sábado, 27 de julho de 2019

Família será indenizada em R$ 408 mil por erro médico

Menina de 2 anos morreu após cirurgia equivocada, segundo a decisão judicial



A família de uma menina de 2 anos, que morreu na hospital Padre Albino depois de sofrer uma hemorragia causada por uma cirurgia "equivocada", será indenizada em R$ 408 mil. A condenação é contra o hospital, o médico Silvio Antonio Coelho e o Estado, e foi imposta pelo juiz da 1ª Vara da Fazenda Pública de Rio Preto, Adilson Araki Ribeiro.

O caso é de 2011. Segundo a sentença, os problemas começaram quando a criança foi levada pelos pais ao Ambulatório Médico de Especialidades (AME) de Votuporanga com sintomas de ressacamento de fezes. Depois de ser atendida, a menina começou a evacuar com sangue, desmaiou e foi levada para a Santa Casa.

No hospital, um raio-X do tórax apontou que a criança tinha bolhas no pulmão esquerdo, "sendo que ela deveria ser transferida para a UTI", afirma trecho da decisão de Araki. Os médicos encontraram a vaga pelo SUS em Catanduva, no hospital Padre Albino. Em vez da UTI, porém, a menina foi colocada no quarto.

Com novos exames, de acordo com a Justiça, a equipe médica do Padre Albino afirmou que a criança tinha uma doença congênita, a qual precisava ser corrigida com uma cirurgia. A mãe chegou a mostrar um ultrassom da gravidez para provar que a criança era saudável. "Além disso, soube que o médico (...) não era especialista em pulmão", aponta Araki.

O juiz ainda cita que a família pediu transferência para Rio Preto, o que não foi concedido a tempo. O médico fez uma drenagem do tórax esquerdo na criança, a menina sofreu sangramento intenso no tórax, teve uma parada cardiorrespiratória e morreu. Segundo os laudos, a cirurgia foi equivocada. Enquanto a tomografia diagnosticou "hérnia diafragmática", no prontuário o médico atestou "adenomatose cística do pulmão esquerdo". "Erro diagnóstico e consequentemente na indicação da drenagem do tórax esquerdo", afirma a perícia. O laudo também apontou que a falta da UTI prejudicou o quadro.

Durante o processo, o médico negou erro. A Fundação Padre Albino e o Estado também negaram responsabilidades. Para o juiz, o hospital deveria ter providenciado o leito de UTI. Já o médico foi condenado por negligência e o Estado por ser o responsável pelo SUS. O pagamento da indenização deve ser dividido entre os três.

O advogado de defesa da família, Anderson Gasparine, considera que houve Justiça. Os réus ainda não foram intimados. Procurados pela reportagem, as defesas do hospital, do médico e a Procuradoria Geral do Estado informaram que, assim que forem notificados, vão analisar a chance de recursos.

O caso

  • Os pais levaram a criança até o AME de Votuporanga porque a filha estava com sintomas de ressecamento de fezes
  • Após a consulta, a menina desmaiou e foi levada à Santa Casa de Votuporanga - um raio-X constatou bolhas no pulmão e os médicos recomendaram transferência para a UTI
  • O sistema SUS apontou o hospital Padre Albino, em Catanduva, como local com vaga. Porém, a internação foi no quarto
  • Após exames, médico recomenda cirurgia - mesmo sem ser especialista. Pais pedem transferência para Rio Preto, mas pedido não é atendido
  • Três dias depois da internação, após procedimento cirúrgico, menina tem infarto e morre
  • Segundo perícia, o diagnóstico do médico foi errado e o procedimento contribuiu para causar a morte - a menina tinha hérnia diafragmática, em vez de adenomatose cística do pulmão
O juiz condenou o hospital Padre Albino, o médico e o Estado



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