domingo, 2 de junho de 2019

"Emergência fechada e hospitais lotados. Entenda a crise da pediatria em Curitiba

"Especialistas dizem que faltam pediatras na rede básica de saúde de Curitiba



"O fechamento da emergência do Hospital Pequeno Príncipe, referência no tratamento infantil em Curitiba, no começo de maio, não foi um caso à parte. Especialistas alertam que a sobrecarga nos serviços prestados a crianças nos hospitais da capital é o primeiro efeito de uma política nacional que já dura quatro anos - incorporada pelo município e por cidades vizinhas – que reduziu a atuação dos pediatras na rede de atenção básica. A consequência, explicam os médicos, é uma assistência mais frágil e hospitais mais lotados."

"De acordo com a Sociedade Paranaense de Pediatria (SPP), a presença de pediatras na rede pública de saúde de Curitiba começou a ficar mais tímida há pelo menos quatro anos – seguindo uma tendência nacional estabelecida pela Política Nacional de Atenção Básica (PNAB).

"Por uma política do Ministério da Saúde e que foi replicada aqui, foram sendo tirados os pediatras. Colocaram outros profissionais, inclusive alguns não médicos, fazendo acompanhamento destas crianças, como se fosse uma coisa menor”, explica Gilberto Pascolat, médico diretor da SPP entre 2013 e 2015. “Na época, eu era presidente da sociedade e falei que isso iria repercutir mais tarde. Porque se você tiver pediatra, vai prevenir um monte de outras doenças e conseguir detectar precocemente qualquer alteração, fazendo com que a criança tenha um desenvolvimento melhor. A partir do momento que você perde o vínculo, essa criança fica solta na rede, então é uma criança que vai ter mais complicações”, justifica o especialista.

Para Pascolat, a reconfiguração no acolhimento infantil tanto nas Unidades Básicas de Saúde (UBSs) quanto nas Unidades de Pronto-Atendimento (UPAs) é o que ajuda a explicar o caos recente que se instalou no Hospital Pequeno Príncipe. Entre o fim de abril e o começo de maio, a instituição precisou barrar por três vezes a procura direta emergencial para Sistema Único de Saúde (SUS), sendo que desde o dia 8 de maio o hospital mantém limitado o atendimento apenas para crianças encaminhadas.

"Perder esse vínculo [com o pediatra] começou a repercutir nisso. As mães deixam de ir uma unidade básica, a uma emergência da UPA que não tem pediatra atendendo e não vai resolver o problema dela, e vão direto para o hospital", acrescenta Pascolat."

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