sexta-feira, 9 de novembro de 2018

Mulher leva tiro de arma de choque ao gravar vídeo para denunciar falta de médicos em unidade de saúde

Célia Ramos decidiu fazer uma transmissão ao vivo em uma rede social para mostrar que não havia nenhum profissional nos consultórios e acabou discutindo com um guarda municipal.
 
Mulher leva tiro de arma de choque ao gravar vídeo para denunciar falta de médicos em PA
 
Uma mulher que aguardava atendimento na Unidade de Pronto-Atendimento (UPA) do bairro Laranjeiras, em Sorocaba (SP), levou um tiro de arma de choque de um guarda municipal. A agressão teria ocorrido enquanto ela fazia uma transmissão ao vivo através de uma rede social para denunciar a falta de médicos na unidade.
 
A Prefeitura de Sorocaba informou que a Corregedoria Geral do Município instaurou um processo investigativo para apurar as responsabilidades sobre o caso.
 
No vídeo, Célia Ramos, de 42 anos, explica que estava esperando para ser atendida há muito tempo no local e, por isso, resolveu mostrar todas as salas da UPA para provar que não havia nenhum profissional nos consultórios. Ela pede a ajuda dos vereadores para fiscalizar o atendimento nos postos de saúde da cidade.
 
Em determinado momento da transmissão, um médico da unidade aparece pedindo para o guarda municipal controlar a paciente e a chama de descontrolada. Célia passa a discutir com o profissional, que depois se afasta do campo de visão da câmera do celular.
 
O guarda se aproxima e pede para que a mulher "por gentileza, desligue o telefone" e procure a prefeitura para reclamar sobre a situação. Porém, a paciente se nega e os dois discutem.
A transmissão é interrompida e, em seguida, Célia aparece caída no chão da unidade de saúde pedindo por socorro. "Socorro, o cara atirou em mim, na minha hérnia. Pelo amor de Deus, olha isso", grita no vídeo. A imagem mostra ele guardando a arma na cintura.
 
Em seguida, a mulher se levanta com a ajuda do marido, que, segundos depois, é agarrado pelo guarda municipal. A confusão dentro da UPA durou cerca de meia hora.
 
Em entrevista ao G1, Célia contou que o guarda tentou pegar o celular de sua mão e, como ela não permitiu, ele a atingiu na barriga com a arma de choque.
"Não larguei em nenhum momento o celular. Ele queria tomar o celular da minha mão, mas seria a única prova que eu tinha, que não fiz nada de mal. Só mostrei a realidade deste posto", explica.

Mesmo após a confusão, a mulher continua a transmissão ao vivo na rede social. Nas imagens é possível ver também o médico que pediu o apoio do guarda rindo da situação da paciente.
 
Célia foi atendida por um médico no pronto-atendimento. Depois do procedimento, a paciente, o médico e o guarda foram para o plantão da zona norte, onde foi registrado um boletim de ocorrência. Todos prestaram depoimento ao delegado.
 
Guarda será transferido
 
O comandante da Guarda Civil Municipal (GCM), Marcos Mariano, explicou que os guardas podem usar a arma de choque quando se sentirem ameaçados e que o guarda que estava no posto agiu em legítima defesa.
 
"Tudo vai ser apurado agora pelo inquérito da Polícia Civil e por um procedimento administrativo instaurado pela Corregedoria da Guarda Municipal."
 
Segundo informou a prefeitura, o guarda usou a arma de choque para conter a moradora "porque ela estava gritando e fazendo transmissão de imagens sem autorização e porque desacatou o guarda".
 
A corregedoria vai apurar a conduta do profissional, que será transferido de local para que não sofra represálias, informou a prefeitura.
 
O médico que aparece no vídeo disse que cinco pacientes estavam esperando quando a mulher chegou e que quatro médicos estavam trabalhando no local. Ainda segundo o profissional, a paciente esperava pelo atendimento há 15 minutos. "Para a Secretaria de Saúde, um tempo de espera de 15 minutos não é excessivo, sobretudo quando se trata de plantão médico", diz a nota da prefeitura.
 
Por fim, a prefeitura informou que a Secretaria de Segurança e Defesa Civil registrou boletim de ocorrência por resistência e desacato contra a moradora.
 

Nenhum comentário:

Postar um comentário