quarta-feira, 15 de novembro de 2017

Idoso denuncia falta de atendimento para pacientes com glaucoma no HSJD

Paciente esteve na unidade, no mês passado, para consulta de rotina, quando foi informado que o atendimento havia sido suspenso


Pacientes que realizavam acompanhamento oftalmo­lógico no Hospital São João de Deus (HSJD), em Divi­nópolis, estão há cerca de um mês sem atendimentos. A denúncia foi feita pelo artista plástico de 67 anos, João Batista da Silva, que foi diagnosticado com glauco­ma e esteve no mês passado no hospital para consulta trimestral, porém foi infor­mado que os atendimentos haviam sido cancelados. Segundo o idoso, que não tem condições para arcar com os medicamentos, até os colírios que eram forneci­dos de forma gratuita foram suspensos.

O artista sofre de glauco­ma, que, segundo a Acade­mia Nacional de Medicina (ANM), é uma doença do nervo óptico e, quando não tratada adequadamente desde a sua fase inicial, pode levar à cegueira. O idoso afirma que, após o diagnós­tico, passou a frequentar o hospital, onde recebia de forma gratuita o tratamento adequado para controle da doença. As visitas à unidade duraram cerca de três anos, até que, no mês passado, ele esteve no HSJD para consul­ta de rotina e “fui informado que a empresa que prestava o serviço não quis mais re­novar o contrato com o hos­pital, por isso não consegui a consulta”, contou.

Ainda de acordo com a ANM, para que a doença seja controlada, é importante que o paciente mantenha fidelidade ao tratamento, usando os colírios recomen­dados e realizando exames periódicos para documentar o estado da doença e garan­tir que o tratamento está sendo efetivo e que a doença não está evoluindo.

COLÍRIO

Ainda segundo João Ba­tista, além do atendimento médico, os colírios usa­dos no tratamento também eram fornecidos de forma gratuita. Com o cancela­mento das consultas, a dis­tribuição de medicamentos foi suspensa. Sem condições de comprar o colírio e com medo de perder a visão, o artista precisou “pegar al­gumas peças de escultura que estavam guardadas há algum tempo para tentar vendê-las para tentar pagar uma consulta”, disse.

O idoso chegou a apreçar o medicamento original, mas, pelo alto valor no mer­cado, precisou comprar um similar, para que o trata­mento não fosse interrom­pido.

“O preço médio do colí­rio é R$ 210 e, infelizmente, não tenho condições de comprar sempre, porque uso, no mínimo, três vezes ao dia. O colírio acaba rápi­do e não é sempre que tenho o dinheiro para comprar”, desabafou.

RESPOSTA

A reportagem entrou em contato com a assessoria de comunicação do Hospital São João de Deus, questio­nando sobre a denúncia do paciente, porém a assessoria informou, por meio de nota, que a Secretaria Municipal de Saúde (Semusa) é a res­ponsável por designar pa­cientes para o tratamento. A unidade se limitou a comen­tar sobre os cancelamentos das consultas.

A assessoria de comuni­cação da Semusa também foi procurada e a denúncia do paciente, assim como o posicionamento do Hos­pital, foi apresentada. Por nota, o Município afirmou que “está cumprindo ri­gorosamente o convênio com o Hospital São João de Deus, custeando cerca de R$ 300 mil anualmente para o tratamento”. A nota ainda ressalta que, mensalmente, o convênio atende a cerca de 280 pacientes.

Sem conseguir o trata­mento e angustiado, o idoso lamenta a falta das consul­tas. “Como artista, já repre­sentei Divinópolis no pas­sado várias vezes, mas hoje me sinto um cidadão sem respaldo, sem apoio. É frus­trante você ter uma doença e não poder tratá-la. Eles [au­toridades] estão insensíveis com a situação e a angústia é terrível”, finalizou.

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