quarta-feira, 17 de julho de 2019

Mãe de paciente denuncia negligência em maternidade do Rio após filha perder bebê

Dona de casa contou que filha buscou ajuda para sangramento, mas que ela foi liberada. Gestante denuncia que recebeu lista de compras antes de ser internada.


Paciente perde bebê em maternidade que falta o básico

Uma paciente da maternidade Maria Amélia Buarque de Hollanda, no Centro do Rio, perdeu o bebê depois de ir duas vezes à unidade de saúde em busca de ajuda por causa de um sangramento.

A dona de casa Dayse Cristina de Araújo, mãe de Mara Cristina, que estava grávida de três meses contou que ela buscou ajuda, mas disseram que não havia problema.

“Na quinta ela veio aqui. Estava com sangramento. Aí falaram que estava bem. Estava tudo bem com o neném. Só não iam auscultar o coração porque o aparelho estava quebrado. Eles não bateram ultra”, explicou Dayse.

Mara foi liberada mas o sangramento voltou na segunda-feira (15). Quando ela procurou a maternidade, já era tarde e o bebê havia morrido.

A Secretaria Municipal de Saúde afirmou que vai apurar as denúncias apresentadas pelas pacientes.

Outra paciente, a manicure Lorrane de Carvalho Rondon, está grávida de 38 semanas e só foi examinada após passar o dia inteiro na sala de espera.

“Eu estava com a minha pressão altíssima. Aí eles me deixaram esperando pra fazer o cardiograma do neném. Aí eu só consegui fazer agora. Meia-noite”, destacou Lorrane.

Mães e famílias acusam a Maternidade Maria Amélia Buarque de Hollanda de negligência 

Falta de insumos


As pacientes também reclamam de falta de insumos básicos. A manicure contou que recebeu uma lista de compras antes de ser internada com pedido de compra de colchão, travesseiro, fraldas, álcool 70 e até algodão.

“É humilhante. É um momento tão especial que a gente tem na nossa vida. E um hospital, que é para a gente ter o nosso neném, a gente chega aqui e é tratado desse jeito”, explicou Lorrane.

Elas reclamam também da demora no atendimento e que algumas gestantes chegam a esperar por até oito horas. Além das mães, os funcionários contaram que só receberam a metade do salário este mês.

“Não temos a previsão de quando sairão os outros 50%. Está todo mundo trabalhando muito, muito revoltado mesmo. Porque é um absurdo. A gente não trabalha pela metade. A gente tem nossas contas a pagar. As contas correm juros e eles fazem um absurdo desses”, afirmou um funcionário, que preferiu não ser identificado.

Outra denúncia


Não é a primeira denúncia. Uma bebê recém-nascida morreu depois que a mãe ficou três dias em trabalho de parto. A família também acusa o hospital de negligência no atendimento.

Amélia Ferreira Almeida estava na 41ª semana de gestação e deu entrada na unidade hospitalar na última terça-feira (9). Ela ficou internada no hospital por orientação da equipe médica. O trabalho de parto aumentou na quinta-feira (11).

“[O procedimento] Era uma sonda que funciona como um balão no colo do útero. Para fazer a dilatação do útero. Eu não podia fazer mais meu parto induzido com a medicação porque eu já tenho uma cesariana anterior. A obstetra que passou de manhã falou isso. Eles acabaram induzindo meu parto com medicação e isso acabou demorando a noite toda. Começou 16h e foi até 5h”, explicou a mãe da bebê.

Amélia Almeida disse ainda que a criança teve uma parada cardíaca, foi reanimada e não resistiu.

A direção do hospital afirmou que abriu uma sindicância para apurar o caso, e a placenta foi levada para estudo.

“Hoje pela manhã determinei a abertura de uma sindicância, que em 30 dias vai se debruçar em todas as circunstâncias envolvidas nessa tragédia. Para que o neném em final de gestação, ao invés de nascer bem, nascer grave e seu quadro levado ao óbito na UTI neonatal. A placenta foi mandada para estudo para a melhor caracterização do quadro envolvido. Vamos dar uma resposta para a família e à sociedade”, disse o diretor do hospital, Antônio Braga.

Cinco bebês


A questão não é recente. Em 2013, pais de cinco bebês que haviam morrido na Maternidade Maria Amélia Buarque de Hollanda procuraram a polícia. Há relatos de mulheres que ficaram em trabalho de parto durante 25 horas.



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