quarta-feira, 3 de julho de 2019

Hospital Barros Barreto mantém taxa de mortalidade mais de 10% acima da média nacional

Médicos denunciam condições alarmantes do hospital ao Sindmepa e ao CRM



A condição de precariedade do Hospital Universitário João de Barros Barreto (HUJBB), em Belém, unidade de referência de atendimento de doenças infecto-contagiosas preocupa as entidades representativas dos profissionais de saúde.

A situação é tão alarmante, que em 2018, o HUJBB atingiu um patamar de 15,75% na taxa de mortalidade institucional - é obtida pela relação percentual entre o número de óbitos que ocorreram após pelo menos 24 horas da admissão hospitalar do paciente, em um mês, e o número de pacientes que tiveram saída do hospital (por alta, evasão, desistência do tratamento, transferência externa ou óbito) no mesmo período.

Esses números significam que em um mês, em cada 100 pessoas internadas no Hospital Barros Barreto, 16 não sobrevivem e mantém o hospital bem acima da média nacional de mortalidade institucional, que é de cerca de 5% dos pacientes.

A direção do hospital afirma que "a taxa de mortalidade institucional está acima da média devido ao perfil assistencial configurado para a unidade dentro do Estado. Diversos casos recebidos envolvem uma complexidade e estágios da doença mais avançados, tais como meningite, única instituição referência na região, HIV, com muitos pacientes já em estágio terminal, tuberculose, pneumonia e certos tipos de câncer". 

Pediatras denunciam as más condições de atendimento no Barros Barreto 

a equipe de pediatrias do HUJBB denunciou ao Sindicato dos Médicos do Pará (Sindmepa) as condições precárias do setor de pediatria da instituição, que segundo o documento assinado por quinze médicos, "vem prejudicando a qualidade do serviço prestado pela equipe de saúde aos pacientes internados". O HUJBB integra a estrutura da Universidade Federal do Pará (UFPA).

O documento cita falta constante de medicamentos, inclusive, antibióticos - o HUJBB é um hospital de referência para doenças infecciosas, portanto, a falta de antibióticos compromete os tratamentos de saúde. Também denuncia que há falta de aparelhos para aferição de pressão arterial, monitor de pulso e outros; tábuas para reanimação cardiopulmonar, máscaras de oxigênio, aparelhos de ventilação mecânica, entre tantos outros equipamentos fundamentais para os tratamentos de saúde da instituição.

Também foi denunciada a deterioração da estrutura física do hospital, citando que há vários leitos interditados (204 A, B, C, D e outros três leitos da área de isolamento), além de ausência de sala de procedimento e atendimento de intercorrências no tratamento de pacientes; mau funcionamento da rede de gases (oxigênio e ar comprimido); falta de manutenção dos equipamentos, entre outros.

Os médicos citam ainda que falta leito na Unidade de Terapia Intensiva (UTI), deixando os pacientes mais graves em enfermarias em condições inadequadas e outros problemas considerados graves.

O documento com as denúncias foi enviado ao Sindmepa dia 4 de junho. Dia 19, o sindicato encaminhou a denúncia à presidência do Conselho Regional de Medicina para que juntas as duas entidades solicitem reunião em caráter emergencial, com a finalidade de discutir propostas de intervenção e de soluções para melhoria das condições de trabalho dos médicos do HUJBB.   

O Sindmepa também enviou o documento dos pediatras ao superintendente da Empresa Brasileira de Serviços Hospitalares (Ebserh), médico Paulo Roberto Amorim, com pedido de reunião de trabalho para tratar das denúncias.

Anteriormente, no mês de maio deste ano, o Sindmepa e o Conselho Regional de Medicina receberam denúncia dos médicos do setor de pneumologia do Hospital Barros Barreto, também narrando a situação de precariedade do atendimento aos pacientes, falta de medicamentos, equipamentos precários e em desuso, entre outros problemas. 

Na nota enviada ao portal Roma News a direção do Barros Barreto afirma que "não tem medido esforços para aprimorar os atendimentos da unidade com a contratação de cerca de 750 profissionais via concurso público para o complexo hospitalar da UFPA (inclui também o Hospital Universitário Bettina Ferro de Souza), revitalização de enfermarias e banheiros da clínica cirúrgica e inauguração de um novo parque de diagnóstico por imagem, para citar alguns exemplos".


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