Projeto Remédios do Bem começou em 2017, para reaproveitar medicamentos que as pessoas deixaram de usar |
A primeira filha de Maria Sonia Izabel de Jesus Santos morreu em 2013, ainda bebê, por conta do que a mãe descreve como um erro médico. Anos depois, a gravidez da segunda menina trouxe alento e alegria, mas quis a vida que isso durasse pouco. A segunda filha de Sonia morreu por conta das complicações de uma patologia rara.
Acometida pela doença de
Tay-Sachs, que destrói células do cérebro e a medula espinhal, a menina virou
estrela, como diz a mãe, aos 2 anos e meio. Por conta de tudo isso, Sonia
mergulhou em uma depressão severa. “Não foi fácil sair”, admite. “Ainda estou me
redescobrindo”. Contudo, ela consegue lembrar o momento em que virou a mesa e
respondeu às dores que recebeu da vida com doações e carinho, graças a um
projeto do Instituto Brasileiro de Alternativa para Saúde e Meio Ambiente
(Ibraas), em Guarujá.
Além das bonecas e roupas da filha que perdeu, Sonia tinha
diversas caixas de medicamentos da menina que, a partir daquele momento, não
tinham mais utilidade. Pelo menos para ela. Foi quando soube do projeto
Remédios do Bem, que recebe doações de medicamentos.
Passando de mão
Desde março de
2017, a ideia do projeto é arrecadar medicamentos que as pessoas deixaram de
usar. Seja porque houve necessidade de mudança do remédio ou porque o
tratamento já foi concluído. Tudo o que é recebido, passa por um rigoroso procedimento
realizado por um farmacêutico e, se liberado por ele, fica à disposição para
que outras pessoas que tenham necessidade, o cadastro prévio e receita médica
possam retirá-los gratuitamente.
“Foi importante eu conseguir doar. Inclusive
trouxe algumas bonecas, porque o Instituto tem outras ações. Mas vir aqui
trazer os remédios foi o início também de um tempo de redescobrir um novo
caminho com o voluntariado”, explica Sonia, que ajuda como voluntária no
local.
Na verdade, o Remédios do Bem é uma das ações que integram uma rede maior
de atividades. Segundo Carlos Antônio Maria Martes, diretor financeiro do
Instituto, o local conta com atendimento de advocacia, fisioterapia, acupuntura
e de um clínico geral. Os profissionais atuam como voluntários e, para a população,
o atendimento é gratuito. Quem pode, no entanto, doa alimento, que depois é
distribuído a famílias carentes.
Trabalho se baseia no amor dos voluntários |
No lixo
Beth Martes, vice-presidente
da instituição, explica que além de ajudar quem precisa dos medicamentos e não
pode comprar ou tem dificuldades de consegui-los na rede pública, o Remédios do
Bem colabora com o meio ambiente. Isso porque, dá a destinação correta aos
produtos, sem contaminar o solo ou as águas com a química das drogas.
“Eu
comecei a fazer fisioterapia e acupuntura e soube do recolhimento dos remédios.
Como eu não tinha informação, muitas vezes, o medicamento que vencia ou eu não
usava mais, jogava no lixo”, conta Dirce Carneiro.
O mesmo aconteceu com Teresa
Cristina Félix, que também chegou ao Ibraas para a fisioterapia e encontrou ali
um ponto de doação dos seus remédios. E mais, ela já precisou de medicamento e
conseguiu.
No caso de Vera Lúcia de Souza Gomes, a situação era mais complicada.
“Minha filha estava em uma depressão forte e eu em uma situação financeira
muito difícil. Eu não tinha dinheiro para comprar a medicação e eu não consegui
de graça. Quer dizer, minha filha estava sem o remédio”. Mas foi no projeto do
Ibraas, que Vera garantiu o remédio da filha que, hoje, já está melhor.
Passou mal
Maria da Graça Cardoso conta
que vai ao projeto todo o mês. Com problemas cardíacos e medicação contínua,
ela explica que os remédios mais caros não cabem no seu orçamento de
aposentada. “Antes, eu cheguei a ficar sem medicação e passei mal porque na
farmácia da Prefeitura não tinha”.
Beth afirma que o projeto não consegue
garantir a medicação todo mês ao paciente. Mas eles fazem o possível para
conseguir e avisar aos pacientes que esperam os remédios, assim que eles
chegam.
De março do ano passado a março deste ano, diz Carlos, foram doadas
5.522 caixas de medicamentos gratuitamente. Outras 1.972 caixas, que não
puderam ser doadas, foram descartadas de forma correta.
Projeto 'Remédios do Bem' existe desde março de 2017 |
Remédios do bem
O projeto arrecada
medicamentos que as pessoas deixaram de usar. Tudo o que é recebido e passa por
um rigoroso procedimento de análise realizado por um farmacêutico. Se liberado,
fica à disposição para outras pessoas que tenham necessidade e uma receita
médica possam retirá-los gratuitamente. Os remédios vencidos ou que, por algum
motivo não podem ser doados, tem a destinação correta, preservando o meio
ambiente.
Para conseguir retirar a medicação é preciso fazer um cadastro prévio
e ter a receita do medicamento. O projeto funciona na Rua Buenos Aires, 470,
Vila Maia, Guarujá.
Mais informações podem ser obtidas pelo telefone 3387-2135
ou pelo 98835-2957 (WhatsApp).
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