domingo, 9 de junho de 2019

Família denuncia hospital em Cuiabá por morte de idosa

Senhora chegou a dormir nua por falta de camisola e teve sua pele rasgada por uma enfermeira

A idosa Orcelina Gomes da Silva, de 83 anos, faleceu após passar oito dias tomando um medicamento ao qual era alérgica e ter ficado outros quatro dias na UTI (Unidade de Terapia Intensiva) do Hospital Santa Rosa, onde estava internada. A idosa faleceu no dia 19 de maio e agora, após se recuperar da dor da perda e juntar as documentações de sua estadia no hospital, a família denuncia a unidade de negligenciar o atendimento à senhora, além de cometer sucessivos erros que, somados, teriam resultado na sua morte.

De acordo com a neta de Orcelina, a jornalista Júlia Milhomem, ela deu entrada no hospital no dia 27 de abril, ocasião em que foi diagnosticada com pneumonia nos dois pulmões e imediatamente internada. “Na enfermaria, ela foi extremamente negligenciada, em todos os sentidos, pelo fato de não passar nenhum médico, só passava residente. Várias vezes eu presenciei residente passando lá e não via um médico, nem no posto de enfermagem, porque duas vezes eu fui lá tentar falar com médico pra mostrar que ela não estava bem, que ela só estava piorando e aí não encontrei médico, era só residente que passava”, relatou.

À reportagem, a jornalista também relatou que, após alguns dias que sua avó estava internada, foi visitá-la e a encontrou exausta e com a pele muito vermelha. A enfermeira então realizou o teste de glicemia na idosa, ao que teria sido constada taxa de glicose superior a 300, sendo que a paciente não tinha, até então, diabetes.

A família também denuncia que, apesar de diversos pedidos de transferência para a UTI, o hospital não tomou as providências, o que só piorou o quadro clínico de Orcelina. Com a piora do quadro, os médicos teriam medicado a paciente com antibiótico, o clavulin, para combater a pneumonia. Contudo, o medicamento é à base de penicilina, substância à qual a idosa era alérgica. Segundo a neta de Orcelina, ela ficou submetida ao medicamento por oito dias e só descobriu quando o médico a consultou e determinou sua transferência para a UTI.

Além do quadro de saúde que se agravava, a paciente também teria uma doença crônica, pênfigo, que deixa a pele sensível. Devido a isso, continuou a neta da idosa, é preciso cuidado ao manusear a pessoa, uma vez que qualquer movimento mais brusco pode causar ferimento. Em um dos atendimentos por parte de enfermeiros teria “rasgado” a pele da perna de Orcelina, no momento em que uma profissional teria tirado o esparadrapo.

“Teve uma noite que ela dormiu nua, porque não tinha camisola pra oferecer. Nós pedimos um pneumologista porque só residente estava passando e a situação dela estava se agravando e nada, não iam”, relatou também à reportagem.

Outra denúncia feita pela família é de que o quarto onde estava internada não era limpo com a necessária regularidade. Segundo o relato feito à reportagem do FOLHAMAX, era comum ter fraudas usadas e algodão sujo de sangue no chão, o que poderia contribuir para a proliferação de bactérias e infecção hospitalar.

Quando finalmente conseguiram o atendimento de um dos médicos responsáveis pelo setor, a família recebeu a notícia de que pouco poderia ser feito por Orcelina, devido à demora para a transferência para a UTI. O médico ainda teria dito que, caso a consulta fosse realizada quatro dias antes – quando a idosa ainda estava sendo medicada com o remédio ao qual era alérgica –, as chances de sobrevivência seriam maiores. Ela foi encaminhada à UTI já com insuficiência respiratória, dedos roxos e problemas com os rins.

Na UTI, ela ficou entubada por quatro dias, quando não resistiu mais e acabou falecendo.

Agora, a família decidiu procurar a imprensa e alertar a sociedade para que outras famílias não passem por situação semelhante. A família ainda analisa se irá ingressar na Justiça ou não. Isso porque, segundo a jornalista, neta da paciente, não há objetivo algum de ganhar danos morais, já que isso não trará sua avó de volta.

Até o momento, a família decidiu que irá registrar Boletim de Ocorrências, acionar o Conselho Regional de Medicina (CRM) e o Ministério Público do Estado (MP). Neste último, o objetivo é acionar o hospital criminalmente.

OUTRO LADO

Por meio de nota, o Hospital Santa Rosa informou que irá apurar o ocorrido.

Veja a íntegra:

O Hospital Santa Rosa manifesta seu apoio à família da paciente e informa que realizará uma análise minuciosa do caso com o intuito de apurar o ocorrido. Ademais, o Hospital Santa Rosa ressalta seu compromisso em atender seus pacientes com todo o cuidado necessário e sempre buscando prestar serviços de qualidade e referência.

Folhamax

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