MPF pede a condenação de 4 profissionais por adulterar documentos para esconder real causa da morte de uma paciente.
Fachada do Hospital Universitário, onde cirurgia cardíaca foi realizada em 2012. MPF denuncia médicos por fraudes em documentos. (Foto: Marcos Ermínio/Arquivo) |
A morte de uma paciente após uma cirurgia cardíaca em 2012 levou o MPF (Ministério Público Federal) a denunciar quatro médicos do Hospital Universitário da UFMS (Universidade Federal de Mato Grosso do Sul), em Campo Grande, por falsidade ideológica e uso de documentos falsos.
Os profissionais são suspeitos de omitirem procedimentos executados durante a cirurgia, que culminou na morte de uma mulher após perfuração do ventrículo esquerdo. Em documentos oficiais, os médicos declararam o óbito como “causa diversa”.
A fraude veio à tona por meio de interceptações telefônicas autorizadas pela Justiça durante a Operação Sangue Frio, desencadeada em 2013.
Em escutas da Polícia Federal os cardiologistas João Jackson e José Carlos Dorsa, ex-diretor do HU, foram gravados combinando o que iriam dizer em relação a um dos procedimentos no hospital que não deu certo.
Guilherme Viotto e Augusto Daige, que também atuaram como cirurgiões no procedimento médico, e assinaram as adulterações tanto no atestado de óbito quanto no Relatório Geral de Operação do HU/UFMS.
Jackson e Dorsa, também investigados pelo CRM (Conselho Regional de Medicina), são acusados de apresentarem laudo médico fraudulento para embasar suas defesas nos autos de sindicância.
O MPF denunciou os médicos por falsidade ideológica e pede a condenação também por dano material e moral coletivo. João Jackson e José Carlos Dorsa também responderão por uso de documento falso.
Prontuário médico de paciente que veio a óbito após cirurgia cardíaca, em 2012. (Marcos Ermínio) |
Máfia do Câncer - Em maio de 2013, a família de da dona de casa Maria Domingues Lopes Dias, de 65 anos, que morreu no dia 21 de junho de 2012, procurou o MPE (Ministério Público Estadual) para contribuir com as investigações da Operação Sangue Frio.
Parentes já suspeitavam que a mãe havia sido de vítima de erro médico e teve o laudo da morte adulterado a mando de Dorsa. Gravações telefôncias mostram o médico orientando outro colega a forjar informações sobre uma cirurgia que resultou na morte da paciente, na mesma época da operação de Maria.
Desencadeada em 19 de março de 2013, a Sangue Frio apurou irregularidades ocorridas no Hospital do Câncer ( Fundação Carmem Prudente de Mato Grosso do Sul).
As suspeitas envolveram contratação empresas prestadoras de serviço de propriedade dos diretores ou vinculadas à família de Adalberto Siufi; contratação de parentes para assumir cargos nas área de finanças; cobrança indevida de procedimentos do SUS (Sistema Único de Saúde) e acordos superfaturados com empresas farmacêuticas.
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