Tomografia apontou o objeto no corpo de Irland Madeira |
Após tomografia realizada na última quarta-feira (27/5), o morador de Mauá, Irland Madeira Junior, de 52 anos, descobriu que havia sido vítima de um erro médico, que resultou em uma pinça cirúrgica de 15 centímetros deixada internamente em seu abdômen. O homem foi operado no Hospital Nardini, ainda no início de março, para investigar um possível câncer e, desde então, o instrumento permaneceu alojado em seu organismo, o que gerou fortes dores no local.
No dia 13 de março, Madeira realizou um procedimento cirúrgico na região do abdômen, a fim de colher biópsia para a análise de uma doença. Desde então, o paciente, que teve alta no dia 31 do mesmo mês, sofre com fortes dores na área operada. Após duas consultas realizadas entre abril e maio, com a mesma equipe médica que efetuou a cirurgia, o homem fez o exame que descobriu que o objeto estava em seu corpo há mais de 60 dias. “Ficamos desnorteados, fomos pegos de surpresa. Não há palavras que definam tal ato”, diz a irmã Irlene Cristina Madeira, 54, que acompanha o caso desde o início.
O sobrinho, André Madeira, que denunciou o caso para o RD, explica que, após a descoberta, os funcionários do hospital pediram para que as imagens não fossem divulgadas e tratou o caso com desdenha. “Meu tio voltou para casa pois estava com medo. No mesmo dia, ligamos para o hospital e a responsável pelo plantão noturno nos disse para irmos até lá para resolver ‘este pequeno engano’”, conta.
A família, que ainda aguarda o resultado da biópsia, se sente desamparada com o acontecido, pois não tem condições de arcar com os custos da cirurgia na rede particular, além de outras complicações que colocam a saúde de Irland Madeira em risco. “Meu irmão já sofreu infarto, tomou mais de 30 antibióticos desde o início de tudo, por conta de uma infecção urinária e correu risco de vida. A situação dele é delicada, não queremos ter que expô-lo a mais riscos”, relata a irmã, Irlene Madeira.
Além de toda a situação, o período de pandemia piora da situação do rapaz, que faz uso de bolsa de colostomia e urostomia. “Gostaríamos de resolver as duas coisas ao mesmo tempo, para que ele não corra ainda mais risco, mas pra isso precisamos do resultado da biópsia. Tanto ele como eu somos do grupo da covid-19, não podemos ficar entrando e saindo de hospitais toda hora”, diz Irlene Madeira.
Ao questionar o hospital sobre a demora do resultado do exame, Irlene Madeira foi surpreendida com mais um descaso. Segundo ela, uma funcionária do hospital afirmou que o local estava endividado com o laboratório de análise, portanto, só iriam receber o exame após o pagamento por parte do hospital. “Fui informada que o hospital não paga o laboratório desde março”, diz.
Questionada, a prefeitura de Mauá afirma que recebeu com espanto e indignação a notícia. “Iremos, por meio da Secretaria de Saúde, exigir a imediata solução do caso, assim como notificaremos a FUABC (Fundação ABC), responsável pela gestão e contratação da equipe médica, e o Hospital Nardini para apuração rigorosa dos fatos. Será aberto processo interno de investigação e o Conselho Regional de Medicina será acionado. Nos solidarizamos à família, já há contato realizado para a solução imediata do problema e manifestamos, mais uma vez, nossa profunda indignação”. Sobre a dívida, a prefeitura nega a informação e diz que quem gerencia o hospital é a FUABC, que tem recebido em dia.
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