quarta-feira, 22 de novembro de 2017

Cega de um olho espera em fila por cirurgia pelo SUS e médico afirma: 'Vou operá-la quando eu quiser'

Declaração foi registrada em vídeo pela TV Anhanguera dentro unidade de saúde; ao ser questionado, profissional ofendeu repórter. Depois, por telefone, ele negou as afirmações.

Após declarações, médico Júlio César Leão voltou atrás e disse que vai operar mulher este ano
(Foto: TV Anhanguera/Reprodução)

A dona de casa Cirene de Souza, cega do olho direito por conta de um glaucoma, espera em uma fila do Sistema Único de Saúde (SUS) por uma cirurgia para não perder a visão do olho esquerdo, em Itumbiara, na região sul de Goiás. Questionado pela equipe de reportagem da TV Anhanguera sobre a demora do procedimento, o médico oftalmologista Júlio César Leão disse que só faria a operação no dia em que “ele quisesse” .

Sem saber que estava sendo gravado, o médico ainda ofendeu a repórter da emissora que acompanhava o caso. “Vocês ficam me aporrinhando, sabem que dia que eu vou operá-la? O dia que eu quiser. Sacou? Vai comer merda!”, disse o médico enquanto joga o papel que estava segurando na mesa.

O caso ocorreu na tarde de terça-feira (21) no Instituto de Olhos de Itumbiara, clínica pertencente ao médico e credenciada ao Sistema Único de Saúde (SUS). Por telefone à TV Anhanguera, o médico negou a declaração registrada em vídeo.

Cirene perdeu a visão do olho direito por conta de um glaucoma. Atualmente, ela aguarda para fazer uma cirurgia de urgência, para se livrar da catarata que ameaça o olho esquerdo.

Ela só anda com a ajuda do marido, que sustenta a família com um salário mínimo. Além dela, outras 20 pessoas estão na fila de espera pelo procedimento. Depois das declarações ofensivas à equipe de reportagem, o médico disse que Cirene deve ser operada ainda este ano.

“Ela deve ser operada talvez até o final de novembro ou em meados de dezembro, a gente possa estar fazendo a cirurgia dela”, afirmou.

O G1 entrou em contato, às 7h10 desta quarta-feira (22), por e-mail e telefone, com a Secretaria Municipal de Saúde de Itumbiara e com o Conselho Regional de Medicina de Goiás (Cremego), e aguarda um posicionamento das instituições sobre o caso.

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