Henry Greidinger Campos deve pagar R$ 15 mil a autora. Decisão é de segunda instância.
Carro da Polícia Civil em frente ao hospital Daher, no Lago Sul, em Brasília, durante apreensão de computadores e documentos na 2ª fase de operação contra a 'máfia das próteses' |
A 1ª Turma Cível do Tribunal de Justiça do Distrito Federal (TJDFT) negou recurso e manteve condenação que sentenciou o médico Henry Greidinger Campos a indenizar uma paciente em R$ 15 mil. Preso em 2016, ele é acusado de integrar a “máfia das próteses” que fez uma série de vítimas na capital.
O processo em questão foi movido por uma paciente que afirmou ter sido enganada pelo médico. Segundo a autora, Henry Gredinger tentou fraudar o plano de saúde e realizou tratamento que não trouxe melhoria alguma.
A decisão é de segunda instância e cabem recursos aos tribunais superiores. O G1 tenta contato com a defesa do médico.
Troca de procedimentos
No processo, a mulher conta que procurou o especialista em abril de 2016, após sentir dores constantes e intensas na coluna. Durante a consulta, o médico recomendou a realização de uma rizotomia interfacetária, procedimento não invasivo e realizado a laser.
No entanto, a paciente afirma que, após o tratamento, observou que havia levado pontos nas costas, o que não estava previsto. A mulher questionou o médico e ele disse que decidiu, por conta própria, realizar um outro procedimento, já que o plano de saúde da paciente não teria aprovado o anterior.
Desconfiada com a atitude do especialista, a mulher procurou o plano de saúde, que afirmou ter aprovado solicitações para três procedimentos, inclusive o que o médico alegou ter sido negado. Assim, Henry Greidinger receberia por tratamentos que não realizou.
Operação policial
Três meses após o caso, a Polícia Civil do DF deflagrou a Operação Mr. Hyde, que teve como alvo a “máfia das próteses” que enganava pacientes na capital. Ao identificar Henry Greidinger como um dos presos na ação, a autora procurou outro especialista.
Policiais apreendem computadores na sede da Secretaria de Saúde, na Asa Norte, na terceira fase da operação Mr. Hyde |
De acordo com a mulher, o segundo médico afirmou que as condições físicas dela eram as mesmas de antes do tratamento. Por isso, em 2017, ela teve que passar novamente por procedimento e acionou a Justiça contra o médico.
Em defesa, Henry Greidinger voltou a afirmar que o convênio não havia liberado o material necessário para a intervenção prescrita inicialmente. O médico alegou que, por isso, teria realizado outro procedimento para tentar diminuir as queixas de dor da paciente.
O especialista afirmou ainda que houve insucesso no tratamento, e que isso não pode ser confundido com erro médico.
Decisão da Justiça
Em primeira instância, a Justiça concedeu o pedido da paciente e condenou o médico a indenizá-la em R$ 15 mil. Segundo o juiz Rodrigo Otavio Donati Barbosa, que analisou o caso, o médico agiu com “negligência e imperícia”.
“Restou demonstrada falha na prestação do serviço médico prestado pelo primeiro réu, que atuou de forma dolosa ao deixar de informar que realizaria outro procedimento, que não aquele inicialmente informado à autora, bem como ao utilizar-se de justificativa falsa para explicar essa conduta”, afirmou.
A decisão foi mantida em segunda instância. Para o desembargador Teófilo Caetano, relator do processo, “resta inconteste de dúvidas que o profissional médico não adotara o adequado procedimento necessário ao tratamento da paciente”.
Henry Greidinger ainda responde a pelo menos outros quatro processos por erro médico na Justiça do DF, além da ação penal em que é acusado do crime de organização criminosa.
Máfia das próteses
A operação que desmontou a “máfia das próteses” no DF ocorreu em setembro de 2016. À ocasião, foram presas 13 pessoas. Atualmente, 16 acusados são réus na Justiça por conta da ação.
Segundo as investigações, o grupo, formado por médicos e empresários do DF, fraudava a necessidade de cirurgias ortopédicas e usava próteses mais baratas para lucrar em cima dos planos de saúde.
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