segunda-feira, 13 de novembro de 2017

Grávida morre horas após atendimento na Santa Casa; bebê também não resiste

Família registrou boletim de ocorrência em São Roque (SP). Polícia Civil vai investigar o caso.

Bruna Pires morreu após passar mal e receber alta da Santa Casa de São Roque (Foto: Facebook/Reprodução)

Uma família de São Roque (SP) registrou um boletim de ocorrência e a Polícia Civil vai investigar a morte de uma gestante no sábado (11), horas após passar por atendimento na Santa Casa da cidade. O bebê, que não chegou a nascer, também não resistiu e morreu.

Em nota, a Santa Casa afirmou que a jovem foi vítima de AAA (aneurisma da aorta abdominal) e que o caso terá uma apuração rigorosa. 

De acordo com o boletim de ocorrência, o companheiro de Bruna Stephania Pires, de 28 anos, relatou que a vítima, grávida entre 38 e 40 semanas de gestação, estava com muita dor quando foi levada à Santa Casa na sexta-feira (10).

Segundo o relato da família à polícia, no hospital, Bruna teria passado por um médico plantonista, que fez exame do toque e lavagem estomacal por conta da cólica que ela sentia. Após os procedimentos, ela foi liberada.

Ao retornar para casa durante a madrugada de sábado, Bruna dormiu, mas acordou pela manhã com muitas dores e “espumando pela boca”, conforme descrito no B.O.

O companheiro acionou o Samu (Serviço de Atendimento Médico de Urgência) quando a vítima já estava desacordada, e foi orientado a fazer massagem cardíaca nela até a chegada da equipe. Bruna foi levada novamente até a Santa Casa, mas nem ela nem o bebê resistiram.

O enterro da jovem foi realizado no fim da tarde de domingo (12), no Cemitério Municipal de Alumínio.

A Santa Casa afirmou que casos de aneurisma aorta abdominal são raros no perfil dela, muitas vezes assintomáticos e fatais em 90% das vezes em que há rompimento da parede abdominal. “Todo o ocorrido merece e terá uma apuração rigorosa e pautada por especialistas da área para podermos ter uma conclusão justa e perfeita e então apontar, se houver, quem são os culpados, não se pode esquecer que existem órgãos sérios, profissionais e capacitados para essa investigação”, diz a nota.

O hospital ainda afirmou que vem sendo vítima de um “linchamento moral”. “O que não se pode aceitar, nestes tempos de ânimos acirrados e que sistematicamente tem acontecido com a Santa Casa, é a realização de um linchamento moral nas redes sociais, a qual ultimamente vem sendo vítima de difamação em redes sociais e outros canais, mas as pessoas se esquecem que amanhã são elas que poderão necessitar da Santa Casa.”

A Santa Casa termina a nota manifestando um “profundo pesar pelo ocorrido”.

O hospital não falou sobre o primeiro atendimento pelo qual Bruna passou e do qual teve alta mesmo com dores abdominais.

Morte após uso de fórceps

No dia 19 de agosto, a diarista Roseli Pereira da Silva, de 43 anos, deu entrada na Santa Casa de São Roque com fortes dores. No local, ela ficou em observação médica antes de entrar em trabalho de parto.

Horas depois, houve a troca de plantão entre os médicos e um pedido de cesárea por parte da família para retirar a criança. Segundo Roseli, o médico – agora sob investigação – teria insistido para que o parto fosse natural e pediu a aplicação de soro para prepará-la para o procedimento, que demorou cerca de duas e precisou do uso de fórceps.

“Não estava aguentando mais, não tinha forças e o bebê não saía. Quando eu escutei o médico pedindo para pegarem [o aparelho] eu pedi: ‘pelo amor de Deus que não usasse’. Foi horrível”, contou.

Eloah Christine da Silva morreu três horas depois do nascimento e Roseli ficou internada quase 10 dias com machucados nas partes íntimas. Em entrevista à TV TEM, o pai da criança contou que a mulher teve uma gestação tranquila e desconfia de negligência médica.

O caso está sendo investigado pelo Conselho Regional de Medicina do Estado de São Paulo (Cremesp), pela Santa Casa de São Roque e a Polícia Civil. O médico foi demitido da unidade hospitalar um dia após o parto.

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