As denúncias se multiplicam. Depois que vieram à tona as supostas negligências cometidas pelo cirurgião plástico Danilo Dias, investigado por uma série de deformações e pelas mortes da médica Lia Pacheco – cunhada dele – e da educadora física paulista Sandra Trovino, os casos ganharam repercussão nacional. Os relatos continuam graves e as vítimas sempre revelam que quase morreram.
A autônoma Telma Santos foi a vítima mais recente descoberta pelo Sistema Jangadeiro. Ela veio de Salvador, em julho de 2017, para se submeter a uma cirurgia de remoção de excesso de pele na barriga e colocação de próteses de silicone nos seios. O resultado ficou longe do esperado e ela passou 12 dias na UTI de um hospital particular de Fortaleza, em coma, lutando pela vida.
“Procurei na internet e vi o nome dele (Danilo) no topo dos bons cirurgiões. Comecei a conversar com ele nas redes sociais e ele me passou muita segurança. Operava em Natal, no Rio Grande do Norte, e a princípio, eu faria a cirurgia lá, mas ele me convenceu a vir aqui para Fortaleza. Entrei para fazer a cirurgia e só acordei depois do coma. Tive falência múltipla dos órgãos e fiz hemodiálise. Precisei fazer outra cirurgia para sobreviver. É um milagre eu estar viva”, afirmou.
Com cicatrizes que não condizem com intervenções estéticas, a autônoma conta que encontra resistência de outros cirurgiões para fazer cirurgias reparadoras, porque Danilo Dias se nega a fornecer um laudo completo e assinado. O médico, porém, enviou um áudio à Telma dando instruções do que deveria dizer ao próximo cirurgião, em que se exime de qualquer culpa da intervenção anterior ter dado errado. “Ele mandou o áudio, mas o outro médico pediu para ele enviar por escrito. Ele até mandou, mas sem explicar direito a cirurgia e sem assinatura, nem carimbo. O médico daqui não aceita, porque disse que aquele laudo não tem validade nenhuma”.
O áudio de Danilo Dias sugere que Telma se diga 100% saudável, mesmo a mulher tendo ficado com problemas de memória, de locomoção e tenha sofrido de depressão. “Diga para ele que você teve um hematoma de um vaso que sangrou, após a cirurgia. Não tem nada a ver com saúde, hemorragia, trombofilia. (…) Diga que foi um hematoma no abdômen, por uma artéria que sangrou sozinha, após a cirurgia, no pós-operatório imediato”, afirmou o médico.
A empresária Gicelda veio de Quiterianópolis, no Interior do Ceará, não foi vítima apenas uma vez, mas duas. Em ambas diz ter sido enganada, porque os procedimentos pelos quais pagou não teriam sido realizados como o combinado. “Paguei uma lipo que ele não fez. Da segunda vez, ele fez só de um lado, e eu tenho cicatrizes e lesões horríveis, por causa disso”. Segundo as atendentes do consultório do médico, localizado na Rua Tibúrcio Cavalcante, ele está viajando para o exterior. Embora a indignação social aumente, nas esferas administrativa e criminal, o caso segue sem novidades. Enquanto até o Conselho Federal de Medicina já se manifestou, o do Ceará optou pela omissão do silêncio.
Sequência de cirurgias
Uma médica, que preferiu não se identificar, disse que se considera negligenciada e abandonada pelo cirurgião, no pós-operário. Na iminência de uma asfixia, por conta de um edema, ela conta só ter visto Danilo Dias 12 horas depois da operação. Segundo a profissional, o cirurgião fez com ela o que costumava fazer com outros pacientes: indicar cirurgias em série. “Busquei o consultório dele para fazer um lifting, para correção de cicatrizes de acne. Porém, ele sugeriu procedimentos nas pálpebras, pescoço e boca. ”Ele vai sugerindo para aumentar os valores. Vai induzido o paciente a fazer várias cirurgias".
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