sexta-feira, 16 de junho de 2017

MP recorre e Justiça aceita denúncia contra quatro médicos por envolvimento na máfia das próteses

 Com a decisão do TJ do RS, ao todo, 13 pessoas, entre médicos, advogados e distribuidores de próteses, responderão por organização criminosa, estelionatos e falsidade ideológica.
 
O grupo já teria obtido, no mínimo, R$ 1,79 milhão com a fraude da próteses e órteses superfaturadas.
 (Foto: Rede Globo)
 
O Tribunal de Justiça do Rio Grande do Sul acolheu denúncia contra os médicos Antonio Carlos Sábio Júnior, Henrique Alves Cruz, Marcelo Leal Tafas e Alfredo Sanchis Gritsch, que agora são acusados de envolvimento no caso “Máfia das Próteses” – esquema de realização de cirurgias superfaturadas com ordem judicial. O Ministério Público havia recorrido após a denúncia não ter sido aceita em primeira instância.
 
Os médicos responderão a processo na 4ª Câmara Criminal do Tribunal da Justiça gaúcho. Eles integram o grupo de 13 pessoas denunciadas pelo caso em 2016.
 
Ao contrário da decisão de 1ª instância – que havia rejeitado a acusação –, o desembargador Julio Cesar Finger, relator do recurso, disse ver indícios suficientes de autoria dos crimes.
 
O envolvimento dos denunciados, segundo Finger, não se limitou à elaboração de laudos e relatórios falsos. Eles teriam participação nas cirurgias e pós-operatório de vários pacientes, e teriam forjado orçamentos para facilitar a realização das cirurgias pela clínica do réu Fernando Gritsch Sanchis.
 
"Releva notar que a participação destes acusados, segundo se extrai da narrativa contida na exordial acusatória, não se resumiria apenas a tal tipo de indicação, por meio de laudos e relatórios médicos falsos", diz trecho do voto do relator.
 
Com próteses e órteses superfaturadas em 752%, as vantagens econômicas obtidas pelo grupo seriam de, no mínimo, R$ 1,79 milhão. "Nessa senda, eventual tese de negativa de autoria deve ser analisada no curso da instrução criminal, sendo matéria de prova a demonstração de que os réus efetivamente participaram dos fatos denunciados", conclui o magistrado.
 
O advogado do réu Henrique Alvez Cruz, Rafael Tisott, informou não ter sido notificado sobre a nova decisão, mas se manteve firme em relação à antiga decisão. “No decorrer do processo vai ser comprovado que ele [Henrique] não teve vantagem em relação aos fatos, pois, simplesmente, trabalhava como residente com o Fernando Sanchis. Ele nunca confeccionou equipamento e, no juízo de primeiro grau, foi constatado que as assinaturas não eram do doutor”, assegurou Cruz.
 

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