quinta-feira, 14 de março de 2019

Denúncia anônima aponta negligência médica com mãe e bebê em maternidade, diz ONG

Em vídeo que circula pelas redes sociais é possível acompanhar o desespero do pai ao receber a notícia de que a mulher e a filha morreram
MANAUS – No último sábado, 16, Ila Arantes Fernandes, de 35 anos, e a filha prematura de 34 semanas morreram na Maternidade Balbina Mestrinho, em Manaus. De acordo com a representante da ONG Humaniza, Rachel Geber, que atende vítimas de violência obstétrica, uma denúncia anônima revela o que ocorreu durante o atendimento à gestante.
As informações são sigilosas e ainda serão investigadas, mas segundo a ONG, o relato dado não condiz com a nota da Susam sobre o ocorrido. “A denúncia aponta negligência das equipes de saúde, médicos e enfermeiros”, afirma Rachel.
Segundo o pai da criança, Ila deu entrada na maternidade no último dia 14 e aguardava atendimento desde então. Entretanto, a Susam diz que a paciente entrou por volta de 00h12 de sexta-feira, queixando-se de dor no baixo ventre e febre de seis dias, e que ela foi imediatamente internada. Em vídeo que circula pelas redes sociais é possível acompanhar o desespero do pai ao receber a notícia de que a mulher e a filha morreram. Segundo ele, houve demora no atendimento.
Em nota a secretaria diz que: “Em nenhum momento houve falta de leito ou de assistência à gestante. O tratamento inicial à paciente seguiu protocolo, focando na infecção do trato urinário e no monitoramento por ameaça de parto prematuro.”
Ainda de acordo com o informe, durante a cesariana, por volta das 15h, foi constatada a morte do bebê. A mãe teve forte hemorragia, tendo sido submetida a transfusão de sangue. Em seguida, a paciente foi encaminhada à UTI, mas não resistiu, indo a óbito após três paradas cardíacas.
De acordo com a DPE-AM (Defensoria Pública do Amazonas), a família ainda não procurou o órgão. Mas ressalta que irá abrir um Procedimento Administrativo de Apuração de Dano Coletivo (PADAC) para investigar casos em série de violência obstétrica nas maternidades e hospitais públicos e privados no Amazonas. Segundo a Defensoria, 35 ações envolvendo exclusivamente casos de violência obstétrica foram ajuizadas de 2009 a 2018, na esfera cível. Destes, 12 envolvem mortes de gestantes ou bebês.
Outros casos
Os casos de violência obstétrica se repetem ao longo dos anos. De acordo com Rachel Geber, 75 famílias já foram atendidas pela Humaniza, com ocorrências em todas as maternidades em Manaus, sem exceção, públicas, privadas e militares, de 2015 a 2019.
De acordo com a ONG, os profissionais de saúde alegam falhas de infraestrutura, medicamentos e insumos como principal causa para os problemas de atendimento nas maternidades. Mas as denúncias das vítimas e parentes são em sua maioria ligadas às humilhações, maus tratos e xingamentos sofridos durante a assistência médica.














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