Profissional se emociona ao contar sobre falta de leitos na unidade. Diogo de 5 anos morreu no local enquanto era atendido em cadeira.
A médica Irene Ribeiro Machado, que trabalha no Hospital Materno Infantil (HMI), em Goiânia,
desabafou sobre a falta de estrutura do local em entrevista à TV
Anhanguera, nesta sexta-feira (29). De acordo com ela, pacientes ficam
dias internados em cadeiras por causa da falta de leitos. Diogo Soares
Carlo Carmo, de 5 anos, morreu nesse espaço há um dia e a situação
causou revolta na família.
Confira o posicionamento das autoridades sobre o assunto no fim da reportagem.
“A sensação é de abandono. Me senti abandonada no meio do caos. Tentando
atender, tentando auxiliar e não ter suporte. A sensação é que cada dia
piora, aumentam as dificuldades, as limitações nossas. E a gente não vê
solução”, desabafou a médica sobre a situação do HMI.
Médica Irene Ribeiro Machado, que trabalha no HMI, desabafa sobre falta de condições do hospital — Foto: Reprodução/TV Anhanguera |
Irene também contou que a falta de leitos é um problema constante na unidade. Segundo ela, muitos pacientes em situação preocupante ficam em sala de espera por não haver espaço para todos os que precisam.
“Tem criança que fica 3, 4, 5 dias internada em cadeiras. Pneumonias
com derrame pleural, apendicite, insuficiência respiratória que precisa
de oxigênio, bebe recém-nascido. Outro dia nos tínhamos um bebe de oito
dias de vida com insuficiência respiratória no oxigênio na cadeira”,
completou.
Portador de Síndrome do Down, Diogo morreu na tarde de quinta-feira (28) enquanto
era atendido em uma dessas salas de espera, nas cadeiras. Segundo o
hospital, ele deu entrada de madrugada, teve uma piora no quadro e
morreu na tarde do mesmo dia. Na segunda-feira (25), ele foi levado pela
família a uma unidade básica de saúde, mas foi medicado e liberado.
Um vídeo mostra o desespero da mãe do menino após saber da morte do filho (assista acima). Revoltada com a situação, uma tia da criança, Divina Soares de Almeida, desabafou.
“Quando [funcionários] chegaram correndo, correram com ele para dentro
falando que iam reanimar o menino, mas já estava morto. Meu sobrinho
morreu num corredor, meu sobrinho não volta mais, quantas crianças vão
ter de morrer?”, disse.
O corpo de Diogo foi encaminhado para o Serviço de Verificação de Óbitos (SVO), para elucidação da causa da morte.
Respostas
O HMI disse que ainda e cedo para afirmar que a morte de Diogo tem relação com a falta e leitos.
Por e-mail, a Secretaria de Estado da Saúde disse que "a criança foi
atendida e permaneceu nas cadeiras com a mãe, recebendo o tratamento
prescrito e aguardando vaga em leito".
"Porém, o quadro da criança evoluiu com muita gravidade não respondendo
às manobras de ressuscitação na sala de reanimação, e às 13:55 foi
constatado óbito", afirma.
Sobre a falta de estrutura da unidade, a SES-GO disse que planeja
construir uma nova unidade de saúde com o mesmo perfil do HMI, mas que
ainda não há previsão de quando as obras irão começar.
A Secretaria Municipal de Saúde (SMS) de Goiânia informou, em nota, que
o paciente foi atendido “com queixas de alergia e febre naquele dia. O
exame de sangue estava normal. Ele recebeu atendimento e foi medicado de
acordo com o quadro clínico que se apresentou no momento”.
Ainda conforme o órgão, a rede pública de saúde da capital atende cerca
de 270 crianças em urgência pré-hospitalar e vai aumentar essa
capacidade contratando mais pediatras.
O Ministério Público do Estado de Goiás (MP-GO) informou que fará uma
audiência com todos os envolvidos para tentar uma solução que amenize
esse problema da superlotação das unidades.
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