segunda-feira, 12 de junho de 2017

Vinte e nove médicos do ES são acusados de receber sem trabalhar

Flagrantes mostram médicos chegando, batendo o ponto e indo embora.
Os bens de quatro deles já foram bloqueados pela Justiça.
 
Médico foi flagrado batendo ponto e indo embora em Hospital Geral de Linhares, no Espírito Santo
 (Foto: Reprodução/ TV Gazeta)
 
 
Vinte e nove médicos do Espírito Santo são acusados de receber sem trabalhar. Os bens de quatro deles já foram bloqueados pela Justiça.
 
Médicos chegam para o trabalho, batem o ponto e vão embora. As imagens foram gravadas no Hospital Geral de Linhares, mais conhecido como HGL. É um hospital público, administrado pelo município.
 
O Ministério Público Estadual recebeu uma denúncia de que médicos do HGL não cumpriam a carga horária. Para investigar, pediu ajuda à polícia e, no ano passado, durante dez dias, policiais ficaram disfarçados na frente e também dentro do hospital. Monitoraram a chegada, a saída dos médicos e o cartão de ponto.
 
No dia 13 de junho do ano passado, o médico Assuério Moreira chega ao hospital, bate o ponto às 7:28. Menos de 20 minutos depois, a imagem mostra o médico saindo do hospital, entrando no carro e indo embora. No dia seguinte, de manhã, o médico volta ao hospital. Bate o ponto e vai embora de novo.
 
Depois, as imagens da polícia mostram o médico José Cardia chegando ao hospital no dia 15 de junho do ano passado. O médico não ficou nem 10 minutos. Ele chega às 2h45 da tarde e sai às 2h51. Só voltou no dia seguinte. Ele entra, bate o ponto e sai de novo. O médico José Cardia nega que descumpria a carga horária.
 
“Eu sou médico de sobreaviso, sou médico que fica à disposição do hospital durante toda a semana, para em casos de chamado de urgência da minha especialidade eu estar presente, então, têm dias que eu vou duas ou três vezes, têm dias que eu não vou”.
 
Uma resolução do Conselho Federal de Medicina autoriza o sistema de sobreaviso, mas segundo o promotor que investiga o caso, ela não vale para esse caso porque o município, que é o responsável pelo hospital, não tem uma lei autorizando o sobreaviso.
 
A direção do hospital também queria a presença dos médicos, tanto que instalou o cartão de ponto. Outros médicos que, segundo o Ministério Público, não cumpriram a carga horária são Smail Pinheiro Carvalho e Telmo Henrique Fioroti.
 
O Ministério Público também ouviu o depoimento de pessoas que trabalham ou já trabalharam no hospital. De acordo com a investigação, 29 médicos foram flagrados saindo do hospital na hora do trabalho.
 
Os quatro médicos que aparecem nesta reportagem já estão sendo processados por improbidade administrativa. O MP pede que eles devolvam parte das gratificações que recebiam, somando tudo, algo em torno de R$ 470 mil.
 
Os outros três médicos que já estão sendo processados não quiseram gravar entrevista, mas também negam as irregularidades. Vinte e cinco casos semelhantes ainda estão sendo analisados pelo Ministério Público.
 
 

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