Esta é a segunda vez neste ano que o hospital São Luiz tem médicos envolvidos em casos de negligência
Crédito: Reprodução Trecho do laudo médico sobre internação de Andréia no Hospital |
O Ministério Público de Cáceres abriu inquérito para investigar suposta negligência da médica Bethania Cruz Bianquini, que atua no hospital São Luiz, no município. A denúncia foi protocolada por Nilza Aires, mãe da jovem de 22 anos Andreia Marcilene Aires Garcia, que perdeu o bebê em 28 de outubro, após ser internada na unidade.
Esta é a segunda vez que médicos do hospital são denunciados. Jarbes Balieiro Damasceno foi afastado por suposta violência obstétrica durante um parto realizado em 29 de maio, e responde judicialmente a um processo criminal pela morte de um bebê na unidade de saúde.
Agora, conforme o MP, o promotor Kledson Dionysio de Oliveira investiga se houve improbidade na conduta da médica Bethania. Existem três frentes de investigação, sendo uma na esfera criminal, cujo inquérito está na delegacia da Infância de Cáceres, outro na esfera civil e o terceiro na Promotoria da Cidadania, no qual foi feito um TAC com a direção do hospital para regularizar o funcionamento em relação aos diretos da gestante.
Segundo Nilza, há 27 dias do parto a filha ainda está traumatizada, inclusive acha que a criança vai chegar em casa a qualquer momento. “Ela enche o berço com ursinhos. Tinha tudo esperando o bebê, era uma criança saudável, segundo os exames do pré-natal. Então, não foi falha na gravidez, tudo foi falha médica”, afirma ao RD News.
Emocionada, a avó diz que a filha começou a passar mal em 25 de outubro, quando foi encaminhada ao pronto-socorro municipal, onde o médico que fez o pré-natal orientou levá-la para o São Luiz. Entretanto, Bethania que estava de plantão informou que ainda não era chegada a hora do parto e mandou a jovem para casa. Na residência, Andreia sentiu fortes dores e teve sangramento.
Nilza ressalta que levou a filha novamente para o pronto-socorro. “O médico reforçou que ela já deveria estar internada e que não tinha condições de ter parto normal”, explica. Neste sentido, a jovem retornou ao hospital, ocasião em que foi internada.
Conforme a avó, Andreia passou a madrugada de 25 para 26 de outubro com dores ao ser induzida ao parto normal. Ela conta que falou à equipe de enfermeiros que a filha não tinha estrutura para fazer este tipo de parto, contudo, a enfermeira que estava no local respondeu que Bethania tinha orientado no sentido de realizar o parto normal, uma vez que a jovem teria, sim, condições.
Diante do cenário, Nilza afirma que procurou a coordenadoria do hospital, mas não encontrou ninguém. De acordo com ela, por volta das 14h do dia 26 a filha entrou na sala de cirurgia, acompanhada pelo marido. “Minha filha desmaiou. A cabeça do bebê saiu, mas mandaram meu genro segurá-la para colocarem a cabecinha para dentro, a fim de fazer o parto cesariano”, revela.
Após o procedimento, a jovem tomou quatro bolsas de sangue devido à hemorragia. O bebê foi levado para UTI, com sequência de paradas cardíacas e morreu dois dias depois. Nilza diz que a enfermeira que cuidou da criança avisou que, se o menino sobrevivesse, teria sequelas, pois ingeriu líquido do parto, o que afetou alguns órgãos.
A avó ainda conta que teve que pagar entre R$ 35 e R$ 45 para obter o laudo médico da filha e do neto. “O hospital demorou 10 dias para entregar. O laudo da Andreia tem 100 folhas e do meu neto 70. Tive que pagar, mesmo sendo meu direito ter acesso. A gente só quer justiça, não quer dinheiro, porque fazemos planos para gente e para a família”, lamenta.
“Ela enche o berço com ursinhos. Tinha tudo esperando o bebê, era uma criança saudável. Não foi falha na gravidez, tudo foi falha médica”
Outro lado
Ao RD News a assessoria da Associação Congregação de Santa Catarina, responsável pela administração do hospital São Luiz, afirma que enviará até o final do dia uma nota oficial sobre o posicionamento da unidade.
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