terça-feira, 31 de outubro de 2017

Gestação de três meses é interrompida por erro em atendimento no Hospital São Lucas

De acordo com gestante, atendimento na unidade foi autorizado somente após acionar a Polícia Militar


Uma jovem de 22 anos, que estava em seu terceiro mês de gestação, após sentir dores na região abdominal e identificar sangramento, buscou atendimento no Hospital e Maternidade São Lucas onde enfrentou problemas que ocasionaram um aborto, de acordo com a família.
 
O primeiro contato com o hospital aconteceu na quarta-feira, dia 11. Com fortes dores e sangramento, Letícia Cristina Xavier Barbosa buscou a unidade médica preocupada com o feto. Ao chegar, deparou-se com duas gestantes em trabalho de parto e a informação de que, por ordens que partiram de um telefonema, não haveria atendimento para as pacientes.
 
Foi necessário acionar a Polícia Militar e registrar Boletim de Ocorrência para que o atendimento acontecesse.
 
Exames foram feitos e Letícia recebeu a notícia de que tudo estaria bem, além de nenhum sangramento ter sido detectado, mesmo com a paciente utilizando absorvente. Foi receitada medicação para casa e a jovem foi liberada.

Dois dias depois, na sexta-feira, as dores voltaram ainda mais fortes, com sangramento contínuo. Novamente no São Lucas recebeu atendimento e fora levantada a suspeita de aborto, que poderia ser confirmada com um ultrassom.
 
“A médica disse que eu precisava de um ultrassom, mas que no São Lucas, apesar de ter as máquinas, não tinha gente pra mexer e eu só ia conseguir fazer em clínicas particulares, na segunda-feira”, lembra Letícia, que recebeu apenas analgésico na veia e foi liberada.
 
No domingo, quando as dores aumentaram, assim como o sangramento, Letícia foi levada ao Hospital Nardini, em Mauá.
 
Após receber atendimento, soube através dos médicos que estaria abortando, uma vez que o feto estaria morto em seu ventre desde quarta-feira, quando o sangramento teve início, não sendo identificado pelos médicos no Hospital São Lucas.
 
“Hoje posso dizer que o atendimento do [Hospital] São Lucas foi péssimo. Precisei de ajuda da Polícia para ser atendida e acho que eles nunca poderiam se negar a atender três mulheres grávidas”, desabafa a jovem, que é moradora de Ouro Fino Paulista, onde realizava o acompanhamento pré-natal, completando: “Eles me deram a melhor coisa que podiam me dar: a tranquilidade.

 Quando ouvi de uma médica que tudo estava bem comigo e com o bebê, fiquei tranquila, mesmo com o sangramento. Por causa da minha calma, soube só no domingo, quatro dias depois, que meu bebê estava morto dentro de mim.”
 
Com o feto morto em seu corpo, Letícia esteve correndo riscos de infecções graves. De acordo com ela, mesmo após o aborto, ainda não se viu livre de dores.
 
Questionada acerca do atendimento prestado à jovem, a Prefeitura de Ribeirão Pires não se manifestou até o fechamento da edição.

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