Caso ocorreu na Santa Casa de Misericórdia de Valença, no baixo sul do estado. Segundo família, médico demorou para fazer o parto.
Segundo família, mulher entrou em trabalho de parto mas não recebeu atendimento do médico, apenas de uma enfermeiras e de estagiárias. Eles dizem que o profissional demorou para fazer o parto |
Um bebê morreu durante o parto na Santa Casa de Misericórdia de Valença, no baixo sul da Bahia, na terça-feira (24), e a família do bebê acusa o hospital de negligência médica.
Segundo a assessoria da Polícia Civil, o caso foi registrado na 5ª Coordenadoria Regional de Polícia do Interior (Coorpin) de Valença, no mesmo dia da morte, quando uma guia para exame pericial foi expedida.
Conforme Elenice dos Santos, mãe da grávida e avó da criança, a família foi até a Santa Casa depois que a filha dela, de 16 anos, sentiu as contrações. Ela estava com nove meses de gestação.
“Minha filha estava com 41 semanas. Por volta das 6h, a minha filha sentiu muitas contrações, e a gente foi correndo para Santa Casa. Chegando lá, ela foi atendida pela enfermeira. Então ficamos aguardando o médico chegar. Ele chegou por volta das 8h, viu todos os documentos e disse que estava tudo certo. Depois que ela foi atendida, ele pediu para levar para a sala que faz o parto. Ficamos aguardando ele no quarto e nada dele voltar”, contou a mulher.
Apesar de receber o atendimento médico logo no início da manhã, Elenice diz que, ao longo do dia, a filha passou a receber atendimento apenas de uma enfermeira e de estagiárias.
“Quando foi umas 11h, a bolsa estourou, e a enfermeira mandou chamar o médico, mas ele não compareceu. Então entrou a enfermeira junto com três estagiárias. Elas me falaram que são estagiárias. O médico nada de comparecer para fazer o parto. Elas pedindo para minha filha colocar força. Como o médico não chegou, ela pediu ajuda das estagiárias”, contou.
“Umas 11h40, a enfermeira mandou eu descer para almoçar, porque depois não ia conseguir mais. Ela disse que era para eu ir. Eu fui com medo, e deixei elas tentando fazer o parto. Até esse momento, o médico não foi até a sala onde ocorria o parto, apesar de estar no hospital. Quando voltei, as 11h50, ele estava fazendo o parto", afirmou a avó da criança.
A mulher disse que por várias vezes, mesmo vendo que a criança não saía, os profissionais não agiram.
“Eles ficaram pedindo para minha filha colocar força e nada da criança sair. O bebê estava preso. Não poderia ser um parto normal. Teve uma hora que ele deu um corte, já que a criança não saía. Quando o bebê saiu, não estava mais com vida. Não estava mais respirando”, afirmou.
Em nota, a Santa Casa de Valença informou que realizou todos os procedimentos regulares necessários em relação ao parto. A unidade ainda informou que a gestante tinha realizado o pré-Natal adequadamente e apresentava o feto em boas condições.
"Todo o trabalho de parto transcorreu normalmente e sem eventualidades. Foi feita a ausculta do feto, que apresentava os sinais normais. A bolsa se rompeu por volta das 11 horas da manhã, quando foi observado que o líquido amniótico apresentava-se espesso em decorrência de grande quantidade de mecônio. O parto normal foi realizado por volta das 11h40, avaliado que tecnicamente não havia nenhuma indicação de cesariana. A criança já nasceu sem vida. Foram realizadas as manobras de reanimação, porém não houve sucesso", diz a nota.
O hospital afirma que o parto não foi realizado por estagiários. É um hospital de ensino, que possibilita estudantes de faculdades da região acompanharem procedimentos realizados na unidade, mas o parto foi acompanhado por uma enfermeira obstétrica, com um médico obstetra presente no Centro de Parto Normal à disposição para possíveis eventualidades, bem como a presença de um médico pediatra - procedimento padrão em um Centro de Parto Normal.
O hospital ainda destacou que realiza uma média de 100 partos mensais, com excelente taxa de êxito no que diz respeito à saúde do binômio mãe/filho. A Santa casa também informou que a unidade conta com enfermeira obstetra, médico obstetra e pediatra no setor diariamente, 24 horas por dia.
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