A vítima esperou mais de 24 horas para ser encaminhada ao Hospital Geral de Roraima, em Boa Vista
Pedro Barbosa, representante dos indígenas da etnia Xiriana, lamentou que a jovem tenha perdido os dedos das mãos tão nova (Foto: Nilzete Franco) |
Uma indígena de 17 anos, da etnia Xiriana, teve dois dedos da mão direita amputados por conta de um acidente ocorrido no dia 13 de outubro, na comunidade Comini, em terras Yanomami, no município de Amajari, ao norte do Estado, quando a vítima fazia trabalhos manuais em uma máquina de raspagem de mandioca.
Segundo o representante dos indígenas, Pedro Barbosa, a vítima esperou, no posto de saúde da comunidade Ericó, das 6h20 do dia 13 até as 14 horas do dia 14 para ser encaminhada ao Hospital Geral de Roraima (HGR), chegando em Boa Vista às 16 horas. Quando chegou, a indígena teve um dos dedos da mão direita amputado. Ontem, 18, o segundo dedo foi retirado para que a jovem não corresse mais riscos.
Conforme o representante da comunidade, o médico do posto onde a indígena foi atendida entrou em contato imediatamente via rádio com o Distrito Sanitário Especial Indígena Yanomami (Dsei-Y) para que uma aeronave fosse deslocada à comunidade para fazer a remoção da jovem. “A solicitação foi atendida pelo Dsei, mas até agora nós não sabemos o motivo exato do avião não ter chegado à comunidade a tempo. Isso é um descaso. Essa moça padeceu muito”, contou Barbosa. “Passaram mais de 24 horas para a remoção da jovem, por conta disso o tecido da mão dela foi necrosado. No HGR, o médico disse que não podia fazer muita coisa, pois tinha passado muito tempo e a única solução era amputar os dedos”, acrescentou.
Segundo Pedro Barbosa, o Dsei alega que atendeu à solicitação, mas a aeronave teria se deslocado para outra região. Ainda, conforme o representante, o piloto alega que a má condição do tempo teria impossibilitado a ida até o local. “Nós queremos respostas exatas, o verdadeiro motivo dessa demora. Isso é inadmissível. Uma jovem de apenas 17 anos com tudo pela frente agora terá muitas dificuldades devido a isso”, lamentou.
DSEI-Y – A Folha tentou contato com o Distrito Sanitário Indígena Yanomami (Dsei-Y) durante todo o dia de ontem, mas até o fechamento dessa edição não obteve resposta. (E.M)
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