a maternidade. Eles fizeram o toque e falaram que tava com 1 centímetro de dilatação, mas que eu não estava em trabalho de parto. Então, me mandaram ir pra casa de novo”, disse.
Um dia depois, as dores voltaram e Edilene decidiu, mais uma vez, pedir ajuda dos médicos. “A todo instante eu falava que não tinha condições de ter essa criança normal, meu útero não ia ter passagem pra ela. Não estava aguentando e sabia que aquela dor não era normal, não era só dor de contração”, relembra, emocionada.
Bebê não se mexia
Mesmo com as fortes dores da mãe, os profissionais de saúde voltaram a recomendar que a paciente ficasse em casa. “Foi a última vez que eu senti ela mexer. De madrugada, as dores ficaram mais fortes e precisei ir, de novo, ao Hmib”, revela.
Em mais uma série de exames, a gestante relata ter recebido a notícia de que a bebê teria passado tempo demais no útero e já havia perdido os sinais vitais.
No ultrassom, a médica viu que o coração tinha parado havia mais de seis horas. Nessa hora, senti que meu mundo tinha acabado, desabou. Foram os piores segundos da minha vida
EDILENE RODRIGUES DE SOUZA, 21 ANOS
Os pais já tinham escolhido o nome para a pequena: Aurora Beatriz. “Fiz enxoval, preparei o quarto e fiz tudo que pediram durante toda gestação. Tudo isso para me fazerem esperar todo esse tempo. Minha filha nasceu com o crânio fundo, de tanto que forçou para sair e não conseguiu”, lamentou a jovem.
Os pais já tinham escolhido o nome para a pequena: Aurora Beatriz. “Fiz enxoval, preparei o quarto e fiz tudo que pediram durante toda gestação. Tudo isso para me fazerem esperar todo esse tempo. Minha filha nasceu com o crânio fundo, de tanto que forçou para sair e não conseguiu”, lamentou a jovem.
Outro lado
Procurada pelo Metrópoles, a direção do Hospital Materno Infantil de Brasília afirmou que Edilene esteve na unidade em 15 de junho, foi avaliada e realizou exame de cardiotocografia. “[O procedimento] Mostrou que o bebê estava bem, assim como não havia contrações no momento que indicassem trabalho de parto ativo. Por isso, [a paciente] foi orientada a retornar se preciso”, diz.
De acordo com o hospital, Edilene retornou no final da semana. “Relatou que o feto não estava mexendo. Ao ser avaliada, foi diagnosticado o óbito fetal”, completou a direção.
A unidade pública de saúde afirma estar prestando apoio psicológico e psiquiátrico à gestante e aos familiares. “Cabe ressaltar que o protocolo da Secretaria de Saúde, é que só se interna no momento de trabalho de parto ativo, que não era o caso naquele momento da paciente em questão”, justificou o Hmib, em nota.
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