À polícia, ele disse não se lembrar do caso - que ocorreu em 2015 - e que foi falha humana. G1 busca contato com a defesa dele.
Caso aconteceu após cesariana no Hospital da Mulher Mãe Luzia, em Macapá |
O médico ginecologista obstetra Deoci Mont'Alverne, lotado no Hospital da Mulher Mãe Luzia (HMML), maior maternidade pública do Amapá, foi indiciado nesta terça-feira (2) por lesão corporal, após esquecer um pedaço de algodão semelhante a gaze dentro do corpo de uma paciente durante um parto cesariano.
O procedimento ocorreu em julho de 2015 na maternidade. Segundo o delegado Leandro Leite, titular da 6ª Delegacia de Polícia, que liderou a investigação, a paciente, que na época tinha 35 anos, teve a pele da região abdominal costurada com o tecido de algodão ainda no interior do corpo.
A mulher contou à polícia que, após alguns dias da operação, voltou ao hospital se queixando de fortes dores. Ela foi orientada pelo médico que o incômodo era algo normal após a cirurgia, detalhou a investigação.
Em 2018, as dores e o incômodo na região pélvica continuavam intensos. Segundo o depoimento, a mulher sentiu crescer uma massa no interior do abdômen. Após passar por exames de imagem foi descoberto que o organismo humano havia formado uma espécie de "casulo" em volta do material, de acordo com Leite.
Em abril, a paciente passou por nova cirurgia. Foram retiradas cerca de 500 gramas do material que estava dentro do corpo dela. A polícia informou que uma análise confirmou que no interior havia fibra entrelaçada de algodão.
Delegado Leandro Leite, da Polícia Civil do Amapá, indiciou o médico |
"A análise histopatológica e técnico pericial constatou que o organismo estranho encontrado no corpo da vítima é constituído por fibra entrelaçada de algodão, de origem têxtil, semelhante às gazes ou compressas. A investigação concluiu que foram esquecidas no procedimento cirúrgico realizado em 2015", afirmou o delegado.
O médico foi indiciado pela 6ª DP por lesão corporal culposa, quando não há intenção de cometer o crime. Em depoimento, ele teria alegado não se lembrar do ocorrido e que foi um erro humano.
"Ele disse que tem desconhecimento do fato, que isso pode acontecer, que todo ser humano é falho, mas que não se recorda da situação", contou o delegado, completando que nesse tipo de caso, se for condenado, a pena pode variar de dois meses a um ano de detenção.
O G1 procura contato com a defesa de Mont'Alverne. A vítima disse que não irá se pronunciar sobre o fato antes da abertura do processo judicial, seguindo orientação do advogado.
A Justiça do Amapá terá acesso ao inquérito para uma eventual abertura de ação penal. O Conselho Regional de Medicina (CRM) do Amapá informou que aguarda receber o documento da Polícia Civil, para que a corregedoria do órgão investigue administrativamente o erro do médico.
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