quarta-feira, 22 de agosto de 2018

É preciso falar sobre erro médico

O estudo tem como objetivo chamar a atenção da sociedade para uma situação que deve ser considerada prioritária

Ilustração
Erros da equipe médica e infecções hospitalares mataram seis pessoas por hora nos hospitais brasileiros em 2017, segundo um estudo divulgado pelo IESS (Instituto de Estudos de Saúde Suplementar) e pelo Instituto de Pesquisa Feluma, da FCM-MG (Faculdade Ciências Médicas de Minas Gerais). Foram avaliados 182 hospitais em 13 Estados, incluindo o Paraná. O estudo, chamado Anuário da Segurança Assistencial Hospitalar no Brasil, é tema de reportagem desta quarta-feira (22) da Folha de Londrina.

Quando se analisa o número absoluto, chega-se a um dado assustador: pouco mais de 54 mil pessoas perderam a vida no ano passado, no Brasil, devido aos chamados "eventos adversos graves" relacionados à assistência hospitalar. Para os pesquisadores, 36.174 (66%) desses óbitos poderiam ter sido evitados. As causas vão de sepse (infecção generalizada) a erro no uso de medicamentos.

Os resultados do estudo do IESS e da FCM colocam o País diante de um problema gigantesco e que demonstra ser mais comum do que pensamos. E os números podem ser maiores, pois as informações refletem a realidade de hospitais, em sua maioria, com mais de cem leitos, e localizados em cidades com mais de 100 mil habitantes e IDH acima da média nacional. Porém, é preciso considerar que metade dos hospitais no Brasil tem menos de 50 leitos.

Os responsáveis pela pesquisa explicam que o estudo tem como objetivo chamar a atenção da sociedade para uma situação que deve ser considerada prioritária. O problema existe em todo o mundo, até mesmo entre os países mais desenvolvidos, no entanto, é certo que a fiscalização deficitária e os problemas econômicos levam as estatísticas para o alto.

O erro é inerente à condição humana. Mas é prova de responsabilidade e respeito ao próximo buscar a prevenção, ou seja, evitá-lo ao máximo. Não se pode mais admitir que esses incidentes, a negligência ou a falta de qualidade no atendimento continue matando mais de 50 mil pessoas por ano.

opiniao @ folhadelondrina.com.br

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