Situações registradas no Interior e em Fortaleza não foram negadas pelo poder público. Ministério Público do Estado analisa hoje denúncia formalizada pelo Sindicato dos Médicos do Ceará
Hospital Regional Norte (HRN) confirma que atendimento para mães e recém-nascidos está prejudicado DIVULGAÇÃO/GOV.CE |
Denúncias enviadas ontem pelo Sindicato dos Médicos do Ceará ao Ministério Público do Estado (MPCE) escancararam colapso no sistema público de saúde. Conforme o documento, faltam médicos, insumos e medicamentos em vários hospitais do Interior e da Capital, o que tem prejudicado e, em alguns casos, inviabilizado cirurgias, atendimentos e internações. O MPCE confirmou o recebimento, mas informou que o texto só deve ser analisado hoje pela Promotoria de Justiça da Saúde Pública.
Hospital de Messejana, Hospital Geral de Fortaleza (HGF), Hospital Infantil Albert Sabin (Hias), Hospital Regional do Cariri. Cada unidade estaria com privações específicas. “A gente vive com políticas de ‘apagar incêndio’. Toda vez que se aproxima o fim do ano acontece isso. Recursos são contingenciados e gastos de outra forma”, criticou a presidente do Sindicato dos Médicos do Ceará, Mayra Pinheiro.
Um dos hospitais de maior investimento do ex-governador Cid Gomes (PDT), o Hospital Regional Norte (HRN), em Sobral, está com atendimento para mães e recém-nascidos comprometido. O cenário foi confirmado pela unidade, que admitiu buscar “alternativas para solucionar o problema de escalas pontuais de pediatras no serviço de neonatologia, contratando profissionais para cobrir o atendimento”. Por enquanto, o hospital está recebendo somente pacientes mais graves, encaminhando os demais para a Central Integrada de Regulação.
À Promotoria de Justiça da Infância e Juventude de Sobral, o secretário-geral do Conselho Regional de Medicina do Ceará (Cremec), Lino Holanda, enviou, ontem, ofício solicitando ações contra a direção do HRN, o Instituto de Saúde e Gestão Hospitalar (ISGH), que administra a unidade, e a Secretaria da Saúde (Sesa). “É angustiante a situação. Na UTI Neonatal não vai ter plantonista no (próximo) fim de semana. Isso é grave. Foi oficializado pelo próprio hospital”, diz o representante.
A Sesa foi questionada pelo O POVO sobre cada uma das acusações feitas (A situação se confirma? A que se deve? Quando a situação será regularizada?) pelo Sindicato dos Médicos do Ceará. Por telefone, a assessoria de imprensa do órgão confirmou a existência de dificuldades no municiamento das unidades e, em nota, se limitou a dizer que está tomando providências “para assegurar o abastecimento de insumos e de medicamentos em todos hospitais estaduais”.
Rede municipal
Hospitais públicos administrados pela Prefeitura de Fortaleza também entraram no rol de denúncias feitas pelo Sindicato dos Médicos. Segundo o órgão, os Frotinhas da Messejana, da Parangaba e do Antônio Bezerra estão com quadro reduzido de médicos — ortopedistas e anestesistas, principalmente — em virtude de atrasos no pagamento às cooperativas que empregam os profissionais. “Equipe que tinha dois ortopedistas passa a ter só um. Famílias (dos pacientes) ficam loucas e com razão”, censurou Mayra.
A Secretaria Municipal da Saúde (SMS) justificou que o atraso na liberação do pagamento às cooperativas se deve a problemas identificados em relatórios de prestação de contas. “Nos últimos processos apresentados pela cooperativa dos traumatologistas foram constatadas atecnias”, que, basicamente, segundo a assessoria de imprensa da pasta, seriam divergências entre o que foi feito e o que foi gasto. Contudo, ainda de acordo com o órgão, o pagamento está sendo finalizado. (colaborou Angélica Feitosa)
Hospital de Messejana: falta de compressas cirúrgicas e de fios de aço cirúrgico, resultando no cancelamento de cirurgias cardíacas.
HGF: falta de papel toalha, aumentando risco de infecção hospitalar; falta de medicamentos no serviço de ginecologia e obstetrícia; laboratório funcionando sem realizar inúmeros exames.
Frotinhas: Redução de profissionais das equipes médicas devido a atraso de até 90 dias nos pagamentos das cooperativas.
Hias: falta de medicamentos, materiais e insumos, resultando no cancelamento de cirurgias
HRN: fechamento da regulação de pacientes para a Neonatologia e da regulação obstétrica para partos, com redução do atendimento materno fetal; falta de insumos e medicamentos; atraso em remunerações Hospital Regional do Cariri: estoque reduzido de medicamentos.
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