Um médico que havia atendido Tânia anteriormente disse a ela que a menina deveria nascer por cesária, porque não estava na posição correta para parto normal
Aos 41 anos, a dolar Tânia Borges Vieira Silva esperava ser mãe pela segunda vez. Mas o sonho foi interrompido na Santa Casa de Araguari, no Triângulo Mineiro, por negligência médica, segundo ela. Durante o parto, Tânia afirma que a equipe médica cometeu tantos erros que a cabeça do bebê foi arrancada. O caso ocorreu no dia 28 de outubro. Agora, ela entra com processo na Justiça para que os médicos e hospital respondam pelo erro.
Tânia mora em Tupaciguara (a 66 km de Araguari). No dia do parto, ela procurou ajuda no hospital local, mas a enviaram para Araguari. "No dia 28 [de outubro], eu não amanheci legal. Fui ao pronto socorro e mandaram para Araguari. Dentro da ambulância, a enfermeira disse para o motorista pisar fundo, porque se demorasse morreriam mãe e filha", disse.
Ao chegar na Santa Casa, o atendimento foi rápido. Tânia se queixa, porque não realizarem nenhum exame para saber o estado da criança. "Foram cinco minutos para atender. Sem exames, nada. O médico se apresentou e a apresentou a equipe dele", disse.
Um médico que havia atendido Tânia anteriormente disse a ela que a menina deveria nascer por cesária, porque não estava na posição correta para nascer por parto normal. "Nunca ouvi falar que fazem parto com a criança sentada, pelo pé. Eu falava que não dava para fazer parto normal. Tentaram, apertaram e fizeram tanta força que arrancaram a cabeça da minha filha", afirmou.
Após o parto malsucedido, Tânia ficou internada na UTI (Unidade de Terapia Intensiva) por dois dias. "O médico teve a cara de pau de perguntar se eu estava bem", disse.
Tânia resolveu ir à Justiça para, segundo ela, evitar que novos casos ocorram. "Dinheiro nenhum vai trazer minha filha de volta. Mas precisamos denunciar para não acontecer mais", afirmou.
A Policia Civil também investiga o caso.
Resposta
Ao questionar médicos e enfermeiros, Tânia recebeu a informação de que o bebê já estava morto, o que para ela é uma tentativa de o hospital não assumir a responsabilidade pelo erro. "Foi desumano o que fizeram comigo. Quando eles puxaram, eles disseram que estava morta, o que para mim é mentira. Eu perguntava 'cadê a minha filha?' e ninguém respondia. Foi então que entendi o que aconteceu", disse.
Tânia foi encaminhada para sala de cirurgia na sequência. Foi o momento em que ela foi sedada. "Fui então para sala de cesariana e acordei na UTI, porque perdi muito sangue", afirmou.
Insônia
Após perder o bebê, Tânia começou a tomar três remédios: um antibiótico, um antidepressivo e um remédio para dormir. Segundo ela, nunca precisou de remédios desse tipo. "Não estou dormindo, não consigo. Estou tomando remédio controlado. Estou com dor de cabeça e pensei que ficaria louca. Do hospital não tive apoio nenhum. E, agora, estou tomando antibiótico, que o meu médico passou. Estou tomando um antidepressivo e um remédio para dormir", disse.
Outro lado
A reportagem entrou em contato com a Santa Casa de Araguari nesta quarta-feira (15). Um funcionário que se apresentou como "Carlos" disse que não havia ninguém no momento para responder sobre o caso.
Ao portal "G1", o hospital informou "que foi detectada ausência de sinais vitais, o que comprova que o feto chegou em óbito no local. Ainda de acordo com a Santa Casa, o parto vaginal evoluiu com cabeça por último, complicação prevista em apresentações pélvicas, sendo necessário procedimento cirúrgico para resolução".
A Santa Casa disse ainda ao portal "G1" que o “episódio é uma fatalidade e que o hospital e a equipe técnica lamentam não ter tido acesso à paciente num momento mais precoce o que poderia ter contribuído para um desfecho mais favorável”.
Nenhum comentário:
Postar um comentário