COCALINHO - Paciente entra na justiça com ação de reparação de danos morais e materiais, causados segundo ele, em cirurgia oftalmológica da Caravana da Transformação do Governo do Estado. O paciente idoso de Cocalinho, Félix Alves Pereira e seus familiares, estão enfrentando dias difíceis desde que ele ficou cego. Os familiares dizem que ele tinha visão razoavelmente boa, sendo inclusive portador de Carteira Nacional de Habilitação.
Com problemas na visão, há dois anos Felix procurou a Caravana da Transformação, atraído pela publicidade da cirurgia oftalmológica gratuita. Segundo a família de Félix, após a cirurgia, ele ficou cego dos dois olhos. A família disse que durante os procedimentos médicos, não foram informados pela equipe médica da real situação da visão de Félix.
Somente ao final do tratamento, os médicos sugeriram nova cirurgia para retirada dos implantes. Diante disso, os familiares desconfiando de certo grau de negligência e de um perigo maior para o ancião, saíram desesperados em busca de socorro.
Em Goiânia, junto a médicos especializados, ele passou por profundas avaliações. Félix sofria muito e foi submetido a tratamento médico para estabilização do quadro clínico. Após diversos pedidos, os médicos confirmaram que o paciente já não tinha mais visão.
Os familiares destacam que esse incidente provocou profunda mudança na vida da família que luta diariamente contra a depressão. “Antes tínhamos uma vida normal e isso nos foi tirado”, disseram eles. Felix e os familiares esperam agora uma posição enérgica da justiça para amenizar tamanho sofrimento. Até hoje a família ainda precisa se adaptar à realidade de lidar com um deficiente visual.
A família de Cocalinho pede na ação R$ 500 mil de indenização mais o pagamento das despesas de quase R$ 5 mil. A Procuradoria Geral do Estado negou que tivesse qualquer responsabilidade, pois uma empresa tinha sido contratada pela Caravana da Transformação. Diz a Procuradoria que nos autos não há provas de que a cegueira do autor seja resultado da cirurgia de catarata a que ele foi submetido, sem exame prévio para verificar a pressão ocular dele. A ação segue tramitando na justiça.
DENÚNCIA
As cirurgias nos olhos para correção da catarata, teria deixado pacientes com tratamento incompleto. A denúncia parte do médico oftalmologista, Marcelo da Costa Miranda, de Rondonópolis. Ele atendeu e acompanhou vários casos de pacientes que passaram pelos procedimentos na Caravana da Transformação. Segundo o profissional, alguns casos podem ser diagnosticados como erro do médico na cirurgia. “Nós detectamos pacientes com queixas de dor e falta de visão. Como a cirurgia de catarata é uma cirurgia que evoluiu muito, ela hoje tem um tempo de recuperação visual muito rápido. Então, os pacientes que não recuperam rapidamente a visão, é porque houve alguma complicação”, afirmou. (Ascom)
INVESTIGAÇÃO
O secretário de Estado de Saúde, Luiz Soares, e a empresa 20/20 Serviços Médicos, dois médicos e seis servidores foram denunciados pelo Ministério Público por suposta improbidade administrativa, por causa de irregularidades nas cirurgias de catarata realizadas durante a Caravana da Transformação, do Governo do Estado. Estes oito foram responsáveis por contratos administrativos, relacionados à realização de várias edições da Caravana. A denúncia foi formulada após análise de dados provenientes da Operação Catarata, desencadeada no dia 6 de setembro de 2.018. Na ocasião, a sede da Secretaria de Estado de Saúde foi alvo de buscas, assim como a empresa responsável pelos procedimentos.
No total, foram pagos pouco mais de R$ 42 milhões pelo Estado à empresa. Uma paciente de Rondonópolis também entrou na justiça pedindo indenização, após ter sido vítima de erro médico em cirurgia de catarata realizada durante a Caravana da Transformação. Ela somente não perdeu a visão por ter procurado ajuda de médicos particulares. (Inácio Roberto/Ascom)
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