Segundo a família, Lediana Araújo dos Santos aguardava uma biópsia para conseguir tratamento adequado para um tumor no quadril.
Lediane tinha 22 anos e, segundo a família, aguardava biópsia |
A jovem de 22 anos com um raro tumor no quadril que lutava para conseguir tratamento em Praia Grande, no litoral de São Paulo, morreu a espera de um exame, segundo relatou a família ao G1 nesta segunda-feira (8). Lediana Araujo dos Santos aguardava uma biópsia para obter um diagnóstico concreto de seu estado de saúde.
"O que aconteceu com ela foi uma negligência do Hospital Irmã Dulce. Eles mandaram minha sobrinha para Santos a primeira vez, para o Beneficência Portuguesa, sem a documentação e exames necessários. Então, o médico mandou uma carta para o Irmã Dulce providenciar a biópsia e marcou um dia para ela retornar com esses exames. Chegando em Praia Grande, eles falaram que não faziam o procedimento. Mas, na segunda-feira (1), fui na ouvidoria e falei que chamaria a polícia se nada fosse feito. Eles resolveram marcar, mas já era tarde demais", diz a tia da jovem, Carmem Araujo, de 43 anos.
Carmem explicou que a sobrinha recebia um tratamento para osteoporose há cerca de um ano, e que só conseguiu descobrir o tumor no fim de abril. A família se revezava no hospital enquanto ela estava internada no Irmã Dulce. Segundo a tia, a jovem conseguiu a transferência para o atendimento especializado em Santos, mas o hospital [de Praia Grande] não a encaminhou com os exames necessários.
Lediana já não conseguia mais andar. Conforme explica a tia, ela aguardou cerca de 15 dias para realizar a biópsia, mas não resistiu a tempo de fazer o exame, devido a demora para realização do procedimento, vindo a óbito neste fim de semana. A jovem deixa um filho de dois anos.
"Eles [hospital] deixaram ela morrer, sem exame e sem tratamento. Tá muito dolorido para a gente da família. O que eles fizeram foi inaceitável. Vamos atrás de justiça", diz a tia.
Em nota, a Central de Regulação da Baixada Santista informa que auxiliou o Hospital Irmã Dulce com o agendamento de atendimento Oncológico na Beneficência Portuguesa, serviço de referência para câncer na região.
Hospitais
A direção do Hospital Municipal Irmã Dulce afirma que a paciente em questão foi assistida com todos os recursos disponíveis na unidade. Segundo a instituição, ela apresentava necessidade de atendimento em oncologia, especialidade para a qual o Irmã Dulce não é referência.
A hipótese diagnóstica foi possível após a realização de diversos exames, inclusive de imagem, suficientes para firmar tal hipótese, ratificando a necessidade da inserção da paciente na Central de Regulação de Oferta de Serviços de Saúde (CROSS), o que foi feito.
A paciente então foi encaminhada à avaliação no Hospital Santo Antônio (Beneficência Portuguesa de Santos) em 13 de maio, referência para o tipo de atendimento que necessitava.
"Novamente, como o Irmã Dulce não é referência para este tipo de atendimento, cabe então à rede de saúde referenciada a integralidade da assistência, conforme protocolos do Sistema Único de Saúde", diz o hospital.
Inchaço nas pernas e dores causadas pleo tumor impediam jovem de andar |
"Porém, no mesmo dia, a unidade referência para oncologia encaminhou novamente a paciente ao Hospital Irmã Dulce, com uma série de pedidos de procedimentos oncológicos, que, reafirmamos, não são realizados no Irmã Dulce. Desde então o hospital buscou formas para ofertar o atendimento nesta especialidade à paciente. Infelizmente, nesse meio tempo, a paciente apresentou piora do seu quadro, não respondendo às intervenções realizadas e veio à óbito em 6 de maio", acrescentou a unidade.
A direção do Hospital diz se solidarizar com os familiares, lamentando o falecimento e reforça que foi prestado todo o atendimento disponível na unidade a esta paciente, além de ser dado o devido andamento ao seu caso, seguindo os protocolos do Sistema Único de Saúde, após constatada a necessidade de encaminhamento à unidade de referência.
Já a Beneficência Portuguesa de Santos esclarece que a jovem Lediana Araújo dos Santos não esteve internada na instituição. Ela foi encaminhada indevidamente sem diagnóstico firmado pelo hospital de origem, Irmã Dulce, para uma avaliação que não foi conclusiva pela falta dos exames necessários.
A família registrou um boletim de ocorrência na Delegacia Sede de Praia Grande. Foram requisitados exames ao Instituto Médico Legal (IML). A Polícia Civil investigará o caso.
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