quinta-feira, 5 de outubro de 2017

Mulher acusa hospital do Rio de discriminação após decidir dar o filho para adoção

'Queria ter passado por isso de maneira tranquila, sem ter a sensação de que eu estava cometendo um crime', disse a mãe do bebê.
 
Gestante que decidiu doar bebê denuncia discriminação em hospital público após o parto
 
Uma mulher que decidiu doar o filho para adoção denunciou que foi discriminada por médicos e enfermeiros, dentro do Hospital Albert Schweitzer, em Realengo. Aos 20 anos, entre tantas dúvidas, ela teve uma certeza: aos quatro meses de gravidez, decidiu entregar o bebê para adoção.
 
"Quando eu descobri que estava grávida e desempregada, bateu aquele desespero. Cheguei a comprar os remédios, mas eu não queria fazer aquilo, tirar a vida de uma criança. Eu sabia que depois que ele nascesse, ele seria levado para uma família substituta. E eu queria que ele continuasse recebendo amor", disse a mulher.
 
De acordo com o juiz Sérgio Luiz Ribeiro de Souza, titular da 4° vara da Infância, Juventude e Idoso da capital, a gestante que deseja entregar o seu filho pra adoção tem o direito de procurar a Vara da Infância e Juventude.
 
"Ela também pode comunicar isso diretamente ao profissional de saúde, esses profissionais têm que manter o sigilo da informação, e, por obrigação legal, têm que comunicar a Vara da Infância e Juventude sobre essa decisão", explicou o juiz. Entretanto, no dia do parto, no Hospital Municipal Albert Schweitzer, aconteceu tudo ao contrário, segundo ela.
 
"Sofri muita discriminação no hospital. Sofri da médica, dos enfermeiros. No hospital, eles fazem muita pressão. Havia um pedido para eu não ter contato com o bebê. Disse que eu não queria amamentar. Minha decisão, nada do que eu pedi foi respeitado", comentou a mulher.
 
O hospital foi avisado da decisão dois meses antes, segundo o juiz. "Essa criança deveria ir pra um acolhimento e não ter contato com a mãe, por desejo dela, mas houve ali uma série de condutas irregulares."
 
A mãe do bebê contou que pessoas entravam no quarto para questioná-la. "Me olhavam como se eu fosse um bicho. Houve um caso de uma senhora invadir meu quarto e me pedir pra dar a criança pra ela porque ela queria muito e que eu estava dando a criança. Queria ter passado por isso de maneira tranquila, sem ter a sensação de que eu estava cometendo um crime".
 
O Hospital Albert Schweitzer afirmou que a mãe e o bebê ficaram separados durante a internação, que a criança foi entregue ao Conselho Tutelar assim que teve alta, e que a equipe de saúde vai ser ouvida para esclarecer o que aconteceu.
 
O Ministério Público informou que pediu ao hospital os nomes dos profissionais que atenderam a paciente para que eles sejam interrogados.
 

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