sexta-feira, 30 de junho de 2017

Menina internada com suspeita de virose morre e família diz que remédio foi inadequado

Criança de um ano morreu em Vitória da Conquista, sudoeste do estado, na quarta-feira (28).


Menina de um ano foi internada em Vitória da Conquista com suspeita de virose
 (Foto: Reprodução/ TV Sudoeste)

A família da menina Eloisa Dias Santos, de um ano, que morreu na noite de quarta-feira (28), acusa a médica que a atendeu no hospital São Vicente, de Vitória da Conquista, sudoeste da Bahia, de ter usado um medicamento inadequado. A família ainda diz que o hospital de omitiu informações no prontuário da criança.
 
A menina estava internada na unidade médica desde a segunda-feira (26), com suspeita inicial de virose. O corpo foi velado nesta quinta-feira (29), sob comoção dos familiares. A direção do hospital disse que o atendimento foi adequado, mas que abriu sindicância interna para apurar o caso.
 
A família conta que a criança teve vômitos depois de tomar um medicamento chamado Berotec e que chegou a ser diagnosticada com um problema cardíaco, depois de receber a medicação.
 
“A médica passou uma medicação, Berotec, quatro gotas, e quanto foi seis horas, ela repetiu as quatro gotas, a criança fez vômito e ela repetiu a medicação. O raio-x que foi pedido anteriormente só foi feito depois da medicação. Depois de receber o raio-x, ela disse que a criança sofria de doença congênita. Logo após esse exame, a criança entrou em coma e faleceu”, conta o tio da criança, Leandro Silva.
 
O tio disse ainda que o hospital deixou de informar a ocorrência dos vômitos no prontuário médico da criança. “A parte do vômito e a segunda dose não consta no prontuário”, afirmou Leandro.
 
A família afirma que Eloisa teria sido diagnosticada com cardiomegalia, uma doença que aumenta o tamanho do coração. O Berotec pode provocar alguns efeitos colaterais como, arritmia, taquicardia, palpitação e isquemia do miocárdio.
 
A tia de Eloisa, Juliana Silva, disse que a família da criança não tinha conhecimento de que ela teria problemas cardíacos, até receber o diagnóstico no hospital. “A criança fazia acompanhamento e, em nenhum momento, nas consultas delas, nunca foi diagnosticado nenhum tipo de problema”, conta.
 
Na declaração de óbito da criança, a morte não foi determinada e a causa não foi esclarecida. O corpo de Eloisa passou por necropsia no Departamento de Polícia Técnica de Vitória da Conquista. O resultado que vai apontar a causa da morte deve ficar pronto em dez dias. A família já prestou queixa na delegacia da cidade e espera pelo resultado do laudo para entender o que aconteceu.
 
“Se foi detectado que houve erro, a responsabilidade, eu entendo, que é solidária, tanto do hospital quanto do profissional de saúde que atendeu Eloisa. Por uma questão de cautela, vamos aguardar o resultado de todos os exames”, afirmou o advogado da família, Davi Salomão.
 

Suspeita de mortes de pacientes gera medo e revolta em Iguatu



Atualmente, o Centro de Nefrologia de Iguatu (CNI) atende 145 pacientes de Iguatu
 e de outros municípios o Centro-Sul do Estado ( Fotos: Honório Barbosa )

A unidade funcionou normalmente, mas recebeu a visita de técnicos da Vigilância Sanitária do Estado e da Vigilância Sanitária do Município de Iguatu Atualmente Iguatu.
 
Medo e revolta. Esses foram os sentimentos expressados na manhã de ontem pela maioria dos pacientes e acompanhantes do Centro de Nefrologia de Iguatu (CNI), após a prisão em flagrante de um dos administradores da clínica e responsável por um laboratório clandestino que fabricava a substância Concentrado Polieletrolítico para Hemodiálise (CPHD), utilizada na unidade de saúde.

 A prisão do sócio-administrador Emir Lima Verde Filho e o fechamento do laboratório ocorreram na tarde desta segunda-feira (27), nesta cidade. O fato, considerado grave pelas autoridades, obteve ampla repercussão em Iguatu. Muitos lamentaram e outros questionaram o risco de morte dos pacientes que fazem hemodiálise, naturalmente debilitados.

“Isso é uma criminalidade”, reagiu a dona de casa Maria Augusta de Oliveira, 59, que acompanha há nove anos o filho, Bruno Oliveira, 27, doente mental, que faz hemodiálise três vezes por semana. “Algumas vezes ele tem passado mal e a gente fica preocupado”, comentou.

 Segundo os pacientes, nenhum funcionário da clínica prestou esclarecimentos na manhã de ontem. A unidade funcionou normalmente, mas recebeu a visita de técnicos da Vigilância Sanitária do Estado e da Vigilância Sanitária do Município de Iguatu. Diariamente, o Centro de Nefrologia de Iguatu atende cerca de 70 pacientes nos turnos da manhã, tarde e noite, da cidade e da região Centro-Sul.

“Quem fez isso cometeu um erro e deve ser punido porque é um crime”, disse o paciente Francisco Hermilton Pinheiro, 34, morador de Irapuan Pinheiro.

 Apoio

 A Secretaria da Saúde do Estado (Sesa), por meio de nota, informou que “está dando todo apoio ao Ministério Público do Estado do Ceará para o andamento das investigações” e preferiu não comentar o fato e nem dar explicações acerca dos riscos para os pacientes e da gravidade da produção clandestina.

 O coordenador da Vigilância Sanitária de Iguatu, Samuel Bezerra, esclareceu que uma equipe de técnicos da Secretaria de Saúde do Município realizou na unidade uma auditoria, por solicitação da Controladoria Geral da União (CGU), que teria recebido denúncias das irregularidades. “Elaboramos um relatório, constatamos inconformidades e encaminhamos para a CGU e Ministério Público”, disse Bezerra.

 O delegado regional de Polícia Civil de Iguatu, Jerfisson Pereira, considerou ‘muito grave’ o funcionamento do laboratório clandestino. “É um crime hediondo, não é afiançável”, explicou. “O sócio-administrador e responsável pela unidade clandestina confessou o crime e alegou dificuldades financeiras”, disse.

 Segundo o titular da 1ª Promotoria de Justiça da Comarca de Iguatu, promotor de Justiça Flávio Corte Pinheiro, em fiscalização realizada no dia 11 de maio no CNI, a Vigilância Sanitária constatou discrepâncias no estoque de CPHD que não condiziam com a quantidade utilizada, uma vez que fazia seis meses que a substância não era adquirida junto ao fornecedor. Com isso, a Vigilância Sanitária notificou a clínica e, na defesa apresentada, o administrador confessou que fabricava o CPHD, alegando dificuldades financeiras.

 O representante do Ministério Público, entretanto, informou que a clínica recebeu, ontem mesmo, repasse de R$ 359 mil do poder público e, neste ano, teria sido repassado cerca de R$ 1,3 milhão. “Não se justifica alegar dificuldades financeiras”, frisou Flávio Pinheiro. Ele explicou que a unidade está funcionando, mas com o uso do concentrado produzido por uma fábrica regular e que outras medidas foram adotadas como a troca de “capilar” (equipamento) no tempo certo e estoque adequado de material hospitalar.

 Nesta segunda-feira, mediante a visita de técnicos da Vigilância Sanitária do Estado e de delegados da Polícia Civil, Emir Lima Verde Filho afirmou que desativara a fábrica e mostrou o imóvel vazio. “Perguntei pelas máquinas e desconfiei da conversa”, revelou o delegado. “Em seguida, ele confessou e mostrou o local para onde havia transferido a unidade clandestina”.

O sócio-administrador utilizava embalagens e rótulos de uma fábrica legal para encobrir a fraude. “Ele vai responder por adulteração de medicamento, falsificação”, disse Pereira. “A pena prevista é de 10 a 15 anos”.

Mortes suspeitas


 Acerca de suspeita de mortes de pacientes que faziam hemodiálise no Centro de Nefrologia de Iguatu, o delegado de Polícia Civil de Iguatu, Wesley Alves, responsável pelo inquérito da prisão e fechamento da fábrica, disse que será apurado em outro inquérito, por ser uma questão complexa e que exige maior investigação, análise de atestados de óbitos e depoimentos.

 Na tarde de ontem ocorreu uma audiência de custódia em que o advogado Mario Leal pediu a liberdade provisória do empresário Emir Lima Verde Filho. Leal disse que tudo será esclarecido e que a direção quer a unidade funcionando dentro da legalidade. “Se houver erros, serão corrigidos”, pontuou.

 História


 Por meio de uma longa nota, o médico nefrologista Emir Mendonça Lima Verde, lembrou que, em 1971, instalou a primeira máquina de hemodiálise do Ceará, no Hospital Geral de Fortaleza (HGF) e que funcionou sob a administração dele até 1980. “Todas as hemodiálises nesse período de nove anos foram realizadas com soluções preparadas pelos médicos na própria sala, sendo os sais pesados previamente”. Emir Lima Verde esclareceu que obteve título de especialista em Análises Clínicas e que “estaria dispensado de registros os concentrados no serviço de diálise para uso da própria instituição, desde que atenda à legislação sanitária específica”.

O CNI começou a funcionar em 2008 e atende 145 pacientes. “Não recebemos o pagamento do Ministério da Saúde entre janeiro e abril de 2017, e tivemos que preparar o dialisato durante estes meses, pois as empresas só nos vendiam se fosse a vista, e dinheiro nós não tínhamos. Não poderíamos deixar os 145 pacientes sem hemodiálise, pois o retardo de 24 horas pode ser causa de parada cardíaca por hiperpotassemia”.

Enquete

 Como se sentiu ao saber?

“Há cinco anos que faço hemodiálise e venho da cidade de Cariús. O que eu me queixo é da pressão alta, que não tinha. A gente fica com medo, sem saber o que pode acontecer, mas precisa fazer a hemodiálise”
Maria Cláudia Ventura
Paciente

“Venho da cidade de Icó e faz cinco anos que passo por hemodiálise. Sinto muita dor de cabeça, mas sobre essa fabricação clandestina, está todo mundo assustado, temendo que faça algum mal”.
Antônio Batista Lima
Paciente
 

TCE faz levantamento da situação de 4 hospitais administrados por OSs, Alta Floresta na lista


Foto: Divulgação

O Tribunal de Contas de Mato Grosso está levantando a situação operacional de quatro hospitais regionais de Mato Grosso, antes administrados por OSs (Organizações Sociais), e que hoje estão sob intervenção do governo. São eles: Hospital Regional de Alta Floresta, Hospital Regional de Colíder, Hospital Regional de Sorriso e Hospital Metropolitano de Várzea Grande.
 
Os trabalhos tiveram início semana passada, com a ida da equipe de auditores aos municípios de Sorriso, Colíder e Alta Floresta. O próximo hospital a ser visitado será o de Várzea Grande, na quinta-feira (11), disse a secretária de Controle Externo das Auditorias Operacionais, Lidiane Anjos Bortoluzzi. Também compõem a comissão os auditores externos Luiz Eduardo da Silva Oliveira e Felipe Favoreto Groberio.
 
De acordo com Lidiane, a visita in loco aos hospitais se faz necessária porque é a única forma de conversar com funcionários e ter acesso a documentos, já que eles estão sem telefone e internet. Uma nova visita aos hospitais do interior será agendada, antes da conclusão do relatório, que deverá ser entregue à Presidência do TCE-MT até o dia 15 de junho.
 
O levantamento foi determinado pelo presidente do Tribunal de Contas, conselheiro Antonio Joaquim, em razão do atual panorama financeiro e administrativo dos hospitais regionais de Mato Grosso. A íntegra do documento consta da Portaria 062/2017, publicada no Diário Oficial de Contas de sexta-feira (05.05).
 

Médico da cidade de Senhor do Bonfim será processado criminalmente e civilmente e pelo conselho regional de medicina por erro médico em recém-nascido em Jaguarari




Um erro médico ocorrido na sala de parto do Hospital Municipal da cidade de Jaguarari deixou gravíssimas sequelas em uma recém-nascida. A mesma diante de uma queda sofrida no momento do seu nascimento encontra-se com graves lesões que afetaram principalmente sua cabeça a deixando com os dois lados do cérebro comprometidos, sendo no dia do seu nascimento urgentemente encaminhada para a cidade de Petrolina – PE, onde sofreu duas paradas cardiorrespiratórias, mas conseguiu sobreviver.
 
A criança atualmente com 10 meses de idade, luta todos os dias para sobreviver, pois recebe medicação diariamente por conta das intensas dores que sente, realiza tratamentos constantes, faz fisioterapia 03 vezes durante a semana, teve sua visão comprometida, duas costelas quebradas, um de seus ombros luxados, não tem coordenação motora para erguer sua cabeça, nem tão pouco caminhar, falar, mastigar, ou ficar de pé.
 
A família por lutar dia após dia por sua sobrevivência, inconformada com a grave situação que se encontra a criança e por não ter condições financeiras de arcar com todas as despesas decorrentes de todas as lesões, busca justiça e qualidade de vida para a menor que não poderá suportar os prejuízos causados, a mesma até o momento do seu nascimento era uma criança forte, saudável e perfeita, além de a família já ter tentado amigavelmente resolver com o médico para dar um auxílio financeiro, mas o mesmo se recusou.
 
Assim, a família desesperada procurou o escritório de advocacia de Dr. Pedro Cordeiro, e a advogada que está no caso é a Drª. Luane Ventura.
 
A reportagem entrou em contato com a Dr. Luane Ventura perguntando o nome do referido médico, e a mesma nos informou que estará conversando com o sócio Dr. Pedro Cordeiro e que os mesmos depois de dar entrada nas devidas ações fornecerão cópias ao jornalismo bonfinense e regional. Ascom/Emcimadanoticia1
 

quinta-feira, 29 de junho de 2017

GRAVE DENÚNCIA DE NEGLIGÊNCIA MÉDICA NA CIDADE DE SOBRAL




Internauta denuncia que foi negado atendimento médico a sua sobrinha que sofre sindronefrose no posto de saúde do bairro Vila União e também o HRN.

Confira a denúncia do internauta na íntegra: 
 
 
"Boa noite. Tenho uma notícia e queria que vcs postassem. Seria uma forma de ajuda 

E e com o coração partido que venho desabafar...no último dia 05/06/2017.. Minha cunhada a mãe desta princesa que sofre de sindronefrose, buscou atendimento no posto de saúde da vila união em Sobral...pois minha prima referia febre e inchaço sintomas de uma crise nefrótica. Mas o atendimento lhe foi negado pela enfermeira Sra.                   que estava ao telefone em uma ligação particular e a Médica Cubana também negou o pedido para atender minha prima, alegando que seu transporte ja estava a caminho e não poderia perde lo...sendo assim ela buscou atendimento no hospital Regional Zona Norte onde a situação de saúde de minha prima se agravou e para piorar a situação, o hospital cometeu a negligência de transferir-la para um hospital que não tem tratamento adequado para minha filha.

Peço a todos vcs que lerem esta pastagem que compartilhe e marque o maior número de amigos...para que chegue em alguma autoridade e este caso não fique impune e para que possamos conseguir uma vaga no hospital Albert Sabiam em Fortaleza...pois minha prima esta sofrendo e correndo risco."
 
 

Com suspeita de erro médico, corpo da pequena Heloísa foi encaminhada para a pericia


Na noite de ontem (terça-feira) no Hospital São Vicente, em Vitória da Conquista,  Heloísa foi vítima de uma parada cardíaca. Nas redes sociais, a tia da criança, Daniela Santos, fez um desabafo e cobra justiça.
 
“Minha sobrinha de apenas um aninho foi internada no hospital são Vicente, na parte de particular e lá a médica prescreveu um medicamento para a criança, que estava apenas gripada , que em seguida veio a óbito consequência de uma parada cardíaca provocado por um medicamento. Queremos justiça…não vamos descansar até que a justiça seja feita. Os culpados serão punidos”, desabafou.
 
A família está em choque com essa tragédia.
 

Família diz que criança morreu por demora no diagnóstico de meningite

Menino de um ano começou a sentir dor e febre na quinta-feira passada. Família disse que ele chegou a ser diagnosticado com chikungunya, mas sintomas pioraram
 
Certidão de óbito da criança (Foto: Reprodução)
 
Uma criança de um ano morreu na tarde dessa segunda-feira, 26, por complicações de meningite, de acordo com informações da família. Cauan Gabriel Cutas Silva foi transferido da Unidade de Pronto Atendimento (UPA) de Maranguape ao Hospital Infantil Albert Sabin e havia sido diagnosticado com chikungunya no Gonzaguinha de Maranguape.

O comerciante Edney Castilho, 46, avô do menino, disse que ele começou a sentir os sintomas da doença na quinta-feira passada. "Levamos aos médicos e disseram que ele tinha chikungunya, que era só tomar dipirona e ia melhorar. Ele piorou, levei ao Gonzaquinha no domingo e nem pegaram nele, só olharam dizendo que era chikungunya também. Na UPA, foi que um médico disse que não era”, conta.

Cauan deu entrada no hospital Albert Sabin "debilitado demais", informa o avô. "Deu 16h40min, ele faleceu. Não deu nem tempo de colher o material (para exame). Aí, fomos atrás, no SVO (Serviço de Verificação de Óbitos), e o médico legista disse que era meningite", afirma Edney.

O menino nasceu em Cuiabá e, ainda bebê, foi trazido pela mãe para morar em Maranguape. "Eu não sei o que vamos fazer, mas não podemos deixar passar. As pessoas estão morrendo, e não estão nem aí", disse o comerciante.

De acordo com o último boletim epidemiológico da Secretaria Estadual da Saúde (Sesa), divulgado na última sexta-feira, 27, foram confirmados este ano no Ceará 17 casos de doença meningocócica, com cinco mortes. Os registros da doença foram nos municípios: Fortaleza (7), Caucaia (2), Parambu (4), Iguatu (1), Marco (1) e Horizonte (2).

As mortes por doença meningocócica foram anotadas em Fortaleza (1), Caucaia (1) e Parambu (2). O relatório da Sesa ainda traz 139 notificações, com sete mortes, de outras meningites não causadas por infecção e não transmissíveis. Esses dados do Núcleo de Vigilância Epidemiológica da Coordenadoria de Promoção e Proteção à Saúde são referentes aos casos notificados, mas um caso ocorrido na semana epidemiológica 01 pode ter sido notificado semana 06.

O POVO Online entrou em contato com a Prefeitura de Maranguape, responsável pelo Gonzaguinha, que por meio de nota enviada por e-mail informa que a Secretaria da Saúde de Maranguape está apurando com todo rigor o caso para identificar as causas do ocorrido. O caso será avaliado pelo Comitê de Investigação de Morbimortalidade do município, que analisa as tendências na morbidade e na mortalidade da população de Maranguape e possibilita a constatação de condutas ocorridas nos vários níveis de assistência aos doentes.

A Secretaria de Saúde de Maranguape ressalta ainda que aguarda o resultado do líquor (estudo do líquido cefalorraquidiano), que está sendo realizado pelo Hospital Albert Sabin, com previsão de 3 a 5 dias. Por fim, lamenta o ocorrido e se coloca à disposição dos familiares.
 
Sobre o caso, a Sesa informou que Cauan deu entrada no Albert Sabin com quadro clínico grave nesta segunda. "Cauã recebeu o atendimento especializado com urgência, vindo a falecer logo a seguir. Conforme laudo do Serviço de Verificação de Óbitos, a causa de morte foi meningite. O tipo de meningite ainda está sob investigação, aguardando resultado laboratorial", comunicou.
 
A pasta afirmou que monitora os municípios por meio das notificações, que são atualizadas pelos próprios municípios. "Em casos de meningites meningocócica e por hemófilos, a vigilância epidemiológica da Sesa investiga os casos junto aos municípios e realiza o bloqueio dos comunicantes, ou seja, faz uso de antibiótico para os contatos íntimos dos pacientes com a meningite".
 
A vacina contra a meningite tipo C é oferecida no Sistema Único de Saúde (SUS) para crianças de até cinco anos de idade e para o público de 12 e 13 anos.
 
Sintomas

A meningite é uma infecção de parte da membrana que cobre o cérebro e a medula espinhal, geralmente causada por uma infecção. A meningocócica é o tipo de meningite mais grave, porque há manifestação mais rápida dos sintomas.

Segundo o médico infectologista Keny Colares, professor da Universidade de Fortaleza (Unifor), os principais sintomas são febre, dor de cabeça e vômito. “Muitas vezes, a pessoa fica confusa ou desorientada, ou mesmo sonolenta. Quando a criança é muito pequena, os pais notam que ela fica irritada, chorando muito”, aponta.

O diagnóstico da meningite é apontado na observação clínica dos sintomas e confirmado por exames.
 

Paciente não é atendida e denuncia médico

A mulher chegou a entrar no consultório, mas o profissional disse não atender a especialidade...



TV UOL

Mudança na lei dos planos de saúde pode prejudicar usuários


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Uma proposta de mudança na lei dos planos de saúde, de 1998, pode ser apresentada em menos de um mês na Câmara dos Deputados e afetar a vida de 47,6 milhões de usuários.
Criticada por entidades de defesa do consumidor, a reforma pode liberar o livre reajuste dos planos individuais e acabar com o rol mínimo de coberturas obrigatórias, entre outras alterações importantes. A proposta tramita em regime de urgência no Congresso, por meio de uma comissão especial, que pretende reunir as mudanças sugeridas por 140 projetos de lei desde 2006.
 
Nesta semana, 14 entidades —entre elas o Instituto Brasileiro de Defesa do Consumidor (Idec), Associação Brasileira de Saúde Coletiva (Abrasco) e a Comissão de Defesa do Consumidor da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB) divulgaram um manifesto em que denunciam que a reforma atende aos interesses das operadoras.
 
A nota ressalta que uma das alterações pode proibir a aplicação do Código de Defesa do Consumidor nos contratos de planos de saúde. Isso significa que as decisões judiciais em ações contra planos de saúde não poderiam mais se basear no Código.
 
“Hoje, os contratos de planos de saúde estabelecem relações de consumo e o Código de Defesa do Consumidor protege a parte mais fraca dessa relação”, explica a advogada Ana Carolina Navarrete, pesquisadora em saúde do Idec.
 
Atualmente, a maioria das decisões judiciais é favorável a consumidores. Segundo um estudo da Faculdade de Medicina da USP, as ações contra planos de saúde na Justiça de São Paulo aumentaram 631% entre 2011 e 2016. O principal problema que vai parar na Justiça é a negativa de atendimento e a exclusão de coberturas.
 

Outras mudanças

 
A mudança na lei dos planos de saúde também pode autorizar a venda dos chamados planos “populares ou “acessíveis”. Segundo entidades de defesa do consumidor, esses planos teriam imensas restrições de coberturas.
 
A reforma também pode acabar com o ressarcimento ao SUS, que, segundo a lei de 1998, deve ser feito toda vez que um cliente de plano de saúde é atendido na rede pública.
 
O manifesto em defesa dos usuários alerta que a alteração da lei está sendo feita “a toque de caixa” e que “é crescente a insatisfação de brasileiros que usam planos de saúde, devido a exclusões de cobertura, barreiras de acesso para idosos e doentes crônicos, reajustes proibitivos, rescisões unilaterais de contratos, demora no atendimento e problemas na relação entre operadoras e prestadores de serviços”.
 
“A atual lei de planos de saúde tem muitas lacunas e brechas que favorecem o mercado. Ela precisa de mudanças, mas não essas que estão sendo discutidas”, ressalta a advogada do Idec.
 

O outro lado

 
O deputado Rogério Marinho (PSDB-RN), relator da comissão especial que analisa os 140 projetos de lei e vai apresentar a proposta de reforma, disse que a quantidade de projetos demonstra a necessidade de aperfeiçoamento da lei, que completa 19 anos.
 
A Agência Nacional de Saúde Suplementar (ANS) surgiu depois da lei que estruturou o setor. Segundo o relator, as mudanças na legislação devem ser feitas preservando o equilíbrio econômico-financeiro dos contratos, para garantir a “saúde” das empresas.
 
Para o diretor executivo da Federação Nacional de Saúde Suplementar (FenaSaúde), José Cechin, o relator da proposta está aberto a ouvir as entidades de defesa do consumidor, que devem sugerir soluções além de apontar erros.
 
“Se fizermos uma lei atrativa só para as operadoras, os consumidores não vão comprar planos de saúde. Um mercado saudável é aquele que atende aos dois lados para haver negócio”, diz.
 
O diretor da FenaSaúde concorda que há necessidade de aperfeiçoar a lei para reduzir as ações judiciais contra os planos, que acontecem especialmente por negativa de cobertura.
 
“Há muitas decisões que não respeitam o que está escrito na resolução da ANS e no contrato. Entendemos a preocupação com a vida de quem vai buscar direitos na Justiça, mas é preciso respeitar a norma. Se o preço do produto foi calculado sem incluir o procedimento, a pessoa não tem direito a ele e está pleiteando um benefício adicional. Isso não deveria ser chamado de negativa”, justifica.
 
Em nota, a Associação Brasileira de Planos de Saúde (Abramge) informa que, “ ao contrário do exposto no manifesto, conforme uma recém-publicada pesquisa conduzida pelo Ibope a pedido do Instituto de Estudos de Saúde Suplementar (IESS), 80% das pessoas estão satisfeitas ou muito satisfeitas com o seu plano de saúde o principal motivo é a qualidade do atendimento”.
 
Também disse que “o acesso ao plano de saúde é o terceiro maior desejo de consumo do brasileiro, atrás apenas de educação e moradia”.
 
Para a entidade “outra inverdade é a de que os idosos encontram ‘barreiras´ para contratarem planos de saúde. No mesmo período que o país perdeu cerca de 3 milhões de beneficiários, a faixa etária de 59 anos ou mais não interrompeu o seu crescimento, obtendo mais 250 mil clientes”.
 
A Abramge afirmou que “considera saudável todo e qualquer debate que tenha como objetivo propor melhorias, permitindo, assim, o contínuo aprimoramento da qualidade assistencial e expansão do acesso à saúde”. “Independentemente de como avançar as tratativas, cumpre ressaltar que o setor se compromete a manter os mais altos padrões de qualidade assistencial para seus beneficiários”, disse o comunicado.
 
A entidade também destacou que “ a saúde suplementar vem se aperfeiçoando continuamente: segundo o levantamento do Sindec – Sistema Nacional de Informações de Defesa do Consumidor, que reúne dados de todos os Procons do país, em 2016, o setor de planos de saúde recebeu 35.318 notificações dentre 1,5 bilhão de atendimentos realizados, o que equivale a uma reclamação para cada 42.471 atendimentos, apenas 0,002% do total”.
 

quarta-feira, 28 de junho de 2017

Deputado denuncia na Assembleia suposta negligencia médica




O deputado Maurício Picarelli (PSDB) ocupou a tribuna durante sessão da Assembleia Legislativa desta terça-feira (27), para denunciar suposta negligência médica ocorrida em Campo Grande, em que teria sido omitida informação à gestante de que seu bebê iria nascer com deficiência grave.
 
“A mãe me contou que fez todo o pré-natal no posto de saúde e somente no último mês o médico afirmou que o bebê nasceria com uma anomalia leve. A criança nasceu sem os dois braços, sem uma perna e com microcefalia. Imagina o baque dessa família? Disseram que quando questionaram o porquê dele não ter contado, ele teria dito que se contasse a gestante iria querer abortar”, afirmou o deputado.
 
Indignado, o parlamentar ainda disse que a família teve que recorrer a uma cirurgia de urgência à criança na rede particular e que o hospital cobrou R$ 48 mil, já que não havia possibilidade do procedimento pelo Sistema Único de Saúde (SUS). “Temos que levantar quanto cada prefeitura e cada unidade do Estado recebem do SUS. A Saúde está um caos. Os médicos fazem greve, sei que com razão, mas está faltando atendimento de qualidade. São muitas reclamações, temos que tomar providências. O cenário está uma tristeza imensa”, lamentou Picarelli.
 
Para o deputado Dr. Paulo Siufi (PSDB), a situação está preocupante. “A Saúde no Brasil como um todo está ruim. Como médico fico preocupado se esse profissional atendeu essa família desse jeito. O médico não o direito de omitir informação do paciente, se foi isso mesmo ele falhou. É preciso fazer uma denúncia ao Conselho de Ética para investigar”, afirmou. O deputado ainda reforçou pedido feito à Mesa Diretora, para disponibilizar um telefone para que a Comissão de Saúde da Assembleia Legislativa receba denúncias da população, que deverá ser divulgado em breve.
 

Justiça condena Femina em R$ 80 mil por negligência em morte de criança de um ano

Hospital Femina


A juíza da Décima Vara Cível do Tribunal de Justiça de Mato Grosso (TJMT) Sinii Savana Bosse Saboia Ribeiro condenou a Femina Hospital Infantil e Maternidade (antiga Clínica Femina) em R$ 80 mil a titulo de danos morais e nove anos de pensão a um pai cujo filho de um ano e sete meses faleceu por falta de atendimento adequado no momento da internação. A sentença foi proferida no dia 22 de junho.
 
A Ação de Indenização por Danos Morais e Materiais foi movida por Mário Pereira Dutra, que narra ter levado seu filho Davi Soares Dutra para fazer uma consulta na Femina no dia 17 de dezembro de 2008, por conta de febre e estomatite que o menor reclamava há três dias. Lá ele foi atendido pelo médico Salim Joandat Salim, que prescreveu medicamentos e requereu hemograma completo e tórax PA. Após a medicação, a febre voltou ao normal e a criança foi liberada.

Ressalta que no mesmo dia, no período noturno, o menor voltou a apresentar febre, de modo que retornou ao hospital na madrugada do dia 18, onde atendido pela médica Marisol Duarte Álvares. O menor foi conduzido para os interiores do hospital, para internação, e de lá saiu morto. O falecimento foi registrado às 7h30 daquele dia.

Segundo o requerente, a morte foi ocasionada por descaso do atendimento do hospital, vez que durante o período noturno a criança não foi assistida por nenhum médico.

Hospital nega erro médico

O Hospital Femina apresentou contestação, alegando que não deveria ser o requerido da ação, pois os médicos contratados prestam serviços terceirizados, além do que o paciente recebeu o atendimento médico adequado ao caso e que não ocorreu qualquer erro médico.

Aduz o hospital que no atendimento realizado pelo médico Salim Joandat Salim, o paciente recebeu o atendimento médico adequado, sendo diagnosticado com pneumonia e estomatite com orientação para internação, diante da dificuldade para deglutir. Da mesma forma, o atendimento realizado pela doutora Marisol Duarte Alves foi dentro do padrão, sendo que o paciente foi internado com acompanhamento médico e de enfermagem, que a todo momento o paciente era monitorado e a mãe advertida para manter a sua cabeça erguida e no colo.

Ainda, acusou a mãe do menor de ter sido a responsável pela morte, uma vez que ela recusou-se a interná-lo na parte da manhã e, durante a noite, não o manteve com a cabeça levantada, após deitá-lo na cama e ter este pegado no sono, fazendo com que neste ínterim o paciente aspirasse vômito.

Narra a defesa da Femina que o paciente vomitou em média quantidade por volta das 4h da manhã do fatídico dia, afirmando que a mãe da criança estava sem paciência e não queria mantê-lo no colo por conta do vômito. Que por volta das 6h da manhã, quando a enfermeira foi ministrar o medicamento prescrito, encontrou o paciente deitado ao lado na mãe, que estava dormindo, em parada cardiorrespiratória e com grande quantidade de secreção vinhática (vômito) escorrendo pela boca.

A Femina acrescenta, em sua defesa, que foram realizadas as manobras de reanimação pela doutora Silbene, e após isso o paciente foi encaminhado para a UTI Pediátrica, onde foi dado prosseguimento ao atendimento, sendo constatado o óbito.

A condenação

A magistrada Sinii Ribeiro inicia sua sentença rechaçando a alegação da defesa de que os médicos são terceirizados, o que o afastaria do polo passivo da ação. “O hospital, ora réu, como prestador de serviços, responde por danos causados aos seus pacientes, caso haja erro do médico que nele atua, pelo que rejeito esta preliminar”.

Adiante, passa a avaliar em detalhes o que ocorreu naquele dia

“Verifica-se que o paciente era uma criança de 01 ano e 07 meses e deu entrada ao hospital requerido como febre, frequência respiratória (FR) de 58, batimento da asa do nariz, que já demonstrava esforço respiratório grave, com ausculta murmúrio vesicular apresentando com diminuição da ventilação da base pulmonar esquerdo (MV + diminuição da base A esquerda), apesar da alegação da requerida que deu todo suporte ao paciente não há nos autos registro de prescrição do controle de oxigenação do sangue com uso de oxímetro no pulso ou indicação para ir para a UTI e ausência de acompanhamento médico após a internação, ou seja, o quadro foi considerado grave para ensejar uma internação, mas não foi observada a gravidade no atendimento médico-hospitalar durante a internação”, constatou a magistrada.

Acrescenta o juízo que não houve maior esforço por parte da enfermagem em salvar o quadro já complicado da criança. “Observa-se, inclusive, que no relatório de enfermagem a técnica Aparecida Campos atestou ‘criança admitida nessa unidade hospitalar para tratamento clínico, dispneico (desconforto para respirar), febril, gemente’, o que indica que o paciente estava com dificuldade para respirar, inclusive a mesma técnica de enfermagem relata que às 4h solicitou a enfermeira para avaliar a necessidade de O2, sendo que a enfermeira Caroline Vasconcelos somente foi avaliar as condições clínicas do menor as 4h45 e apesar de constatar que o paciente estava ‘hipocorada (pouca coloração na pele) e com esforço respiratório’, não solicitou a médica de plantão a prescrição para a utilização de oxigênio nasal ou a sua avaliação.

Assevera que “relatórios da enfermagem não (atestam) visita médica a criança no período em que esteve internada, tendo o mesmo ficado aos cuidados apenas da técnica de enfermagem e da enfermeira de plantão, inclusive quando do episódico fatal foi solicitado atendimento à médica do pronto atendimento, sem sucesso, razão pela qual o mesmo foi atendido, tardiamente, pela médica da UTI – NEO”.

A juíza torna a relembrar a situação do paciente. “O quadro do menor era grave, inclusive pelo prontuário da evolução médica da UTI ressaltando que o exame de hemograma realizado no dia anterior ‘demostra anemia discreta, leucitos normais, neutropenia importante (504 células) e linfocitose com linfócitos atípicos’, além de aumento do fígado, havendo uma diminuição das células de defesa do menor, inclusive o laudo pericial afirma que ‘todos esses achados, em conjunto, caracteriza presença de infecção grave”.

O juízo não recebeu qualquer prova de que a mãe negou a internar seu filho na parte da manhã do dia 17, a tese da acusação é corroborada, por outro lado, com o testemunho do próprio médico do hospital:

“Não constam dos autos o termo de alta a pedido e pelo depoimento da testemunha Salim Joandat Salim essa afirma: ‘que sugeriu a mãe a internação da criança e que não se lembra se a liberou ou se ela saiu sem a sua liberação, não restando comprovada a recusa na internação, ademais o depoente esclarece que nos casos mais específicos de pneumonia sempre opinam pela internação mesmo que a mãe não queria, pois até chamam o conselho tutelar e não liberam a criança’, o que indica que não houve a indicação para a internação na primeira vez que a criança esteve no hospital”.

Sinii Savana Ribeiro ainda afasta a tese de que a mãe teria sido responsável pela morte do filho: “a defesa do hospital tenta imputar à mãe do menino a falta de vigilância durante a internação, afirmando que ela não queria manter a criança no colo com a cabeça erguida, bem como que dormiu, imputando-lhe uma negligência que não lhe cabe, vez que esta foi com o filho duas vezes ao hospital, ficando com a criança quando esta ficou internada, se assim não tivesse agido a criança teria morrido em sua casa e não no hospital, cujo dever de cuidado e vigilância era do corpo clínico médico e não da mãe”.

Verifica a magistrada, por fim, que a Femina não tomou todas as medidas necessárias para atender adequadamente a criança, conforme a guia de internação e os relatórios de enfermagem do menor. “Estava com esforço respiratório grave inclusive utilizando de uso de musculatura acessória para a respiração verificada pelos batimentos de asas de nariz e mesmo assim não houve a prescrição do uso de oxigênio ou a avaliação da médica plantonista após a internação. Desta forma, restou demonstrada a falha na prestação do serviço, vez que houve falha no dever de vigilância do corpo clínico do hospital, considerando que pela gravidade do quadro não foram tomadas as decisões necessárias em tempo hábil, não houve prescrição da utilização do oxigênio no menor, portanto, caracterizada a negligência”.

Constata a magistrada, por outro lado que não pode a acusação falar em prescrição de medicamentos indevidos. “Ficou comprovado que a escolha do antibiótico ‘amicacina e ampicilina’ é a associação de primeira escolha para lactantes com pneumonia, não havendo que se falar em erro na prescrição do medicamento, o que restou evidente foi a negligência no atendimento da criança quando internada sem prescrição de oxigênio, vez que apresentava desconforto respiratório”.

Levando em conta os princípios da razoabilidade e da proporcionalidade, que devem nortear na quantificação do dano moral, compreendeu a magistrada que a quantia de R$ 80.000,00 se apresenta adequada à finalidade do instituto e tampouco reverte em enriquecimento injustificado da parte ofendida.

O juízo também entendeu justo o estabelecimento de pensão para o autor, segundo entendimento pacificado no Superior Tribunal de Justiça (STJ), o autor faz jus ao pensionamento ante a morte de filho menor, mesmo que este, ao tempo do evento, ainda não contribuía para o sustento da família.

“Considerando a necessidade de compensar o autor pela perda do auxílio material que o filho lhe dedicaria se vivo estivesse, sobretudo em se tratando de família de baixa renda, a pensão será devida a partir da data em que a infante completaria 16 anos de idade e, quando poderia iniciar sua vida laboral, até a data em que completaria 25 anos de idade quando, em tese passaria a ter de empregar o valor integral de seu salário na sua própria manutenção e, possivelmente, da família que viria a constituir. No que se refere ao valor, razoável a estipulação em 1/3 de um salário mínimo, a contar da época em que completaria 16 (dezesseis) anos, até a data em que alcançaria 25 anos de idade”, o que perfaria a quantia de R$ 33.696,00, caso o requerente recebesse o valor à partir deste ano, considerando o salário mínimo de 2017.

A quantia da pena, somada, totaliza R$ 113.696,00.

A Femina ainda pode recorrer da decisão.

O outro lado
 
O Hospital Infantil e Maternidade Femina informa que ainda não foi notificado sobre a decisão. O setor jurídico do hospital ainda vai avaliar a possibilidade de entrar com recurso.

Família Aponta Suposto Erro Médico na UPA


Família aponta suposto erro médico na unidade de Catanduva (O Regional)


A família de uma mulher de 33 anos, que morreu na última semana, aponta para um suposto erro médico na Unidade de Pronto Atendimento (UPA). Os relatos são de que a vítima teria apresentado sintomas como dores no peito e formigamento nas mãos, mas teria sido tratada por crise nervosa. A assessoria de imprensa da UPA disse, por meio de nota, que exames necessários foram realizados.
 
Nossa reportagem conversou na tarde de ontem (26) com Mariana de Barros cunhada da vítima. No relato, ela aponta que a parente teria passado mal no dia 19 de junho e teria ido até a UPA. Entre os sintomas que ela teria relato estavam fortes dores no peito que se estendiam para os braços e causavam formigamentos nas mãos. “Daí ela foi para a UPA, chegou lá, não fizeram exame, medicaram como se fosse uma crise nervosa, medicaram e liberaram ela. Mas as dores continuavam. Não foi feita a receita, só deram um atestado médico de um dia”, disse Mariana.
 
A cunhada da vítima aponta que no dia seguinte, terça-feira, dia 20 de junho, ela teria tido um novo mal-estar enquanto estava em um salão com a manicure. “Foi as 11h30 e ela caiu no chão. Elas chamaram o SAMU, enquanto o SAMU chegava, veio um farmacêutico medir a pressão dela que estava em oito por cinco, aproximadamente, não sei como estava exatamente. O SAMU chegou e ela estabilizou. O meu irmão falou que mesmo ela estando estabilizada era para ela ir para a UPA. Minha cunhada entrou no SAMU andando, sentou, estava conversando normal”, disse Mariana.
 
A sogra da paciente a teria acompanhado no veículo e dez minutos depois, no trajeto para a UPA ela teria tido um novo mal-estar. “Quando chegou no viaduto ela começou a passar mal, se contorceu de dor na maca e teve uma parada respiratória”, explica Mariana.

 A família aponta para suposta negligência médica. “Ela falou que estava com dores na segunda-feira, na UPA, qualquer médico fala que é princípio de infarto. Porque não encaminhou para o hospital, fizesse qualquer coisa. Acreditamos que a morte dela poderia ter sido evitada”, lamenta a cunhada da vítima. A paciente era mãe de uma menina de nove anos. Abalados, os familiares assinaram o termo para não verificar qual teria sido a causa da morte.
 
Outro lado

 A assessoria de imprensa da Unidade de Pronto Atendimento (UPA) disse por meio de nota que “no primeiro atendimento realizado dia 19, a paciente chegou à unidade e de imediato foram realizados os exames necessários. Não havendo alterações nos resultados, a paciente foi liberada e orientada a procurar a Unidade de Saúde do bairro onde residia para tratamento com especialista”, informa o comunicado oficial.

“Um dia após o primeiro atendimento, a paciente deu entrada na unidade, já sem vida.
 
A equipe da unidade solicitou autorização da família para encaminhar o caso ao Serviço de Verificação de Óbito (SVO), entretanto foi negado pelos familiares.

 A equipe da UPA 24 horas, que sempre atendeu com respeito e comprometimento, que todo ser humano merece, lamenta a morte da jovem e se solidariza com a sua família, colocando-se à inteira disposição para todos os esclarecimentos que se fizerem necessário”, finaliza.
 

Nova associação quer ajudar vítimas de negligência médica a “saírem do limbo”

A Neglimed é apresentada neste sábado e nasce da experiência da psicóloga Elisabete Carvalho, depois de uma cirurgia em 2010. Não quer que mais doentes fiquem perdidos e sozinhos num “limbo”.
 
Elisabete Carvalho foi operada em 2010 e teve uma septicemia, por lhe terem perfurado o intestino.
MARGARIDA BASTOS
 
Elisabete Carvalho compara o que viveu a “uma gaveta que está sempre a abrir-se” e que não consegue arrumar. Há seis anos foi operada a um carcinoma renal. A cirurgia não correu bem e teve complicações graves “que resultaram de negligência médica”. Sobreviveu com marcas físicas e psicológicas. Encontrou um percurso nebuloso junto do médico, do hospital, das entidades na área da saúde e dos tribunais que não lhe permitiram ainda fechar esta gaveta. Ao longo destes anos percebeu que “quem sofre de erro médico enfrenta um caminho difícil e solitário”. Não quer que mais doentes fiquem perdidos e, por isso, neste sábado apresenta oficialmente a organização que criou: a Neglimed - Associação de Vítimas de Negligência Médica em Portugal, a primeira do género.
 
A associação foi criada em Janeiro - contando com nove fundadores - e a psicóloga de 58 anos, a sua presidente, tem estado desde essa altura a trabalhar para fazer coincidir a apresentação da Neglimed com um encontro que organizou e que acontece neste sábado na Casa das Histórias Paula Rego, em Cascais, com o tema Responsabilidade Médica, Erro em Saúde e Direito dos Pacientes e que conta com o apoio do Centro de Direito Biomédico da Faculdade de Direito da Universidade de Coimbra. Neste encontro estará presente uma associação congénere espanhola.
 
“Sempre de forma gratuita, temos como principal objectivo informar, esclarecer, apoiar e encaminhar as vítimas de negligência médica ou os seus familiares. Queremos dar voz às vítimas, o que não quer dizer que queiramos culpabilizar os médicos, que na maioria dos casos fazem muito bem o seu trabalho. O que defendemos é uma cultura de responsabilização sobretudo para evitar que os erros se repitam”, explica ao PÚBLICO a presidente da Neglimed, que lembra que os clínicos têm seguros de responsabilidade civil mas que raramente são accionados por se interpretar que “ao activarem esta protecção estão a assumir a culpa”.
 

Entre 1300 e 2900 mortes por ano


Em Portugal não há números oficiais sobre erros médicos. Apenas estimativas. A obra O Erro em Medicina, de José Fragata e Luís Martins, aponta para 1300 e 2900 mortes por ano relacionadas com negligência médica. Em 2016, das mais de 69 mil reclamações, elogios e sugestões que chegaram à Entidade Reguladora da Saúde, cerca de 11 mil estavam relacionados com os cuidados de saúde e a segurança do utente – o que não quer dizer que em todos tenha havido erro comprovado. Já a Ordem dos Médicos recebeu 65 queixas sobre o tema em 2015.
 
Elisabete não guarda rancor do que lhe aconteceu em 2010, mas ainda lhe custa recordar tudo. Após a cirurgia ao cancro teve dores e febre, mas diz que nada foi detectado e teve alta. Voltou três dias depois e foi operada de urgência: a primeira cirurgia causou uma perfuração no intestino, o que deu origem a uma septicémia – uma infecção generalizada no organismo, que muitas vezes leva à morte. Ficou com o intestino ligado a um saco, que foi depois removido numa terceira cirurgia, já feita por outro médico. “Mantive a confiança no primeiro médico mas senti-me abandonada por ele. Não se mostrou disponível para me continuar a seguir e na verdade um pedido de desculpa provavelmente tinha chegado para não estar aqui hoje e acho que muitos doentes pensam assim.”

Tudo "demorado" e "dispendioso"

Para a doente, o principal choque aconteceu quando o hospital privado lhe enviou a conta da segunda cirurgia. Fez queixa ao próprio hospital, à Entidade Reguladora da Saúde e à Inspecção-Geral das Actividades em Saúde. Pediu uma perícia médica que “custou mais de 1000 euros e que demorou quase quatro anos”. “É tudo muito demorado, não sabia a quem recorrer e não quero que isso continue a acontecer. Até porque também é muito dispendioso. O meu caso está em tribunal mas interpor uma acção custa uns 800 euros. O encerramento dos casos é muito importante para que as vítimas não sintam que têm as vidas hipotecadas e saiam do limbo.”

A fundadora desta associação gosta de lembrar que “os médicos estudam para aprenderem a serem médicos, mas os doentes não estudam para serem doentes e os erros surgem em alturas de grande fragilidade”. Encaminhar as vítimas para especialistas médicos que possam certificar o que aconteceu e para juristas será uma das funções da Neglimed. Mas Elisabete também gostaria de conseguir mudanças legislativas, nomeadamente a criação de comissões de arbitragem junto das instituições de saúde que resolvam os casos de forma célere “como aconteceu no processo exemplar dos cegos de Santa Maria que foram indemnizados em nove meses”.
 

Associação ajuda vítimas de negligência

Primeira associação de apoio em Portugal já recebeu 300 contactos desde o início do ano.
 
Elisabete Carvalho é a Presidente da primeira associação de apoio às vítimas de erro médico
Bruno Colaço
 
Cerca de 300 pessoas, entre familiares e vítimas de negligência médica, contactaram desde o início do ano a primeira associação de apoio a quem sofreu ou ficou com mazelas devido a erros médicos nas unidades de saúde em Portugal. Apesar de já funcionar desde janeiro, a apresentação pública da Negli.Med é hoje em Cascais.

"São pessoas que foram vítimas de más práticas nos hospitais, que ficaram com mazelas para toda a vida, que desconheciam os seus direitos em situações de erro médico", explica ao CM Elisabete Carvalho, presidente da associação Negli.Med, também ela vítima de um caso de negligência médica.

"O meu processo começou em 2010, quando tive uma infeção generalizada após uma cirurgia numa unidade privada. Dois anos depois, quando me senti com forças, procurei saber o que podia fazer e encontrei um enorme vazio", acrescenta. Foi para combater esse vazio que Elisabete Carvalho decidiu criar uma associação de apoio às vítimas: "É inadmissível que um processo demore anos em tribunal para haver o reconhecimento do erro médico. Um dos nossos objetivos é apoiar, informar e encaminhar as vítimas ou famílias". Na apresentação pública da Negli.Med vai estar uma associação espanhola de apoio a vítimas, com 20 anos, e especialistas em erro médico. André Dias Pereira, presidente do Centro de Direito Biomédico da Faculdade de Direito da Universidade de Coimbra, é um dos oradores presentes.
 
 

terça-feira, 27 de junho de 2017

Mais longa greve de médicos do ano, superlotação e UPA sem funcionar agravam saúde pública de Caxias do Sul

Terceira paralisação da categoria na cidade já dura mais de 60 dias.

Médicos da rede pública de Caxias do Sul fazem terceira paralisação do ano

A mais longa paralisação dos médicos de Caxias do Sul já dura mais de 60 dias. Outros impasses, porém, agravam a situação da saúde pública na cidade da serra gaúcha.
 
O Postão 24 horas está superlotado e uma Unidade de Pronto Atendimento (UPA), inaugurada há mais de dois anos, segue sem funcionar. Os casos foram parar na Justiça (veja na reportagem).
 
É a terceira paralisação da categoria somente neste ano. Os profissionais em greve não deixam de comparecer às 47 unidades básicas de saúde, mas cumprem apenas metade da carga horária.
 
O impasse entre os médicos e a Prefeitura de Caxias do Sul começou em março. A primeira paralisação foi porque os profissionais não aceitavam cumprir a carga horária, exigida pelo município.
 
Depois, os médicos pararam exigindo aumento de salário. Essa última, que começou no dia 17 de abril, ganhou mais uma reivindicação: os profissionais não querem receber avaliação dos pacientes no final de cada consulta.
 
"A gente entende que [a greve] é um direito deles, mas a população sofre", diz a empregada doméstica Margarete Batista.
 
 
Greve dos médicos de Caxias do Sul já dura mais de dois meses
 (Foto: Reprodução/RBS TV)
 
No Centro Especializado em Saúde são realizados 5.108 consultas por mês. Os atendimentos cancelados por causa das paralisações já foram atualizados. No entanto, depois do começo do impasse, 12 profissionais abandonaram o serviço no local.
 

Projeto determina que médicos indiquem violência em prontuário


Créditos: iStock/pepifoto
Profissionais de saúde terão que indícios de violência contra mulher em prontuário


A Câmara dos Deputados aprovou nesta terça-feira, 20, um projeto de lei que obriga o profissional da saúde que perceber indícios de violência contra a mulher a registrar essa suspeita no prontuário de atendimento.
 
Pela proposta, todo profissional de atendimento médico que notar sinais de violência contra a mulher deverá fazer registro no prontuário, sob pena de sanção administrativa.
 
O texto do projeto da deputada Renata Abreu (PTN-SP) define ainda que os prontuários com registros desse tipo de violência deverão ser encaminhados para a Secretaria de Segurança Pública do estado.
 
De acordo com a deputada, atualmente não há um canal de comunicação entre hospitais e delegacias que possa mapear áreas com maior concentração de violência contra a mulher. Ela ainda afirma que é comum que as mulheres agredidas, por medo, não registrem boletins de ocorrência na delegacia, mas procurem hospitais para tratar as lesões.
 
O texto segue para a análise do Senado.

Catraca Livre

Pais de criança que morreu por negligência serão indenizados




Os pais de uma criança de um ano, que morreu em razão de negligência em atendimento médico-hospitalar, ganharam o direito à indenização de R$ 200 mil, em decisão da 4ª Câmara Cível do Tribunal de Justiça do Maranhão (TJMA), por maioria, em quórum estendido. O valor deverá ser pago, solidariamente, pelo Município de Igarapé Grande e pelo médico plantonista.
 
O Município e o médico recorreram ao TJMA contra a sentença do Juízo de Igarapé Grande, que condenou as duas partes, solidariamente, ao pagamento de indenização, por danos morais, no valor de R$ 300 mil. A decisão de primeira instância entendeu que o óbito da filha dos apelados decorreu do mau atendimento prestado pelo plantonista, durante a internação da criança no Hospital Municipal Manuel Matias.
 
O médico sustentou que o parecer produzido pela Procuradoria de Justiça é imprestável, pois, na hipótese, havia necessidade de produção de prova pericial. Defendeu, ainda, que tomou todas as providências cabíveis dentro do que lhe era possível, considerando a falta de medicamentos mais eficazes no hospital e a ausência de operadores para realização dos exames de imagens necessários, além de arguir que a mãe da criança agravou seu quadro ao retirá-la do hospital sem autorização.
 
O Município alegou que não há provas da ocorrência de erro médico, notadamente pela insuficiência do parecer técnico produzido pelo Ministério Público estadual (MPMA), no qual se fundou o juízo. Sustentou que a mãe da criança dificultou o atendimento médico, impondo barreiras para a regular administração de medicamentos e retirando a menor do ambiente hospitalar sem que ela tivesse recebido alta, o que teria agravado seu estado de saúde.
 
O relator do recurso de apelação, desembargador Paulo Velten, disse que o conjunto probatório constante nos autos é suficiente para demonstrar que houve negligência no atendimento médico prestado à criança, que morreu no dia 16 de janeiro de 2007, poucas horas depois de ser transferida para o Hospital Getúlio Vargas, em Teresina (PI), em razão de um quadro de obstrução intestinal aguda.
 
O desembargador destacou que, embora o parecer técnico subscrito por analista do Ministério Público tenha trazido consignado que houve imprecisão e demora na conduta terapêutica do médico, o fato é que o Juízo não se fundou apenas no parecer para reconhecer a deficiência no atendimento médico-hospitalar prestado à criança, mas também em farta prova testemunhal, por meio da qual ficou demonstrado que a garota passou aproximadamente treze horas sem receber nenhum tipo de avaliação do médico, em atitude de completo descaso para com a criança de apenas um ano de idade.
 
Velten acrescentou que a prova pericial foi expressamente dispensada pelo médico, que não pode agora, já em sede de recurso, suscitar a falta de perícia. Disse, ainda, que embora a criança estivesse em ambiente hospitalar, ela não se encontrava sob “estrita observação médica” como sustentaram os recorrentes, pois não recebeu nenhuma avaliação no período entre 19h do dia 15/01/2007 até aproximadamente 8h do dia seguinte. Baseado nisso, disse que não procede a argumentação do médico de que tomou todas as medidas que lhe eram possíveis.
 
O relator citou trechos do depoimento do médico, segundo o qual, em um deles, diz que examinou a criança às 19h; que ao ser avisado pela enfermeira que a mesma estava com quadro febril, por volta das 22h, passou apenas “SOS”, que seria a medicação descrita em seu prontuário; que não foi examinar a vítima neste momento em razão do curto lapso de tempo, bem como o estado clínico em que a mesma se encontrava às 19h. Que somente examinou a vítima novamente na saída do plantão, já pela manhã, aproximadamente por volta das 8h. Segundo o médico, antes de sair, ele constatou que o quadro clínico da criança tinha evoluído para pior, prescreveu antibióticos, descreveu o quadro clínico no prontuário médico e ressaltou para o outro médico que desse maior atenção à vítima.
 
O desembargador Paulo Velten assinalou que o hospital, à época, já dispunha de laboratório de análises clínicas, aparelhos de raio-x e de ultrassonografia, e que, nem a alegação de que os técnicos não trabalhavam à noite é suficiente para afastar o descaso do apelante, pois a criança ingressou no hospital às 10h do dia 15/01/2007, ao passo que o recorrente apenas saiu do plantão por volta das 8h do dia seguinte, sem solicitar nenhum exame.
 
Velten frisou que, ao contrário do que afirmou o médico, ele não chegou a relatar a situação ao plantonista que assumiu seu posto, que afirmou não ter encontrado o médico que primeiro atendeu a criança no momento da troca de plantões. Falou que não há demonstração nos autos de que a conduta da mãe da criança tenha agravado o quadro, pois testemunhas revelaram que a saída, às 6h, durou poucos minutos, já após a menina ter permanecido a noite inteira sem qualquer visita médica, que só foi ocorrer cerca de duas horas mais tarde. Acrescentou que não ficou demonstrado que a dificuldade na administração do soro venoso foi por causa da resistência da mãe, já que relatos do corpo técnico de enfermagem apontam que o soro foi administrado, embora de maneira descontínua, em razão da dificuldade da permanência do escalpe nas veias finas da menina.
 
O relator ressaltou que a criança morreu muito tempo depois de ser admitida no hospital do Município, enquanto aguardava, tardiamente, avaliação do cirurgião no hospital de Teresina, para onde foi transferida, com pouca chance de sobrevivência. Entendeu que o atendimento dispensado pelo médico apelante retardou em muitas horas a detecção da gravidade do quadro de saúde da menina, com consequente demora na sua transferência para um hospital de referência.
 
Velten concluiu que, embora não se possa imputar diretamente aos apelantes a responsabilidade pelo óbito da vítima, se a criança tivesse sido examinada com mais cautela e diagnosticada a tempo, a cirurgia poderia ser realizada e a menor teria chance de sobrevivência, sendo aplicável ao caso a teoria da perda de outra chance de cura.
 
O relator entendeu que a sanção não deve corresponder à indenização pelo dano morte, mas em razão da ausência de atuar eficiente do médico, imputável ao Município em virtude da teoria do órgão, e do dano sofrido, considerado, no caso, a perda de uma chance de sobrevivência.
 
Em razão disso, votou pela redução da indenização por danos morais em um terço, R$ 100 mil, em relação à sentença de primeira instância, que fixou o valor em R$ 300 mil.
 
O desembargador Jaime Araújo negou provimento ao recurso, mantendo os danos morais em R$ 300 mil, enquanto o desembargador Marcelino Everton acompanhou o relator. Como a decisão não foi unânime, houve necessidade de votação em quórum estendido, como determina o novo Código de Processo Civil. O desembargador João Santana e o juiz Raul Goulart Júnior, convocados para compor quórum, também acompanharam o voto do relator, pelo provimento parcial, fixando a indenização em R$ 200 mil, a ser paga solidariamente pelos apelantes.
 

Muito sofrimento e morte: família pede que profissionais de saúde tenham “amor”


O inchaço no pescoço de Claudia assustou a filha que percebia que a mãe não estava nada bem


A família de Claudia Lucia Pereira Neves tem buscado, há um mês, respostas sobre o que consideram, numa primeira impressão, descaso e talvez, negligência, por parte de profissionais da saúde, que podem ter resultado na morte de Claudia, que tinha 47 anos. Uma história triste e que deixou órfãs duas filhas. Stefânia Gabriela Neves da Silva, a mais velha, tem percorrido vários lugares buscando o que considera Justiça, mas se diz sem esperança. “Quero providências, mas esperança que aquilo lá vai melhorar? Sinceramente? Não tenho não”. Stefânia se refere ao Hospital de Emergência de Resende, onde sua mãe entrou na noite do dia 27 de abril engasgada com um pedaço de carne e depois de alguns procedimentos, alta e retorno ao hospital, a mãe de Stefânia ficou 22 dias internada no CTI, onde morreu no dia 20 de maio.
 
— Estou aqui pedindo providências, principalmente pela forma que minha mãe foi tratada. Foi muito sofrimento, muita dor e descaso, desabafou Stefânia na reunião do Conselho Municipal de Saúde, dia 20 de junho. Stefânia relatou que requisitou o prontuário da mãe e procurou a Ouvidoria do Hospital de Emergência e, por quase um mês, aguardou a resposta, sem sucesso. Foi procurar novamente a Ouvidoria e ouviu que a resposta à sua denúncia só sairia em agosto. Indignada, ela e a prima decidiram procurar o Conselho Municipal de Saúde que acolheu sua denúncia e iniciou uma apuração das circunstâncias que envolveram atendimento e morte da mãe.
 
Stefânia contou que chegou na manhã do dia 28 para ficar com a mãe e se assustou com o inchaço na região do pescoço, a mãe não conseguia engolir, muitas dores e tinha dificuldades para respirar, me falou que nenhum médico passou para vê-la. “Saí a procura de um médico e encontrei a dra. Gabriela que informou que minha seria transferida para a Santa Casa para fazer o exame”, conta a filha. No relato, o primeiro atendimento, na noite do dia 27, constatou que precisava de uma endoscopia, mas ficou para o dia seguinte. “Minha mãe sofreu muito. Minha mãe passou a noite toda com muita dor.
 
 No dia seguinte foi uma tortura. Acompanhei minha mãe até a Santa Casa e lá depois de 40 minutos dentro da sala, a médica sai e diz que tentou e não conseguiu fazer o exame porque minha mãe estava muito agitada e que precisou de várias pessoas para a segurarem. Minha mãe contou que uma enfermeira subiu em cima dela. O que é isso? A médica me tratou muito mal”. No laudo fornecido pela médica Gabriela Pereira, que presta serviço para o SUS, na Santa Casa com este tipo de exame, a profissional confirma que precisou levar Claudia para o centro cirúrgico e chamar o anestesista para realizar o exame. A médica adiantou ao BEIRA-RIO que é uma injustiça apontar descaso no seu procedimento e que prefere se pronunciar melhor, depois que ler o documento que a família entregou aos conselheiros municipais de saúde.
 
De volta para o Hospital de Emergência, Claudia teria recebido alta, mas Stefânia relata que o médico não a viu e continuava passando muito mal; tinha dificuldades para respirar e continuava com as dores. “As dores pareciam que tinham piorado, questionei a alta e pedi pelo amor de Deus para deixarem ela ficar lá. A enfermeira cedeu. Começou a passar mal e pedia a enfermeira para chamar o médico, mas dizia que não podia, ora porque o médico estava ocupado, ora porque dormia e que minha mãe já estava de alta. Até que comecei a pedir muito quando veio dr Sérgio que quando viu minha mãe, falou de uma forma ríspida ‘o que está fazendo aqui ainda, você já teve alta’. Nunca vi tanta falta de acolhimento. Foi de uma falta de educação, ríspido, amassou a alta e foi chamar outro médico. A enfermeira Gilcimara até pediu para eu não ligar para a situação porque o médico estava estressado e eu e minha mãe o que temos com isso? Veio então o dr. Flávio que nos atendeu bem, passou remédio para minha mãe dormir e passou um Raio X, porque a enfermeira Gilcimara insistiu e eu também. O técnico na Radiologia disse que o exame precisava ser repetido porque minha mãe não conseguia encher os pulmões e considerou preocupante o que via e sugeriu uma tomografia. Entrei em desespero. O médico não veio ver o Raio X, minha mãe passou mal a madrugada inteira e a enfermagem não chamou o médico. Pela manhã chegou o médico Fernando, expliquei tudo a ele, mas também não viu o Raio X, me disse que era normal o que ela estava sentindo e passou só mais um remédio e deu alta. Levei minha mãe para minha casa”, descreve com lágrimas Stefânia que mora em Quatis e contou que as dores da mãe não passavam e a levou então no Hospital São Lucas naquele município.
 
— O caso era tão grave que o médico lá de Quatis veio junto com a minha mãe, do São Lucas de volta para o Hospital de Emergência. Ele viu que ela não estava nada bem. A partir daí foi muito triste, minha mãe dizia que ia morrer e ela morreu. Foi para o CTI e então constataram que o esôfago dela estava perfurado. Quando isso aconteceu? Fez cinco cirurgias, sofreu muito e no dia 20 de maio ela morreu. Depois da denúncia no Conselho de Saúde, no dia seguinte o hospital ligou para Stefânia e disse que a resposta à sua reclamação estava disponível.
 
O Hospital de Emergência por meio da Direção Clínica entregou à filha de Claudia um documento que informa que foi aberto processo administrativo para apurar os fatos e vai ouvir todos os envolvidos. O secretário de saúde, Alexandre Vieira confirmou a apuração e que será feita com celeridade: “A Secretaria de Saúde se solidariza com a dor dos familiares e já determinou a abertura de processo de sindicância para análise dos procedimentos no caso citado e o resultado será enviado à solicitante e ao Conselho Municipal de Saúde na maior brevidade possível”.
 
— Minha mãe era uma mulher alegre, vivia com um sorriso no rosto. Eu quero conversar com eles, sabia? Olhar para eles e pedir que tenham mais amor. Foi muito descaso, faltou contraste para minha mãe fazer exame, faltou respeito, atenção, acolhimento. Do CTI não posso reclamar, mas minha chegou só engasgada, deram alta e só depois de 48 horas que viram esôfago perfurado? Vou procurar ajuda de todo mundo. Eu e minha prima fomos no Conselho e vamos onde tiver que ir para que não façam nunca mais isso com ninguém, Stefânia fala decidida a levar o caso ao conhecimento também do Ministério Público e do Conselho Regional de Medicina.