A auxiliar administrativo Vanessa Ribeiro Martins, de 33 anos, também acusa a médica Foto: Roberto Moreyra / Agência O Globo |
A auxiliar administrativa Vanessa Ribeiro Martins, de 33 anos, chegou à 16ª DP (Barra da Tijuca), na tarde desta sexta-feira, para denunciar mais um caso envolvendo a médica Haydee Marques da Silva, de 59 anos, que negou atendimento a Breno Rodrigues Duarte da Silva, de 1 ano e 6 meses, na última quarta-feira. Segundo Vanessa, seu pai morreu após um erro da médica.
Leonel Martins, de 62 anos, morador de Campo Grande, na Zona Oeste da cidade, sofria de esclerose lateral amiotrófica e respirava com a ajuda de aparelhos, por meio de ventilação mecânica. O paciente recebia tratamento em casa, com servico de Home Care, e só se deslocava quando precisava fazer exames, sempre transportado em ambulâncias. De acordo com Vanessa, foi numa dessas ocasiões, em julho do ano passado, que a médica teria cometido um erro médico.
Com desconforto intestinal, o paciente solicitou uma ambulância para se submeter a um exame. A auxiliar administrativa conta que a Haydee era a médica que estava no veículo enviado pela empresa Cuidar Emergências Médicas para transferir seu pai. Ao chegar à casa de Leonel, a médica teria se assustado com o fato de o paciente fazer uso de ventilação mecância.
— Ela se assustou e disse: "Ninguém me avisou que o paciente usava ventilação mecânica". Depois olhou para o socorrista e falou: "Vamos logo, porque tenho que almoçar". Na hora da remoção, perguntei onde estava o oxigênio, mas a médica disse que não precisava, porque o trajeto seria curto. — relata Vanessa.
Logo que foi colocado na maca, conta a filha do paciente, Leonel começou a perder a cor e mostrar sinais de falta de ar.
— Começou a perder a cor. Ela tinha que ter trago um oxigênio portátil, mas decidiu transportar ele assim mesmo — lembra.
Segundo a auxiliar administrativa, uma enfermeira particular que cuidava de seu pai tentou subir na ambulância para acompanhar o paciente, mas foi impedida pela médica. Leonel foi levado ao hospital São Mateus, em Bangu. Quando chegou na unidade de saúde, o médico responsável estranhou o estado grave do paciente, pois havia sido solicitado um exame.
— O pessoal do São Mateus levou um susto quando viu meu pai quase morto e o encaminhou para outra unidade de saúde. Ele foi internado por ter ficado dez minutos sem oxigênio. Faleceu quase um mês depois, no dia 28 de agosto, após ser infectado por uma superbactéria — lamenta ela, que ainda relata ter encontrado o boletim do atendimento prestado Haydee com o carimbo de um outro médico.
A delegada Isabelle Conti ouviu, nesta sexta-feira, ouviu os depoimentos das testemunhas do caso de Breno.
Além de Vanessa, a delegada ouviu, na manhã desta sexta-feira, as testemunhas do ocorrido: o motorista Robson Oliveira, de 50 anos, a técnica de enfermagem Marta Campelo, de 26, que estava com a família no apartamento, e um dos porteiros que viu a reação da médica.
CONHEÇA O CASO
Breno Rodrigues Duarte da Silva, de 1 ano e 6 meses, sofria de uma doença neurológica chamada síndrome de ohtahara, que provoca convulsões severas. Ele morreu na manhã desta quarta-feira, depois de não receber atendimento da médica Haydee Marques da Silva, acionada para ajudá-la. A profissional da saúde chegou com a ambulância no condomínio da família, no Recreio dos Bandeirantes, na Zona Oeste do Rio, mas foi embora sem subir ao apartamento para prestar socorro.
Em um vídeo gravado por uma câmera interna, é possível vê-la rasgando um documento, antes de a ambulância ir embora do prédio, às 9h13. Segundo a família, funcionários do condomínio ouviram a médica gritar que tinha passado de seu horário de trabalho. Mas a médica, segundo a direção da empresa onde trabalhava (Haydee foi demitida na quinta-feira), estava começando o plantão.
Haydee será ouvida na próxima segunda-feira. Breno foi Breno foi enterrado nesta quinta-feira, no Cemitério São Francisco Xavier, no Caju, na Zona Norte do Rio.
Extra
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