terça-feira, 28 de novembro de 2017

Erros médicos matam um a cada 90 segundos


No Brasil, seja por falha do profissional ou do hospital. Falhas banais como erros de dosagem ou de medicamento, uso incorreto de equipamentos e infecção hospitalar mataram 302.610 pessoas nos hospitais públicos e privados brasileiros em 2016. 
    
Foram, em média, 829 mortes por dia, uma a cada minuto e meio. Dentro das instituições de saúde, as mortes por “eventos adversos” só ficam atrás das provocadas por problemas no coração (950), segundo o Anuário da Segurança Assistencial Hospitalar no Brasil. 
    
Produzido pelo Instituto de Estudos de Saúde Suplementar (IESS) e a Faculdade de Medicina da Univ. Federal de Minas Gerais, o relatório mostra que o número diário supera as 129 pessoas que morrem em acidentes de trânsito, as 164 provocadas pela violência e as 500 por câncer. 
    

42,7 milhões 
    
O problema está no radar da Organização Mundial de Saúde. Estudos mostram que anualmente morrem 42,7 milhões de pessoas em razão de eventos adversos no mundo. Nos Estados Unidos, por exemplo, a situação não é muito diferente da brasileira. 
    
Com população aproximada de 325 milhões de pessoas, o país registra 400 mil mortes por eventos adversos ao ano, 1.096 por dia, ou 16% menos que no Brasil. A diferença diz respeito às mortes hospitalares, que são a terceira do ranking americano, atrás de doentes cardíacos e de câncer. 
    
"A diferença é que, no caso brasileiro, apesar dos esforços, há pouca transparência sobre essas informações e, sem termos clareza sobre o tamanho do problema, fica muito difícil começar a enfrentá-lo”, afirma Renato Couto, professor da UFMG, um dos responsáveis pelo Anuário. 
    

Sem transparência 
    
Quanto à transparência, Luiz Augusto Carneiro, superintendente executivo do IESS, diz que hoje, no Brasil, quando um hospital é escolhido, a decisão é baseada numa percepção de qualidade ou por recomendação de amigos os médicos. 
    
Mas o leigo não tem como avaliar a qualificação daquela instituição. “Não há como saber quantas infecções hospitalares foram registradas no último ano, qual é a média de óbitos por diagnóstico, e de reinternações e por aí afora”. 
    
Uma das consequências é que em 10 anos o Superior Tribunal de Justiça (STJ) registrou um aumento de 1.600% nos processos por erro médico e odontológico, e os processos ético-profissionais cresceram 302%, segundo dados dos CRMs e CROs. Com dados da Agência Brasil.


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