quinta-feira, 6 de junho de 2019

Hospital do Andaraí enfrenta superlotação e falta de médicos, diz Defensoria da União

Uma vistoria da Defensoria Pública da União na emergência do Hospital Federal do Andaraí encontrou pacientes internados em macas e falta de médicos, na manhã desta quinta-feira. Desde a última segunda-feira, o local estava sob interdição ética a pedido do Cremerj. Segundo o defensor regional de Direitos Humanos, Daniel Macedo, há falta de médicos plantonistas, e a classificação de risco dos pacientes não está sendo realizada. Pessoas com doenças crônicas e em estágio terminal dividem espaço com doenças infecciosas na internação.
 
— A situação que eu encontrei aqui é caótica. Além do problema do espaço físico, existe a falta de médicos. Muitos desses pacientes estão em uma cadeira, de maneira inadequada — explica o defensor.

Emergência junto com UTI

A emergência do hospital divide espaço com a UTI. Também há falta de leitos de trauma, local de atendimento às vítimas de arma de fogo ou com politraumatismo. A superlotação do setor impede que haja espaço suficiente para reanimar um paciente, caso necessário.

As condições do hospital serão relatadas à 5ª Vara Federal, onde tramita uma ação coletiva que conseguiu liminar deferida para a contratação de 4.200 profissionais. O defensor revelou que vai denunciar o Brasil para a Comissão Interamericana de Direitos Humanos.

— O maior problema imediato é a falta de profissionais. É preciso mostrar ao mundo que está acontecendo no Brasil. A União vem agravando o estado clínico desses pacientes, e muitos vêm a óbito.

Falta de medicamentos

A falta de medicamentos afeta quem precisa fazer tratamento contra o câncer. Dois meses após realizar cirurgia para retirada de um tumor na mama, Katia Monteiro precisa iniciar a quimioterapia. Mas o medicamento está em falta, e o hospital afirma que a previsão é esteja disponível no dia 11. O tratamento deveria ter sido iniciado em dia 23 de maio.

— Eu saio de casa de madrugada e venho aqui toda semana. Cada vez me falam uma coisa — lamenta a paciente
Katia conta que está desempregada e não tem condições de comprar a medicação:

— Hoje a médica nem quis me atender. Devolveu o prontuário e me mandou procurar a Defensoria Pública. Estou indignada.

Em nota, o Ministério da Saúde reconhece que a emergência da unidade precisa de melhoras e afirma que a contratação de recursos humanos está em andamento. No entanto, não respondeu os questionamentos sobre os pontos críticos, como a falta de plantonistas e o espaço dividido entre pacientes da emergência e da UTI. O órgão declarou, ainda, que não há problemas no abastecimento de insumos e medicamentos.

Leia a nota na íntegra:
"O Ministério da Saúde reconhece que a emergência do Hospital Federal do Andaraí necessita ser qualificada e já está tomando providências para melhorar o atendimento no conjunto dos 6 hospitais federais do Rio de Janeiro.

Cabe ressaltar que até o presente momento, não houve fechamento da porta de entrada de urgência e emergência do Hospital Federal do Andaraí e esforços estão sendo feitos para que seja realizado o atendimento a toda demanda da população. Atualmente, o hospital funciona com mais de 100% da sua capacidade operacional considerando que é o único serviço de média e alta complexidade da região. O hospital atende cerca de 50 mil consultas e 7 mil internações por ano.

Ainda, esclarece-se que está em curso um processo para contratação de recursos humanos e o abastecimento de medicamentos e insumos hospitalares mantém-se regular".


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