Paciente esteve na unidade, no mês passado, para consulta de rotina, quando foi informado que o atendimento havia sido suspenso
Pacientes que realizavam acompanhamento oftalmológico no Hospital São João de Deus (HSJD), em Divinópolis, estão há cerca de um mês sem atendimentos. A denúncia foi feita pelo artista plástico de 67 anos, João Batista da Silva, que foi diagnosticado com glaucoma e esteve no mês passado no hospital para consulta trimestral, porém foi informado que os atendimentos haviam sido cancelados. Segundo o idoso, que não tem condições para arcar com os medicamentos, até os colírios que eram fornecidos de forma gratuita foram suspensos.
O artista sofre de glaucoma, que, segundo a Academia Nacional de Medicina (ANM), é uma doença do nervo óptico e, quando não tratada adequadamente desde a sua fase inicial, pode levar à cegueira. O idoso afirma que, após o diagnóstico, passou a frequentar o hospital, onde recebia de forma gratuita o tratamento adequado para controle da doença. As visitas à unidade duraram cerca de três anos, até que, no mês passado, ele esteve no HSJD para consulta de rotina e “fui informado que a empresa que prestava o serviço não quis mais renovar o contrato com o hospital, por isso não consegui a consulta”, contou.
Ainda de acordo com a ANM, para que a doença seja controlada, é importante que o paciente mantenha fidelidade ao tratamento, usando os colírios recomendados e realizando exames periódicos para documentar o estado da doença e garantir que o tratamento está sendo efetivo e que a doença não está evoluindo.
COLÍRIO
Ainda segundo João Batista, além do atendimento médico, os colírios usados no tratamento também eram fornecidos de forma gratuita. Com o cancelamento das consultas, a distribuição de medicamentos foi suspensa. Sem condições de comprar o colírio e com medo de perder a visão, o artista precisou “pegar algumas peças de escultura que estavam guardadas há algum tempo para tentar vendê-las para tentar pagar uma consulta”, disse.
O idoso chegou a apreçar o medicamento original, mas, pelo alto valor no mercado, precisou comprar um similar, para que o tratamento não fosse interrompido.
“O preço médio do colírio é R$ 210 e, infelizmente, não tenho condições de comprar sempre, porque uso, no mínimo, três vezes ao dia. O colírio acaba rápido e não é sempre que tenho o dinheiro para comprar”, desabafou.
RESPOSTA
A reportagem entrou em contato com a assessoria de comunicação do Hospital São João de Deus, questionando sobre a denúncia do paciente, porém a assessoria informou, por meio de nota, que a Secretaria Municipal de Saúde (Semusa) é a responsável por designar pacientes para o tratamento. A unidade se limitou a comentar sobre os cancelamentos das consultas.
A assessoria de comunicação da Semusa também foi procurada e a denúncia do paciente, assim como o posicionamento do Hospital, foi apresentada. Por nota, o Município afirmou que “está cumprindo rigorosamente o convênio com o Hospital São João de Deus, custeando cerca de R$ 300 mil anualmente para o tratamento”. A nota ainda ressalta que, mensalmente, o convênio atende a cerca de 280 pacientes.
Sem conseguir o tratamento e angustiado, o idoso lamenta a falta das consultas. “Como artista, já representei Divinópolis no passado várias vezes, mas hoje me sinto um cidadão sem respaldo, sem apoio. É frustrante você ter uma doença e não poder tratá-la. Eles [autoridades] estão insensíveis com a situação e a angústia é terrível”, finalizou.
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