Enfermeiro garante que profissionais também exigem equipamentos para ter
alto custo em cirurgias; alguns médicos também deixariam de visitar
pacientes
Os problemas encontrados na saúde estadual
não se resumem à falta de medicamentos e insumos básicos. Um enfermeiro
procurou à Folha para denunciar que no Hospital Geral de Roraima (HGR)
está se formando um “movimento dos médicos com intuito de conseguir
ganhar os valores exorbitantes que recebiam até pouco tempo”. Sem querer
se identificar por medo de represálias, ele garante que isso tem gerado
impacto direto nos serviços e que a população é que mais sofre.
Ele afirma que os profissionais de
medicina estão fazendo exigências que antes não eram feitas e citou as
cirurgias ortopédicas, que teriam virado um meio de pressionar os
gestores.
“Já vi inúmeras cirurgias em que são se utilizava o equipamento de
proteção por ser pesado e desconfortável. Não era um problema quando
recebiam por produção”, criticou.
O enfermeiro denunciou ainda que alguns
médicos estão sem visitar os pacientes, deixando as responsabilidades
com residentes e acadêmicos de medicina, indo até o local somente para
carimbar as prescrições.
“Tem paciente que nunca viu o médico que assina sua prescrição. Isso tudo para não gastar tempo no hospital. Deveriam ficar a manhã toda de plantão e ficam, no máximo, duas horas”, completou.
O denunciante destacou ainda que há um
problema com o a frequência eletrônica, com alguns profissionais que
chegam até a unidade de saúde, batem o ponto e depois vão para casa.
“Com os médicos, é muito pior, eles não batem o ponto eletrônico. Vão e saem do hospital quando bem entendem. Peço fiscalização para todos. Que cumpram sua jornada de trabalho e depois disso venham reivindicar algo”, encerrou.
CÓDIGO DE ÉTICA – O
Código de Ética Médica determina que é vedado ao médico “afastar-se de
suas atividades profissionais, mesmo temporariamente, sem deixar outro
médico encarregado do atendimento de seus pacientes internados ou em
estado grave”. O texto condena também a ação de “deixar de comparecer a
plantão em horário preestabelecido ou abandoná-lo sem a presença de
substituto, salvo por justo impedimento”.
Cooperativados não batem ponto, diz presidência da Coopebras; Sesau garante que irá fiscalizar
Em entrevista à Folha, os representantes
da Cooperativa Brasileira de Serviços Múltiplos de Saúde (Coopebras)
esclareceram que os médicos cooperativados trabalham em regime de escala
e não usam ponto eletrônico para registrar o serviço.
“Dentro das unidades de saúde, tem um escritório da cooperativa, com funcionários nossos, para fiscalizar os médicos. Se um não for para o plantão, será substituído e não irá receber o pagamento”, disse Edinaldo Vieira, vice-presidente da empresa.
Vieira assegurou que os escritórios dentro
dos hospitais se limitam a fiscalizar os médicos cooperativados e que
os profissionais efetivados são de responsabilidade da Secretaria
Estadual de Saúde (Sesau). Atualmente, são em torno de 480
cooperativados ativos na Coopebras que atuam nas unidades de emergência e
urgência de Roraima.
“Exceto o [hospital] Coronel Mota, que trabalha com carga horária e somente os especialistas. A cada quatro horas, atende em torno de 12 pacientes. O restante, interior e Capital, trabalha com regime de plantão de 12 horas”, completou.
SESAU – Por meio de nota,
a Secretaria de Saúde limitou-se a informar que “não compactua com
nenhum tipo de irregularidade na prestação de serviços para a
população”.
Folhabv“A situação está sendo investigada e, caso seja comprovada qualquer irregularidade, serão tomadas as medidas cabíveis”. (A.P.L)
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