terça-feira, 31 de outubro de 2017

Padre faz desabafo sobre atendimento do Hospital Maicé

Após a perda de um familiar, o Padre Valmir Pasa lamentou a ineficácia no atendimento e diagnóstico do paciente


Nesta quarta-feira (25), o Padre Valmir Pasa, atualmente na paróquia de Arroio Trinta, usou o Facebook para expressar a situação desagradável que vivenciou recentemente no Hospital Maicé de Caçador. Após a perda do familiar, Gilson Jose Pasa, de 39 anos, o pároco lamentou o descaso no atendimento de pacientes.

Até o momento a direção do Hospital Maicé não se manifestou sobre o caso. Confira a postagem da rede social do padre na íntegra;

Ainda consternados e profundamente sentidos pela partida do nosso querido e amado Gilson, gostaríamos de agradecer pelas muitas manifestações de apoio, carinho e consolo através das mídias e pessoalmente.

Vivemos um misto de sentimentos. A tristeza da perda, a agonia da dúvida e a revolta da ineficácia no atendimento enquanto doente.

Ainda não sabemos qual enfermidade acometeu nosso irmão. Mas temos certeza do que o matou.

Acusamos as unidades de saúde que atenderam o paciente desde a terça-feira pela ineficiência no diagnóstico e incompetente busca pela causa da enfermidade. Por que não foram solicitados exames? Acusamos a burocracia do hospital que não facilitou o médico especialista cuidar do paciente. Acusamos o relaxo do hospital ao permitir que acompanhantes de outro paciente fumassem no quarto do hospital, ao lado de um paciente com agravado quadro de pneumonia.

Acusamos a indolência de parte da equipe de enfermagem inerte, apática e indiferente. A falta de educação em cada vez que solicitada para algum procedimento. Poderiam se orientar pelo exemplo da equipe da emergência, tão poucos e tão atuantes.

Acusamos a falta de amor, acolhida, cuidado, consciência e responsabilidade das irmãs dos Santos Anjos e a equipe de administração. Lembramos o que diz o Evangelho: “a quem é dado muito, é cobrado muito!” A vocês foi dada a missão de salvar. Nos questionamos sobre como têm cumprido sua vocação. Por mais que saibamos que precisam ser rigorosos na administração e gerenciamento de receitas e despesas, empenhem-se, de igual forma e com o mesmo entusiasmo, na humanização do Maicé.

Acusamos a negligência médica e a falta de humildade do plantão em não passar o caso para especialistas. Acusamos a falta de médicos no Maicé e a aparente máfia que impede que outros médicos atuem. Acusamos a falta de respeito do médico na fala: “os sinais vitais dele estão melhores que os meus!”. Onde esse médico foi velado e enterrado?

Enquanto perdíamos nosso Gilson, presenciamos falta de maca, de pessoas, o que fez com que a recepcionista da emergência solicitasse nossa ajuda para carregarmos um paciente, em estado grave, até o interior do hospital. Presenciamos várias ambulâncias chegando com pacientes em situação de urgência, outros pacientes no internamento sem ter quem os atendesse e o único plantonista esgotado, ineficaz e desorientado.

Ressoarão em nossos ouvidos os apelos dos funcionários do hospital como um pedido de ajuda. Um grito de socorro por não suportarem mais o que acontece ali todos os dias. Surpreende-nos seus depoimentos da arrogância dos médicos ao ponto de outros profissionais da saúde identificarem um deles pela alcunha “cavalo”.

Concluímos que o Hospital Maicé de Caçador não precisa apenas de leitos, aparelhos e equipamentos de última geração e alta tecnologia. Precisa mais e urgentemente de cuidadores responsáveis, profissionais da saúde rigorosamente éticos e que amem a sua vocação.

Desejamos que o cuidado seja o mesmo para pobres e ricos. Que o tratamento pelo SUS não seja regrado pelo abandono até a ânsia da morte com o intuito de obrigar as famílias recorrer aos custeio das altas despesas.

O Gilson é amado e querido por nós, sua família e seus amigos. Sua morte é a nossa dor. Mas quantos e quantas já foram vítimas da mesma irresponsabilidade. Quantas vezes já ouvimos a frase: “só não me internem no Maicé”. Esta frase ganha sentido quando alguém próximo da gente se torna vítima. Imagino que haja muitas verdades por detrás destas palavras que nós mesmos não sabemos. Se você sabe e quer que essa mortandade acabe, junte-se a nós pela campanha por mais ética e em favor da humanização do Maicé, para que alguém de sua família ou você próprio não seja mais uma vítima deste descaso.

Padre Valmir Pasa
Mestrado em Bioética

Após morte de idosa, família acusa o SAMU de Cajazeiras de negligência; médicos defendem o órgão

A senhora Maria do Rosário Gomes estava lutando contra um câncer há quase um ano e seu estado de saúde, que já era terminal, se agravou na tarde da segunda (23)



A morte de uma idosa de 62 anos na madrugada desta terça-feira (24) gerou polêmica em Cajazeiras. É que os familiares e uma cuidadora de idosos acusa o SAMU de negligência. Segundo eles, o serviço se negou a enviar uma ambulância para levar a idosa ao hospital.

A senhora Maria do Rosário Gomes estava lutando contra um câncer há quase um ano e seu estado de saúde, que já era considerado terminal, se agravou na tarde da segunda-feira (23).

A cuidadora Edjane Abel Alves disse que entrou em contato com o SAMU várias vezes solicitando uma ambulância para levar a idosa ao Hospital Regional de Cajazeiras, mas a atendente teria negado, alegando que o caso não era de urgência, e a médica de plantão chegou a discutir com os familiares da paciente.

Depois de muita insistência sem resultado, a família entrou em contato com o vereador Neto Neto da Vila Nova, e só depois disso é que a ambulância foi enviada. Mas horas depois a idosa faleceu no HRC.

“A médica disse que caso de urgência era um infarto, um acidente, um tiro, uma fratura grave, isso não era caso para o SAMU ir buscar ela, e desligava o telefone na nossa cara”, conta a cuidadora.

O outro lado

Os médicos Davi Granjeiro, coordenador geral do SAMU, e Pablo Leitão, coordenador médico, negaram que tenha havido negligência. Segundo Davi, a ambulância não foi enviada imediatamente porque ela já estava atendendo outro caso de urgência.

Já Pablo Leitão defendeu a médica de plantão dizendo que a intensão dela foi orientar a família a passar os últimos momentos ao lado da idosa e não interná-la no hospital, já que, devido ao estado de saúde de dona Maria do Rosário, certamente ela iria falecer.

Falsa médica usava o Google para dar diagnóstico aos pacientes

Falsa médica usou o Google para diagnosticar nariz quebrado, diz paciente

Reprodução

Uma mulher foi presa, suspeita de atuar como falsa médica na Santa Casa de Ibirá, no interior paulista. De acordo com informações da polícia, a suspeita, de 41 anos, atendia usando o nome de uma médica de São Paulo – o carimbo usado nas receitas com o número do CRM teria sido furtado da clínica da profissional. Em um dos casos, de um paciente em Tabapuã (SP), ela chegou a pesquisar  no Google o diagnóstico sobre o que fazer em caso de nariz quebrado pelo celular:

“Eu cheguei para a consulta e ela pegou o celular. Expliquei que levei uma pancada no nariz e ela começou a pesquisar no Google. Disse para eu ficar de repouso por uma hora no hospital. Se eu tivesse ânsia de vômito seria mais sério”, afirmou o operador de lojas Luan Henrique dos Santos.

Henrique disse que quebrou o nariz enquanto cortava galhos de uma árvore na casa dele. Após o acidente, foi até o hospital da cidade e a falsa médica era a plantonista na hora. Ele estava com a mãe e uma tia, e elas chegaram a pedir um raio X, mas a falsa médica disse que não era necessário. Henrique então procurou um hospital em Catanduva (SP).

“Eu fui então procurar um hospital em Catanduva fazer o raio X e aí constatou que estava com o nariz quebrado. Ela não tinha passado nenhuma medicação para dor”, afirmou.

A polícia informou que a falsa médica confessou o crime de usar o carimbo furtado na delegacia e deve responder por falsa identidade e exercício ilegal da profissão. A suspeita disse também que é formada em medicina na Bolívia, mas não apresentou documentação.

A Santa Casa de Ibirá, onde a estelionatária trabalhou, disse que foi induzida ao erro pela criminosa, que apresentou os documentos necessários pra contratação. O delegado que investiga o caso disse que emitiu um aviso para outras delegacias e que vai solicitar que outras vítimas sejam ouvidas sobre o caso. A polícia chegou até a estelionatária depois de denúncia dos próprios funcionários do local, que desconfiaram dela.

O Conselho Regional de Medicina do Estado de São Paulo (Cremesp) informou também que abriu sindicância para investigar como ela conseguiu atender tantos pacientes.

Gestação de três meses é interrompida por erro em atendimento no Hospital São Lucas

De acordo com gestante, atendimento na unidade foi autorizado somente após acionar a Polícia Militar


Uma jovem de 22 anos, que estava em seu terceiro mês de gestação, após sentir dores na região abdominal e identificar sangramento, buscou atendimento no Hospital e Maternidade São Lucas onde enfrentou problemas que ocasionaram um aborto, de acordo com a família.
 
O primeiro contato com o hospital aconteceu na quarta-feira, dia 11. Com fortes dores e sangramento, Letícia Cristina Xavier Barbosa buscou a unidade médica preocupada com o feto. Ao chegar, deparou-se com duas gestantes em trabalho de parto e a informação de que, por ordens que partiram de um telefonema, não haveria atendimento para as pacientes.
 
Foi necessário acionar a Polícia Militar e registrar Boletim de Ocorrência para que o atendimento acontecesse.
 
Exames foram feitos e Letícia recebeu a notícia de que tudo estaria bem, além de nenhum sangramento ter sido detectado, mesmo com a paciente utilizando absorvente. Foi receitada medicação para casa e a jovem foi liberada.

Dois dias depois, na sexta-feira, as dores voltaram ainda mais fortes, com sangramento contínuo. Novamente no São Lucas recebeu atendimento e fora levantada a suspeita de aborto, que poderia ser confirmada com um ultrassom.
 
“A médica disse que eu precisava de um ultrassom, mas que no São Lucas, apesar de ter as máquinas, não tinha gente pra mexer e eu só ia conseguir fazer em clínicas particulares, na segunda-feira”, lembra Letícia, que recebeu apenas analgésico na veia e foi liberada.
 
No domingo, quando as dores aumentaram, assim como o sangramento, Letícia foi levada ao Hospital Nardini, em Mauá.
 
Após receber atendimento, soube através dos médicos que estaria abortando, uma vez que o feto estaria morto em seu ventre desde quarta-feira, quando o sangramento teve início, não sendo identificado pelos médicos no Hospital São Lucas.
 
“Hoje posso dizer que o atendimento do [Hospital] São Lucas foi péssimo. Precisei de ajuda da Polícia para ser atendida e acho que eles nunca poderiam se negar a atender três mulheres grávidas”, desabafa a jovem, que é moradora de Ouro Fino Paulista, onde realizava o acompanhamento pré-natal, completando: “Eles me deram a melhor coisa que podiam me dar: a tranquilidade.

 Quando ouvi de uma médica que tudo estava bem comigo e com o bebê, fiquei tranquila, mesmo com o sangramento. Por causa da minha calma, soube só no domingo, quatro dias depois, que meu bebê estava morto dentro de mim.”
 
Com o feto morto em seu corpo, Letícia esteve correndo riscos de infecções graves. De acordo com ela, mesmo após o aborto, ainda não se viu livre de dores.
 
Questionada acerca do atendimento prestado à jovem, a Prefeitura de Ribeirão Pires não se manifestou até o fechamento da edição.

sexta-feira, 27 de outubro de 2017

Mãe de rapaz morto em cirurgia passa por ‘Via Crucis’

Fernanda Chagas conseguiu provas que acusam os médicos




Depois de quase cinco anos de luta para provar que houve erro médico por parte de quatro médicos de Campos, em procedimento cirúrgico que resultou na morte do seu filho Fernando Iuri Chagas Rangel, 19 anos(foto acima), a funcionária da área administrativa da concessionária Águas do Paraíba, Fernanda Gomes Chagas, 45 anos(foto ao lado), disse que espera que, agora diante das provas apresentadas pelo Ministério Público Estadual(MPRJ), que os envolvidos sejam punidos, “para que não possam tirar a vida de outros jovens”.

-  Diante de todas essas provas, não há dúvidas de que eles são assassinos, eles tiraram a vida do meu filho. Que eles possam pagar, que tenham o diploma cassado, que sejam punidos. A gente confia que o médico vai nos curar, nos salvar. Nunca mais eu fui a mesma. Eles destruíram a vida de uma mãe – disse, em lágrimas, Fernanda Chagas em entrevista ao Campos 24 Horas.


VIA CRUCIS DEPOIS DA MORTE


Para conseguir provas de que realmente seu filho não teve o pronto atendimento devido, Fernanda Chagas contou com a ajuda, principalmente, de funcionários do hospital onde houve o procedimento cirúrgico, que relataram que existiam câmeras em diferentes ambientes do hospital, inclusive, na Unidade de Terapia Intensiva (UTI). Fernanda explica que, a partir desta informação, começou outra luta, a de conseguir as imagens. Para isso, explica, precisou ir ao hospital inúmeras vezes. E acrescenta que, somente depois das pessoas ficarem “cansadas” da sua presença constante, resolveram liberar as imagens.

– Quando meu filho veio a óbito, a gente começou a receber muitas ligações e mensagens dizendo que foi um erro do hospital e da equipe médica, que estava ausente e em outra cirurgia. Todo o hospital informando que o que fizeram com meu filho foi uma barbaridade, uma barbeiragem, tanto do hospital quanto da equipe. Daí, no dia 3 de janeiro a gente foi à delegacia, fez a queixa crime, foi aberto inquérito e começou a investigação. Eu fiz manifestações quase que diárias exigindo as imagens que iam provar a ausência do anestesista e a ausência do cirurgião que era o responsável e que terceirizou, mandou outro fazer a cirurgia, porque ele estava em outra sala, por ganância, quantidade de cirurgias, sem cumprir a responsabilidade que foi delegada para ele. Eu confiei a saúde do meu filho a ele. Eu acompanhei no MP até ontem (terça-feira, 25), quando a gente recebeu a notícia da denúncia que o MP apurou e comprovou a culpa deles – explica a mãe de Iuri.

O INÍCIO DE TUDO

Fernando Iuri Chagas Rangel, que era soldado do 56º Batalhão de Infantaria (BI), em Campos, no dia 13 de dezembro de 2013 sofreu acidente de moto, que o deixou com uma fratura na clavícula e lesão em uma das pernas, sendo de imediato removido para o Hospital Ferreira Machado (HFM). Por ter plano de saúde, no dia 18 foi transferido para um hospital particular da cidade, onde teria que ser operado para colocação de um pino do braço fraturado. No dia 26 veio a óbito.

– Ele não tinha problema nenhum de saúde, era soldado do Exército, um rapaz muito saudável. O que eu quero agora é justiça – finaliza a mãe de Fernando Iuri, Fernanda Chagas.

MPRJ

O cirurgião Paulo Cézar Mota da Rocha e o anestesista Luis Bernardo Vital Brasil Bogado foram denunciados por homicídio doloso e falsidade ideológica. O dolo eventual ficou caracterizado pelo fato de os dois terem assumido o risco da morte do rapaz, com a omissão de deveres de cuidado, ao injetarem pesadas drogas sem ofertar oxigênio suplementar e praticando cirurgias e anestesias simultâneas. Os médicos Rocklane Viana Areas e Hugo Manhães Areas foram denunciados por falsidade ideológica.

Família de bebê morto após atendimento acusa médicos de negligência

Médicos só pediram exames após a terceira ida da criança ao hospital.




Em Goiás, a família de um bebê que estava prestes a completar dois anos acusa a equipe médica de um hospital de negligência. Os pais procuraram a unidade de saúde porque a criança apresentava febre e não ingeria alimentos, mas os exames só foram solicitados após a terceira ida ao hospital. Os médicos então constataram um quadro de bronquiolite que evoluiu posteriormente para pneumonia. A criança chegou a ser transferida para Brasília, mas não resistiu.

Secretaria de Saúde Municipal apura morte de recém nascido no hospital das clinicas de Jataí

Grávida perde bebê e família denuncia possível erro médico em maternidade do hospital das clinicas de Jataí.

JTI

Um bebê recém-nascido morreu pouco tempo depois do parto nesta terça-feira (24), a família acredita que a morte da criança foi motivada após a mãe ficar vários dias sentido dores e o médico insistindo em esperar por um parto normal que não acontecia.

O caso ocorreu no Hospital das Clinicas de Jataí, hospital municipal referencia na região.

A família do bebê acredita que a morte foi ocasionada por negligência médica.

Familiares protestaram nas redes sociais, e no final da tarde desta quarta-feira (25), fizeram uma manifestação na porta do Hospital.


Após denúncia de demora em atendimento, família de bebê morto em hospital faz protesto; criança é enterrada

Grupo percorreu ruas da cidade com cartazes pedindo justiça e respeito, em Ituberá, no baixo sul da Bahia.

Cortejo fúnebre reuniu amigos e familiares pelas ruas de Ituberá (Foto: Emilque Souza / Arquivo Pessoal)

Familiares do bebê de apenas 25 dias que morreu durante atendimento no Hospital Municipal Antônio da Costa Pinto Dantas, no município de Ituberá, no baixo sul da Bahia, realizaram uma manifestação na manhã desta quinta-feira (26).

Com cartazes e faixas, o grupo caminhou pelas ruas da cidade e reforçou a denúncia de que o falecimento do bebê teria sido provocado por demora no atendimento e por falta de medicamentos na unidade de saúde. Durante o ato, o grupo chegou a fechar a via que dá acesso à cidade por cerca de duas horas.

O protesto foi realizado após o enterro da criança. O bebê foi velado durante a madrugada desta quinta-feira na casa da avó materna, e foi sepultado no Cemitério Municipal de Ituberá às 10h. Dezenas de pessoas, entre parentes e amigos da família, compareceram à cerimônia e participaram da manifestação.

"Essa foi uma forma da gente brigar por justiça, porque o que aconteceu não dá para continuar. Saí para buscar justiça, para que a morte de meu neto não fiquei impune. Para que a morte de outras pessoas não voltem a ocorrer. A gente tem que dar um basta nisso enquanto pode", contou a avó materna do bebê, Rita de Cássia Reis.

Denúncia


O bebê Lucas Gabriel Oliveira da Conceição morreu na manhã da terça-feira (23), após dar entrada no hospital da cidade. A avó materna da criança contou que o menino, que tinha menos de um mês de vida, deu entrada na unidade médica por volta das 9h. O bebê foi levado para o hospital após apresentar um choro constante, sem nenhuma explicação aparente.

"Os pais entraram na sala de emergência e a médica [plantonista] que atendia saiu por outra para ver a uma mulher que estava na sala de parto. O bebê ficou sendo visto por enfermeiros, que não tinham noção do que fazer. A criança chorava muito e estava ficando roxa. Os pais se apavoraram e uma enfermeira saiu correndo atrás da médica. Meu neto já estava lá há 30 minutos", relata o drama.

Rita diz que a médica foi atender a criança e pediu três tipos de medicamentos, que têm descrições para o tratamento de cólicas. A unidade não tinha os remédios. "A médica perguntou se o pai teria condições de comprar. Ele disse que sim e saiu correndo para o centro da cidade. Ele foi e voltou em questão de 15 minutos, mas quando voltou a médica disse que não tinha mais o que fazer".

Pai que aguardava atendimento para o filho filma funcionárias vendo roupas durante expediente e é detido em MT

Alcindo Palhano disse que gravou vídeo após perceber a demora no atendimento. Em nota, o hospital informou que as funcionárias estariam avaliando uniformes.

Pai de paciente grava funcionárias comprando roupas dentro de unidade de saúde

O pai de uma criança gravou um vídeo em que mostram duas funcionárias de um hospital infantil no município de Rondonópolis, a 218 km de Cuiabá, escolhendo roupas durante o horário de atendimento, nessa quarta-feira (25). Elas chamaram a polícia depois de serem filmadas e o auxiliar de logística, Alcindo Valter Palhano Nogueira, de 31 anos, foi detido.

Por meio de nota, o hospital informou que as enfermeiras estariam avaliando peças de uniformes que seriam confeccionadas para uso dos funcionários.

De acordo com Alcindo, que estava com o filho de dois anos, havia demora no atendimento aos pacientes que estavam na fila de espera para realizar exames. "Eu fiquei conversando com uma mãe que estava no hospital e ela me disse que estava esperando para pegar um exame desde terça-feira (25)", contou.

As funcionárias registraram boletim de ocorrência contra ele por ameaça. A reportagem tentou entrar em contato com as funcionárias que aparecem nas imagens, mas não conseguiu até a publicação desta reportagem

Alcindo, que foi liberado depois de prestar depoimento, contou que duas funcionárias do hospital entraram em uma sala com duas malas grandes e, em seguida, outras mulheres também entraram no local. Alcindo explicou que decidiu gravar o vídeo, pois as funcionárias estavam em horário de trabalho.

"Logo depois que gravei o vídeo, elas voltaram a trabalhar. Elas estavam escolhendo roupas em horário de atendimento", afirmou.

No entanto, as funcionárias, de 42 e 51 anos, ligaram para a Polícia Militar, que foi até o local averiguar a situação. Todos foram para a delegacia para prestar depoimento.

Segundo o relato das enfermeiras do hospital no boletim de ocorrência, o pai teria invadido a sala do pronto-atendimento, dizendo o seguinte: "Vocês não sabem com quem estão se metendo".

Alcindo conta que pretende recorrer à Justiça por causa da denúncia que elas fizeram contra ele. "Vou procurar a Justiça. Já arrumei um advogado e estou sendo instruído para entender contra quem vou recorrer", disse.

quinta-feira, 26 de outubro de 2017

Bebê morre em hospital e família denuncia demora no atendimento; vídeo mostra desespero dos pais com criança no colo

Caso ocorreu no Hospital Antônio da Costa Pinto Dantas, no município baiano de Ituberá. Menino tinha 25 dias de vida e causa da morte ainda é desconhecida.

Bebê em casa após parto em Ituberá, no norte da Bahia (Foto: Rita de Cássia Reis / Arquivo Pessoal)

Um bebê nascido há 25 dias morreu no Hospital Antônio da Costa Pinto Dantas, no município de Ituberá, no baixo sul da Bahia, e familiares denunciam que o falecimento foi provocado por demora no atendimento e por falta de medicamento na unidade municipal. A prefeitura nega negligência e disse que a unidade cumpriu todos os requisitos do atendimento de urgência e emergência.

Em entrevista ao G1, a avó do menino Lucas Gabriel Oliveira da Conceição contou o drama enfrentado pelos pais e demais parentes do bebê na manhã de terça-feira (24).
 
"Foi a pior notícia da minha vida. Além de avó, eu sou mãe. Ver minha filha perder um filho, que estava aqui com a gente e que faleceu após ir ao hospital, é muito sofrimento", desabafou Rita de Cássia Reis dos Santos.

A avó materna da criança contou que o menino, que tinha menos de um mês de vida, deu entrada na unidade médica por volta das 9h. O bebê foi levado para o hospital após apresentar um choro constante, sem nenhuma explicação aparente.

"Os pais entraram na sala de emergência e a médica [plantonista] que atendia saiu por outra para ver a uma mulher que estava na sala de parto. O bebê ficou sendo visto por enfermeiros, que não tinham noção do que fazer. A criança chorava muito e estava ficando roxa. Os pais se apavoraram e uma enfermeira saiu correndo atrás da médica. Meu neto já estava lá há 30 minutos", relata o drama.

Rita diz que a médica foi atender a criança e pediu três tipos de medicamentos, que têm descrições para o tratamento de cólicas. A unidade não tinha os remédios. "A médica perguntou se o pai teria condições de comprar. Ele disse que sim e saiu correndo para o centro da cidade. Ele foi e voltou em questão de 15 minutos, mas quando voltou a médica disse que não tinha mais o que fazer".

Lucas Gabriel Oliveira da Conceição nasceu na madrugada do dia 29 de setembro. Ele e a mãe tiveram alta médica cerca de oito horas após o parto. Foram 25 dias em casa, sem apresentar nenhum problema de saúde evidente. "Ele chorava muito. Por ser criança, a gente não conseguiu identificar nenhum problema no início. Quando a situação ficou anormal, procuramos logo socorro médico", explicou a avó.

Após a morte, Rita diz que a médica e a direção do hospital não souberam informar a causa do falecimento. O bebê foi encaminhado ainda na tarde de terça-feira para o Departamento de Polícia Técnica (DPT) de Valença.

Prefeitura nega negligência


Por meio de nota, a Prefeitura Municipal de Ituberá disse que a criança deu entrada para atendimento médico "sendo atendida pela médica plantonista, juntamente com toda equipe de enfermagem e suporte, cumprindo todos os requisitos do atendimento de urgência e emergência cabíveis ao hospital". A prefeitura negou que tenha ocorrido negligência médica.

A gestão municipal ainda falou que, após receber a criança e constatação do estado clínico, foi disponibilizada uma ambulância para transferência do bebê ao Hospital Manoel Novaes, em Itabuna, e que a médica plantonista acionou um outro médico para assumir o plantão, pois ela acompanharia o bebê nesta transferência. "Mas, infelizmente, a criança veio a óbito", disse.

Após o falecimento, a prefeitura afirma que a direção do hospital e equipe médica seguiram os procedimentos exigidos pelo Conselho Federal de Medicina (CFM), de que qualquer paciente que chega a um hospital público e vai a óbito nas primeiras 24 horas, deve ser enviado para o Instituto Médico Legal (IML), sendo necessário fazer necropsia para averiguar a causa da morte.

Ainda em nota, a gestão municipal afirmou que o município irá apurar os fatos através de processo administrativo, que já solicitado pelo Secretário Municipal da Saúde, e disponibilizará toda estrutura de cuidados assistenciais à família. "Consternados, nos solidarizamos e pedimos a Deus o conforto para toda família".

Necropsia

 
Ao G1, o delegado titular da 5ª Coordenadoria de Polícia do Interior (Coorpin/Valença), José Raimundo Nery Pinto, confirmou que a necropsia que deve indicar a causa da morte do bebê foi realizada na manhã desta quarta-feira (25) e que o corpo deve ser liberado para os familiares até o início da tarde.

Raimundo Nery disse o laudo da morte deve sair em 10 dias e encaminhado para a delegacia de Ituberá, que deve ter um prazo de 30 dias para encerrar inquérito. "Se o bebê morrer em virtude algum ilícito penal, alguém deverá ser responsabilizado. Ainda é prematuro para saber".

A avó disse que prestou queixa sobre o caso na delegacia de Ituberá. O G1 ligou para a unidade policial, mas foi informado que a delegada titular só estaria no local no turno da tarde.

Casal acusa erro médico no HM

HM | "Falaram que era normal", diz paciente sobre arranhões em filho
Arquivo | TODODIA Imagem


Um casal afirma que seu filho foi vítima de erro médico no HM (Hospital Municipal) Waldemar Tebaldi, em Americana Eles apontam que, no parto da mulher, que estava grávida de 39 semanas, o médico rompeu a bolsa com uma agulha para facilitar o procedimento e a bebê nasceu com arranhões nas nádegas. Eles temem que a filha tenha algum problema grave, registraram BO (Boletim de Ocorrência) e pretendem processar o hospital. A prefeitura apura o caso.

A mãe, uma doméstica de 34 anos, foi ao hospital no sábado, com dor. Após ser dispensada por ainda não estar em trabalho de parto, ela voltou na mesma noite, quando as dores aumentaram. A mulher relatou que foi internada na madrugada de domingo e teve dificuldades no trabalho de parto.

"Chegou uma hora em que eu não aguentava mais. Não conseguia mais fazer força, estava sangrando, minha pressão subiu, pedi para ser cesárea que eu não aguentava mais. O médico disse que estava dilatando e que ia ser parto normal. Ele mediu minha pressão, viu que estava alta e voltou com uma agulha para furar a bolsa e estimular a saída da criança", afirmou.

Segundo a doméstica, o médico afirmou que a bolsa estava dura após estourar. "Ele disse que não era para doer, que nunca tinha visto uma bolsa como aquela e continuou enfiando a agulha", narrou. Em seguida, o médico informou que a bebê havia defecado dentro da mãe e fez o parto por cesárea às pressas, acrescentou a doméstica. "Me rasgou tudo", acusou.

Depois que a bebê nasceu, o pai da criança, um pintor de 32 anos, foi pegá-la no colo pela primeira vez. Ele disse que percebeu imediatamente que as nádegas da bebê estavam machucadas.

"O susto foi imenso. Achei que podia ser grave, pedi para verem se tinha algo mais, os arranhões eram bem feios. Não quiseram fazer exames e falaram que era normal. Não teve desculpas de ninguém", afirmou ele. De acordo com o pintor, o médico receitou pomadas para passar no local para cicatrizar as feridas.

O casal registrou boletim de ocorrência e diz que vai processar o médico. O caso está sob responsabilidade do 3° DP (Distrito Policial) e foi registrado como lesão corporal culposa. Eles devem realizar exame de corpo delito na criança hoje, no IML (Instituto Médico Legal), e têm até seis meses para representar contra o médico.

"Pode acontecer alguma coisa com ela, estamos preocupados", comentou o pai.

O TODODIA não conseguiu localizar o médico pelo Facebook e em catálogo telefônico online. No hospital, a informação divulgada foi de que ele não estava de plantão na noite de ontem.

Pai busca justiça para filha vítima de erro médico em Juazeiro



A família acusa o Hospital Unimed de Juazeiro de negligência. (Foto: Reprodução)

Em dezembro de 2012, Ricardo Brandão perdeu sua filha Júlia Nascimento Rocha, de 6 anos, devido a uma sequência de erros médicos no Hospital Unimed, em Juazeiro. Com a aproximação do julgamento o pai busca justiça.

Ricardo Brandão concedeu uma entrevista ao programa Super Manhã, da Rádio Jornal, onde revelou detalhes sobre o processo de erro médico e a morte de sua filha. Ele informou, que na manhã do dia 3 de dezembro levou Júlia ao hospital. Ela estava com febre, vômito e dor de cabeça.

“Depois ficamos sabendo que os sintomas já eram indícios de algo mais grave, como de fato era. Ela foi medicada e no final da tarde foi liberada. Depois com a investigação foi verificada a falha neste atendimento, na liberação”, informou Ricardo.

Depois de liberada, durante a noite Júlia passou mal novamente e foi levada ao hospital. “De início foi levantada a possibilidade de uma doença grave, mas deram alta assim mesmo. Depois conseguimos a prova documental de que ela (a médica) não poderia ter dado alta para a minha filha”.

Em um segundo atendimento o procedimento foi o mesmo, com medicação e repouso e outra médica internou Júlia, que estava com sintomas de desidratação. “Desde o início ficamos sabendo que seria necessário o exame do líquido cefalorraquidiano (LCR) que identifica a ocorrência da meningite, viral ou bacteriana”, afirma o pai, usando como base o longo processo reunido em três anos.

Com quase 4 mil páginas, o processo está dividido nas esferas criminal, civil e administrativo.  Nesta quarta-feira (25) acontecerá algumas audiências ligadas as questões criminais. A família também aguarda o resultado do processo ético que corre em segredo de justiça.

“O relatório da delegada Licelma Gomes, concluiu que ouve por parte da investigação policial a incursão dos acusados no artigo 121, homicídio culposo. Um ato criminal que esses médicos pediatras estão sendo julgados”, explica.

Com o andamento dos processos Ricardo Brandão afirma que não busca vingança pela morte de sua filha. “Eu, minha família e amigos temos uma expectativa muito grande de que a justiça seja feita. Não estamos buscando vingança contra ninguém, só queremos que a medicina possa ser praticada de forma mais humanitária”, explica.

Sobre a falta de humanização, Ricardo disse que sua filha ficou internada por quatro dias e chegou a ser amarrada. “Ela sentia tanta dor e gritava, amarraram os braços da minha filha porque ela puxava os cabelos de tanta dor que ela sentia e neste momento a médica que estava de plantão atendeu de forma muito restrita e foi muito rápida”, desabafa.

A família acusa o hospital de negligência e afirma que o atendimento na instituição é precário. Todas as informações foram comprovadas através de diversos laudos feitos por peritos, utilizados no processo.



MPRJ denuncia cirurgião e anestesista por homicídio doloso, em decorrência de erro médico



Após três anos e nove meses, finalmente Fernanda Chagas, mãe do jovem Fernando Iuri Chagas Rangel, morto aos 19 anos após complicações neurológicas decorrentes de uma cirurgia eletiva realizada em um hospital particular de Campos, conseguiu que os quatro médicos que atenderam o seu filho fossem denunciados pelo Ministério Público do Estado do Rio de Janeiro (MPRJ), por meio da 1ª e da 2ª Promotoria de Justiça de Investigação Penal de Campos. De acordo com nota do MPRJ, enviada à Folha da Manhã, o cirurgião Paulo Cézar Mota da Rocha e o anestesista Luis Bernardo Vital Brasil Bogado foram denunciados por homicídio doloso e falsidade ideológica. Já os médicos Rocklane Viana Areas e Hugo Manhães Areas foram denunciados por falsidade ideológica, no mesmo procedimento.

Segundo o MP, o dolo eventual ficou caracterizado pelo fato de os dois terem assumido o risco da morte do rapaz, com a omissão de deveres de cuidado, ao injetarem pesadas drogas sem ofertar oxigênio suplementar e praticando cirurgias e anestesias simultâneas. Ainda de acordo com nota enviada pelo Ministério Público, o fato foi comprovado por vídeos da cirurgia que teriam revelado que, apesar da previsibilidade quanto à evolução e aos efeitos dos remédios que aplicava, o anestesista não agiu de forma a conter os riscos mortais que decorreriam da depressão respiratória advinda da sua ação médica.

A nota diz que Luis Bernardo manteve a vítima em respiração espontânea em ar ambiente, sem ofertar aporte suplementar de oxigênio e, principalmente, sem manter vigilância constante e permanente do paciente, conforme preconiza resoluções do Conselho Federal de Medicina (CFM).

O vídeo revelaria ainda que depois de disparados os alarmes de anormalidades vitais no corpo do paciente, o anestesista teria permanecido alheio e indiferente ao quadro fisiológico que se instalava na vítima, ficando inerte por mais 6 minutos e 3 segundos. “Não houve dúvidas, portanto, que o segundo denunciado deixou o paciente entregue à sorte divina, sem adotar providência ou ação, apesar de ser o único garantidor responsável pelo controle dos sinais vitais da vítima”, ressalta a denúncia. Ao todo, de acordo com o MP, o anestesista se manteve fora da sala cirúrgica por mais de 36 minutos, dos 45 minutos de cirurgia, até soarem os alarmes dos sinais vitais monitorados.

Para Fernanda, mãe de Iuri, foi uma luta diária provar que o filho foi morto por negligência dos médicos. Segundo ela, Fernando foi operado junto com mais três pessoas ao mesmo tempo. Ela disse que o filho morreu por falta de oxigênio.

— Fernando Iuri foi morto porque eles, os médicos, após a cirurgia, não deram a assistência necessária. O mapa cirúrgico mostra que mais duas pessoas estavam agendadas no mesmo horário. O que causou a morte do meu filho foi a queda da língua por falta de oxigênio. Em 45 minutos de cirurgia, de entrada e saída do anestesista na sala não dava 15 minutos. Ele não foi entubado. Os anestésicos usados causaram esse problema com a língua. Ele não poderia ter saído do lado dele e muito menos deixar de entubar quando a máquina deu o sinal. Ele só apareceu após 20 minutos do meu filho parado. Todos eles mataram o meu filho — disse Fernanda revoltada.

De acordo com a denúncia, o cirurgião Paulo Cézar realizava cirurgias simultâneas, previamente agendadas e eletivas. Paulo teria deixado de suspender o ato ou de convocar o anestesista de plantão de forma a substituir o profissional de sua escolha, que insistia em se manter fora da sala cirúrgica.

Ainda segundo a denúncia, as agendas das cirurgias, todas programadas e eletivas, registram que os dois médicos trabalharam em diferentes salas até às 20h do dia da cirurgia de Fernando Iuri. Paulo realizou dez cirurgias e Bernardo, dezoito. Ambos teriam atuado em várias cirurgias simultâneas, sem qualquer indicativo de urgência ou emergência.

Segundo o Ministério Público, a realização de anestesias simultâneas é considerada uma prática atentatória à ética médica, por comprometer seriamente a segurança do paciente.

De acordo com a nota enviada pelo MP, ao final do procedimento, os dois escamotearam as informações reais do procedimento cirúrgico realizado, registrando no prontuário médico dados e informações que não condiziam com a verdade. Junto com Paulo César e Luis Bernardo, os outros dois denunciados teriam omitido, no prontuário médico, declarações que deveriam constar no documento.

Acusados ainda não foram notificados

O médico Hugo Manhães Areas, que também foi denunciado, disse, ao ser procurado pela Folha da Manhã, que não vai falar sobre o assunto. Já o advogado do cirurgião Paulo César, Elvio Araújo, informou que pretende falar sobre o assunto quando tomar conhecimento da denúncia.

Os médicos Rocklane Viana Areas e Luis Bernardo Vital Brasil Bogado não foram localizados pela equipe.

Em nota, o Hospital Dr. Beda informou que, “a respeito do paciente Fernando Iuri Chagas, em 2013, a direção do hospital esclarece que colaborou, em todos os níveis, no processo de investigação do fato. Até ontem, o hospital Dr. Beda não havia recebido nenhum tipo de citação por parte do Ministério Público, ou qualquer outro tipo de comunicado relacionado ao fato”.

Bebê morre após parto complicado e Justiça condena médico e hospital

Mulher, que ficou mais de 40 horas em trabalho de parto, nunca foi informada sobre a situação de risco de sua gravidez


Um hospital municipal do Oeste catarinense foi condenado a indenizar os pais de um bebê que morreu em decorrência de complicações durante o parto. A decisão é da 2ª Câmara de Direito Público do Tribunal de Justiça de Santa Catarina (TJ-SC), que entendeu que em nenhum momento do pré-natal a mulher foi informada sobre sua situação de risco. A Justiça também condenou o médico obstetra que realizou o acompanhamento da paciente durante toda a gravidez e esteve com ela no momento de dar à luz.

De acordo com os autos, a autora da ação se dirigiu ao hospital no fim da gestação com dores na lombar, discreta perda de líquidos e contrações fortes e espaçadas. Ela foi internada, mas o médico lhe disse que ainda não estava pronta para o parto e ministrou-lhe somente analgésicos. Após 40 horas é que a equipe resolveu iniciar o procedimento para o nascimento do bebê – e mesmo assim o parto só ocorreu oito horas depois da decisão. Durante o período em que a paciente ficou em observação, o médico não teria feito nenhum acompanhamento adequado a respeito da evolução da gestante e do feto. 

Segundo o casal, em nenhum momento o médico cogitou a realização de uma cesariana. A criança nasceu com apneia e parada respiratória, morrendo alguns dias depois. O atestado de óbito constatou que a causa da morte foi “choque séptico – anoxia neonatal grave – aspiração de mecônio maciça – recém-nascido alto risco de vida”. Para o casal, o falecimento ocorreu devido à falta de monitoramento durante o período em que a mulher passou no hospital. 

Em sua defesa, hospital e médico alegaram que a causa mortis seria o cordão umbilical envolto ao pescoço do bebê, o que não foi acolhido. Para o desembargador Francisco Oliveira Neto, relator da matéria no TJ-SC, restou claro o sofrimento fetal durante o procedimento. O magistrado também citou que o nascimento de crianças com o cordão enrolado no pescoço é fato comum e que, por si só, não causa a falta de oxigenação.

Levando em consideração a negligência por parte dos réus, o juiz condenou-lhes ao pagamento de R$ 60 mil à mulher e R$ 40 mil ao marido, por danos morais.

quarta-feira, 25 de outubro de 2017

Bebê morre logo após trabalho de parto na maternidade e família acusa equipe médica de negligência



Bebê morreu logo depois de nascer. Arquivo Pessoal


A família de um bebê que faleceu na noite de ontem (24), no Hospital e Maternidade Dom Orione (HDMO) em Araguaína, aponta que a morte da criança ocorreu por negligência médica.

A gestante de 17 anos e o esposo Edgar Soares Gomes (37 anos) que é lavrador, estavam à espera do primeiro filho que era uma menina e recebeu o nome de Laura Gabrielly, mas a criança morreu logo depois de nascer.

A jovem estava grávida de pouco mais de 39 semanas, quando na madrugada de terça-feira (24), começou a sentir dores e foi internada na maternidade para ganhar o bebê.

Ao Portal O Norte, Marivelth Soares Gomes, cunhada da mãe da criança que a acompanhou no hospital contou que: “Ela fez todos os exames de pré-natal, estava tudo bem com a mãe e o bebê mas durante o período de internação ficou claro que ela não ia conseguir ter normal, só que ao invés de fazer uma cesária nela os médicos insistiam que deveria ter normal e aplicaram medicamentos de força. Depois de muito sofrimento a médica percebeu a complicação mas não tinha mais como voltar atrás. Laurinha nasceu mas não resistiu”, lamentou.

A cunhada da gestante disse que por conta das complicações e esforço para sua retirada, a criança estaria com vários hematomas na cabeça que ficou deformada. “A equipe médica não teve a atenção necessária, foram horas de tentativas e infelizmente Laura Gabrielly não sobreviveu”, lamentou afirmando que a pediatra que atendeu a criança logo depois do nascimento relatou que Laura sofreu uma parada cardíaca.

Abalada a mãe da criança deve receber alta hoje. O corpo de Laura Gabrielly está sendo velado por amigos e familiares do casal no município de Barra do Ouro.

A família disse que não vai deixar passar a morte da criança em branco e deve acionar a justiça para apurar a causa do falecimento do bebê. “Não podemos deixar uma situação dessa impune, para nós se foi uma parte insubstituível da nossa família”, observou Estela Gomes Moura, sobrinha de Edgar.

Resposta da Maternidade

Em uma breve nota encaminhada ao site, o Hospital e Maternidade Dom Orione informou que a paciente internada em início de trabalho de parto evoluía com boa dilatação, no entanto, "No período expulsivo de trabalho de parto, feto apresentou alteração do ritmo cardíaco, realizado manobras de agilização do parto, porém sem sucesso, evoluindo para óbito", conlcuiu. 

MPRJ denuncia cirurgião e anestesista de Campos por homicídio doloso em decorrência de erro médico

O Ministério Público do Estado do Rio de Janeiro (MPRJ), por meio da 1ª e da 2ª Promotoria de Justiça de Investigação Penal de Campos dos Goytacazes


O Ministério Público do Estado do Rio de Janeiro (MPRJ), por meio da 1ª e da 2ª Promotoria de Justiça de Investigação Penal de Campos dos Goytacazes, denunciou quatro médicos envolvidos na morte do jovem Fernando Iuri Chagas Rangel, ocorrida em dezembro de 2013, resultante de complicações neurológicas decorrentes de anestesia em cirurgia eletiva. A acusação foi feita após término das investigações conduzidas diretamente pelos promotores de Justiça.

O cirurgião Paulo Cézar Mota da Rocha e o anestesista Luis Bernardo Vital Brasil Bogado foram denunciados por homicídio doloso e falsidade ideológica. O dolo eventual ficou caracterizado pelo fato de os dois terem assumido o risco da morte do rapaz, com a omissão de deveres de cuidado, ao injetarem pesadas drogas sem ofertar oxigênio suplementar e praticando cirurgias e anestesias simultâneas.  Os médicos Rocklane Viana Areas e Hugo Manhães Areas foram denunciados por falsidade ideológica.

No dia do crime, Luis Bernardo aplicou forte medicação anestésica em Fernando Iuri, utilizando-se da associação de Inoval, Dormonid e Ketalar. De acordo com laudo pericial, os três medicamentos, somados ao bloqueio de plexo, podem “causar depressão respiratória isoladamente”, resultando na “potencialização dos seus efeitos em razão da associação feita”, evoluindo-se para uma “parada cardíaca se não estivesse mantida vigilância constante”.

Vídeo integral da cirurgia revelou que, apesar da previsibilidade quanto à evolução e aos efeitos dos remédios que aplicava, o anestesista não agiu de forma a conter os riscos mortais que decorreriam da depressão respiratória advinda da sua ação médica. Luis Bernardo manteve a vítima em respiração espontânea em ar ambiente, sem ofertar aporte suplementar de oxigênio e, principalmente, sem manter vigilância constante e permanente do seu paciente, conforme preconiza resoluções do Conselho Federal de Medicina (CFM).

As imagens revelam que, logo após aplicar a anestesia, Luis Bernardo abandonou a sala cirúrgica, deixando o paciente anestesiado sem qualquer acompanhamento ou providência paliativa. O livro de registros cirúrgicos da enfermagem e os prontuários de outros pacientes revelaram que, no dia do crime, Paulo Cézar e o anestesista programaram e realizaram diversas cirurgias e anestesias simultaneamente, o que é terminantemente proibido pelo Conselho Regional de Medicina (CRM) e pelo CFM.

“O risco de depressão respiratória não foi amenizado ou contido por nenhuma outra prática médica, demonstrando não se importar com a vida alheia e unicamente interessado no proveito financeiro das suas três anestesias simultâneas e particulares”, diz a denúncia referindo-se a Luis Bernardo.

Disparados os alarmes de anormalidades vitais no corpo do paciente, o que era revelado pelos sinais visuais e sonoros do monitor anestésico, Bernardo permaneceu alheio e indiferente ao quadro fisiológico que se instalava na vítima, ficando inerte por mais  6 minutos e 3 segundos, conforme verifica-se no vídeo.

“Não houve dúvidas, portanto, que o segundo denunciado deixou o paciente entregue à sorte divina, sem adotar providência ou ação, apesar de ser o único garantidor responsável pelo controle dos sinais vitais da vítima”, ressalta a denúncia. Ao todo, o anestesista se manteve fora da sala cirúrgica por mais de 36 minutos, dos 45 minutos de cirurgia, até soarem os alarmes dos sinais vitais monitorados.

Paulo Cézar, por sua vez, era o titular e chefe da equipe cirúrgica, responsável exclusivo pela composição de sua equipe. Durante toda a cirurgia e todo o período que antecedeu a intervenção da equipe por ele chefiada, tinha pleno conhecimento de que o anestesista escolhido realizava três ou quatro anestesias simultâneas.

De acordo com a denúncia, Paulo decidiu assumir os riscos da sua omissão. Apesar de titular e chefe de uma equipe, também realizava cirurgias simultâneas, previamente agendadas e eletivas. Paulo deixou de suspender o ato ou de convocar o anestesista de plantão de forma a substituir o profissional de sua escolha, que insistia em se manter fora da sala cirúrgica.

As agendas das cirurgias, todas programadas e eletivas, registram que os dois médicos trabalharam em diferentes salas de cirurgia até as 20 h do dia do crime. Paulo realizou dez cirurgias; e Bernardo, dezoito. Ambos atuaram em várias cirurgias simultâneas, sem qualquer indicativo de urgência ou emergência. A realização de anestesias simultâneas é considerada prática atentatória à ética médica, por comprometer seriamente a segurança do paciente.

Ao final do procedimento, os dois escamotearam as informações reais do procedimento cirúrgico, registrando no prontuário médico dados e informações que não condizem com a verdade. Junto com Paulo e Bernardo, os outros dois denunciados omitiram, no prontuário médico, declarações que dele deveriam constar.

“Igualmente inserindo declaração falsa ou diversa da que devia ser escrita, com o fim de prejudicar direito e alterar a verdade sobre fato médico e juridicamente relevante, em prejuízo da vítima Fernando Iuri Chagas Rangel, de seus familiares e dos órgãos técnicos de controle da atividade médica”, destaca a denúncia.

Embora no prontuário assinado pelos médicos, conste o nome de Paulo como cirurgião titular e de Rocklane como médico assistente, o vídeo e os depoimentos revelam que, na verdade, Rocklane atuou como titular e Hugo como cirurgião assistente. A ausência de Paulo em grandes períodos de tempo se deu em função de sua atuação concomitante em outras cirurgias.

Família denuncia hospital após morte de menino de 4 anos

Criança foi levada ao hospital no sábado, acabou dispensada e morreu no domingo

Renan tinha 4 anos: família critica atendimento de hospital

A família do pequeno Renan Gomes Suzarte, de apenas 4 anos, denunciou o Hospital Municipal de Monte Mor por negligência após a morte do menino, na tarde deste domingo (22).

Os pais levaram Renan ao hospital na manhã de sábado, com febre baixa, coriza e tosse. Ele foi medicado e liberado, mas à noite retornou porque estava com dores na região do abdômem. Os médicos pediram que os pais levassem a criança no domingo para fazer exames.

Pelos documentos do hospital, é possível ver que a criança fez exames de sangue e urina no domingo de manhã. Mas, à tarde um raio-x finalmente apontou que Renan estava com penumonia.

Pelas anotações do pronto atendimento, às 17h Renan teve uma parada cardíaca e às 18h morreu. Já no prontuário da enfermagem, a enfermeira-chefe pede a notificação para doenças hemorrágicas.

Um outro documento confirma a dúvida da causa da morte: dengue hemorrágica ou pneumonia. Renan foi enterrado nesta segunda-feira (23).

O hospital informou que os procedimentos foram corretos e que no sábado os sintomas do menino indicavam apenas uma virose. Uma sindicância só será aberta depois que o laudo do IML (Instituto Médico Legal) com as causas da morte for divulgado.

A Secretaria de Estado de Segurança Pública informou que corpo do menino foi liberado para a família às 7h desta segunda-feira. O laudo com a causa da morte não foi concluído, pois o médico-legista solicitou um novo exame. Após a finalização, o laudo é encaminhado ao delegado do caso que poderá dar uma cópia aos familiares. A ocorrência foi registrada como morte suspeita e está sendo investigada pela Delegacia de Monte Mor.

O Conselho Regional de Medicina do Estado de São Paulo (Cremesp) informou que também abrirá uma sindicânca para apurar a conduta dos profissionais responsáveis pelo atendimento. De acordo com o Cremesp, a sindicância leva, em média, de seis meses a dois anos para ser concluída.

Se for considerado culpado, o profissional pode receber cinco penas: advertência confidencial em aviso reservado; censura confidencial em aviso reservado; censura pública em publicação oficial; suspensão do exercício profissional por até 30 dias ou cassação do exercício profissional.

terça-feira, 24 de outubro de 2017

Pai espera médico por oito horas no Pronto Socorro de Rio Branco: “estou angustiado!”





O pai de uma criança de um ano e oito meses, Alisson Souza, denunciou a situação angustiante pela qual passou no Hospital de Urgência e Emergência de Rio Branco (Huerb), nesta quinta-feira, dia 19. Transferido de uma UPA, o pai diz que chegou ao hospital central por volta das 13 horas, mas até as 21 horas, a filha não havia sido avaliada por um especialista.

Segundo Souza, a criança engoliu um caroço de milho que foi parar nos pulmões, o que estava deixando-a com muita dificuldade para respirar. Diante do quadro, os médicos teriam sedado a menina para que ela não ficasse agitada. Ela chorava muito entre as medicações. O pai disse que a falta de informações é um problema no hospital.

“O médico disse que não viu nada, e aí chamou um médico especialista, mas ele está de sobreaviso, entraram em contato num primeiro momento, e ele estaria vindo para o PS, mas a informação agora é que o médico está na Fundação, e quando ele resolver lá, ele vem para cá. Sem informação correta, estou angustiado, e a gente recorre a vocês para saber o que fazer”, diz o pai.

Segundo uma funcionária do Huerb, que trabalha no setor pediátrico, o médico não teria aparecido na unidade desde aquela manhã. “Eu não o vi aqui hoje. Já ligara, mas ele não apareceu. Primeiro disse que viria, e depois de umas quatro horas, falaram que ele só ia vir amanha para olhar outras crianças que estão aguardando também. A gente não controla o médico”, disse.

A Direção do Hospital de Urgência e Emergência de Rio Branco (Huerb) informou na manhã desta sexta-feira, dia 20, que a situação já foi resolvida. Por telefone, o pai também afirmou que após a ida da reportagem ao hospital o médico se dirigiu até lá e atendeu a filha. Um procedimento também será feito na manhã de sexta para retirada do caroço de milho.

Segundo apurou ac24horas, um médico de sobreaviso tem até 24 horas para atender um pacientes que está em observação no hospital. Essa é uma regra que vale tanto para as crianças, como para os adultos.

Apenas 1,9% dos processos contra médicos catarinenses terminam em cassação do registro profissional




Foto: André Ávila / Agencia RBS

Erro médico, prescrição de medicamento não aprovado, assédio sexual e abandono de paciente. Essas são algumas denúncias feitas contra médicos que atuam em Santa Catarina e que foram julgadas no Conselho Federal de Medicina (CFM) entre 2010 e abril deste ano. Dos 211 processos que passaram por todas as instâncias administrativas da área médica e envolviam profissionais do Estado, apenas 1,9% terminaram em cassação do registro profissional, número abaixo inclusive do resto do país, cuja média é de 2,7%. Do total de queixas, 71% acabam em absolvição ou penas brandas e confidenciais, sem divulgação pública.

Neste intervalo de sete anos apenas quatro médicos catarinenses foram impedidos permanentemente de exercer o ofício em Santa Catarina. Os dados foram repassados pelo CFM, via Lei de Acesso à Informação. É o conselho federal que julga os recursos de processos encaminhados pelo Conselho Regional, além de todos os casos que envolvem cassação da carteira profissional. O corregedor-geral do CFM, José Fernando Vinagre, reforça que os julgamentos seguem todos os passos do Código de Processo Ético-Profissional.

Apesar de ser inferior a 2%, Vinagre considera o número de cassações alto, por serem ações definitivas. Ele explica que as punições permanentes estão relacionadas, principalmente, a casos de "desvio de caráter":

— Os casos de estupro, abusos sexuais e pedofilia normalmente terminam na cassação do médico. Isso também ocorre com médicos que fazem aborto, nos casos que ferem a legislação. O critério tem que ser muito justo, porque nem fazendo curso de medicina de novo ele pode voltar a exercer o ofício — diz. 

Dos quatro processos com médicos catarinenses que acabaram em cassação nos últimos sete anos, três foram por abuso sexual e um por erro médico em uma lipoaspiração. Mas o corregedor garante que as cassações por erros não são comuns. 

— Sou obrigado a dar o melhor em termos de terapêutica, procedimentos, mas não posso garantir que aquilo vai funcionar, se não ninguém mais morria. Tem que ter essa correlação entre o ato do médico e o dano que foi causado ao paciente.

SC é o quarto Estado com maior número de processos julgados no CFM nos últimos sete anos. Se analisado o total de 14 mil médicos que atuam em SC, a cada 67 médicos há um processo julgado no conselho. E a cada 3,5 mil há um processo de cassação. Vinagre afirma que no país todo a tendência é de que aumente esse número de denúncias, impulsionadas pela credibilidade dos conselhos junto à sociedade e ao maior número de médicos formados – cerca de 30 mil por ano.

Penas mais brandas têm função pedagógica, diz especialista

O advogado Maurício Batalha Machado, presidente da Comissão de Saúde da Ordem de Advogados (OAB), defende que é difícil comprovar esses erros médicos porque precisam estar muito bem caracterizados. Ainda assim, negligência e imperícia respondem pela maior parte (32,7%) das causas dos processos contra os profissionais de Santa Catarina no CFM. Mas a maioria dos casos não leva a punições duras aos profissionais. Do total de processos de médicos catarinenses julgados pelo CFM, um a cada quatro (24%) terminou em absolvição para o profissional. Mesmo quando condenados, a maior parte das punições foi branda: advertência ou censura confidencial (37%) – quando a condenação consta apenas no prontuário do médico e não é divulgada publicamente. 

O corregedor-geral do CFM diz que há função pedagógica nestas penas mais brandas, elas representam impactos para os médicos, principalmente os éticos: 

— É muito pesado para o médico que cumpre suas funções bem. O processo pode ser muito custoso, porque pode se contratar um advogado e pode vir acompanhado de pedidos de indenização na área cível.

O advogado especialista em direito médico Marcos Vinicius Coltri já defendeu pelo menos 100 médicos em processos nos conselhos. Ele explica que em muitos casos a denúncia pode não corresponder a uma infração prevista no Código de Ética, então o Conselho não pode punir.

— No julgamento, se houver dúvida, o Conselho deve absolver o médico, pois não pode haver condenação ética quando há dúvida. Na dúvida, a decisão deve ser em favor do médico denunciado – acrescenta Coltri.

Machado pondera, no entanto, que, assim como os advogados não têm conhecimento técnico para clinicar, os médicos não têm para julgar processos. O que poderia levar a decisões equivocadas. Coltri, que atua em São Paulo, defende que muitos advogados também não conhecem a fundo o Código de Ética Médica e, do outro lado, alguns conselheiros não conduzem o julgamento da forma mais adequada, o que pode levar à anulação. Caso o paciente ou o médico se sintam injustiçados com o resultado, podem ingressar com ação judicial e buscar anular o processo ético.

Mas Machado acredita que na maioria dos casos o mais importante para o paciente seja o ressarcimento e a punição criminal, não as sanções administrativas. 

— A suspensão ou a advertência acaba sendo um complemento da satisfação do direito que o paciente busca. A plenitude está na indenização financeira ou na condenação judicial, esse que é o maior objeto das demandas que a gente vê. 


Maior parte das ações é contra setor administrativo


A administração do hospital é a principal área alvo dos processos, seguida de cirurgia plástica e ginecologia e obstetrícia. Essas especialidades têm o maior número de ações contra profissionais de Santa Catarina no Conselho Federal de Medicina (CFM). A administração está relacionada a problemas, por exemplo, de falta de materiais ou profissionais. Nestes casos, a denúncia recai sobre o diretor técnico da unidade. 

A cirurgia plástica responde por um a cada 10 processos. O presidente da Sociedade Brasileira de Cirurgia Plástica - Regional Santa Catarina (SBCP-SC), Iberê Pires Condeixa, diz que a maioria são reclamações relativas a procedimentos feitos por médicos que não são especialistas na área. Além disso, cita que o resultado da cirurgia plástica é subjetivo, o que também pode levar a denúncias dos pacientes. Sobre os processos relacionados à ginecologia e obstetrícia, o presidente da sociedade dessa especialidade em SC, Ricardo Maia Samways, afirma que esse é um cenário mundial e está relacionado principalmente a complicações no parto.

Processo leva anos para ser julgado

Um dos casos públicos mais recentes envolvendo processo contra médico em Santa Catarina foi do nutrólogo Omar César Ferreira de Castro. Em junho deste ano, a Justiça o condenou a 62 anos de prisão por sete estupros a pacientes, em Florianópolis. Ele foi preso em fevereiro do ano passado, acusado de ter cometido crime sexual contra pelo menos 14 pacientes. Um ano e oito meses depois, o Conselho Regional de Medicina de SC ainda não julgou o caso. Se a condenação for a cassação, punição esperada para estes crimes, ainda terá de passar pelo julgamento no CFM.

O corregedor-geral do CFM, José Fernando Vinagre, explica que em casos de crime sexual é dado prioridade no julgamento no conselho até porque o exercício da profissão oferece risco à sociedade. Sem comentar esse caso específico, por tramitar em segredo, o corregedor do CRM-SC, João Francisco Bernardes, defende que o órgão tem realizado os julgamentos em bom ritmo. Neste ano, por exemplo, teria praticamente zerado as denúncias de 2014 e agora analisa as dos últimos dois anos – as ações têm prazo de cinco anos para prescrever. 

O Conselho recebe em torno de 200 denúncias por ano, mas, segundo o corregedor, "um número expressivo não se confirma e o médico não tem a responsabilidade dos fatos que lhe são imputados". 
— A gente acaba recebendo um grande número de denúncias que a culpa, digamos assim, advém das más condições de trabalho. E as pessoas, como não conhecem os administradores ou gestores, vêm se queixar contra a única pessoa que conhecem: o médico. São denúncias que não têm uma base que sustente uma condenação. 

Desde 1970 até setembro deste ano foram 2,1 mil médicos julgados pelo Conselho Regional de Medicina de Santa Catarina, quase metade (46,4%) foram absolvidos. Nestes 47 anos, foram apenas 20 cassações, o que representa 0,9% do total dos processos. Sendo que, depois de passar por todas as instâncias, apenas sete tiveram de fato o registro cassado. Para Bernardes, esse resultado de absolvições e cassações demonstram um cenário positivo do Estado: 

— O baixo número de penalizações ou penas mais gravosas traduzem que temos uma medicina de qualidade e de pessoas bem preparadas.

 PROCESSOS NO CRM-SC ENTRE 1970 E SETEMBRO DE 2017
Absolvidos - 989 46,4%
Condenados - 1.143 53,6%, sendo 20 cassados
25% dos processos, em média, acabam em recurso no CFM
200 denúncias em média por ano
Tempo de prescrição do processo: cinco anos

COMO FUNCIONA O PROCESSO DE INVESTIGAÇÃO DE UM MÉDICO

Qualquer pessoa pode denunciar médicos no Conselho Regional de Medicina (CRM). Depois de protocolada a denúncia, ela é apurada. Toda denúncia é obrigada a ser apurada, independentemente do teor. Inicialmente é instaurada uma sindicância, quando são solicitados esclarecimentos ao médico, documentos, entre outros.

O corregedor do CRM nomeia um dos 42 conselheiros que fica responsável por fazer um relatório dessa sindicância, que será apreciada numa câmara de julgamento. Nesta etapa, se decide pelo arquivamento da denúncia ou se será transformada em processo ético-profissional.

Caso a denúncia seja convertida em processo, ela vai a julgamento. São cinco penas previstas em caso de condenação: advertência confidencial; censura confidencial (ambas constam apenas no prontuário do médico, sem acesso público); censura pública (publicação no Diário Oficial e em jornal que circula no local de atuação do profissional); suspensão por até 30 dias (do registro e depois pode voltar ao trabalho); e cassação (definitiva).

Se o médico acusado ou o denunciante não concordarem com o resultado, podem recorrer ao Conselho Federal de Medicina, que funciona apenas como um órgão recursal. Os casos de cassação precisam obrigatoriamente passar pelo CFM também.

Fonte: CFM

COMO FAZER UMA DENÚNCIA NO CRM-SC
Escreva um documento relatando os fatos ocorridos;
Inclua os nome(s) do médico(s) denunciado(s);
Inclua data e local do ocorrido;
Inclua sua identificação completa (nome completo, CPF, endereço e números de telefones - residencial, comercial e celular), bem como a assinatura no documento;
Caso tenha um paciente envolvido, incluir todas as informações.
Caso tenha provas, anexar.
Apresentar a denúncia assinada e documentada ao Conselho Regional de Medicina (pode ser na sede SC-401, Km 04 Florianópolis, em algumas das delegacias regionais ou pelos Correios). 
Fonte: CRM-SC