Criança tinha doença no coração, e família denuncia que hospital demorou a entregar novo laudo que possibilitaria a transferência. HMI diz que vai verificar prontuário para se manifestar; SMS afirma que estava dentro do prazo para cumprir decisão.
Bebê morre à espera de cirurgia em hospital de Goiânia |
Uma recém-nascida de apenas 3 meses morreu enquanto esperava pela transferência para uma Unidade de Terapia Intensiva (UTI) pediátrica, em Goiânia. Segundo a família, Milena Pacheco da Silva tinha um problema de coração e estava internada no Hospital Materno Infantil (HMI) aguardando pelo leito para ser operada. Porém, mesmo com uma decisão judicial, ela não foi transferida.
O HMI disse que vai se inteirar sobre o caso. Já a Secretaria de Saúde de Goiânia afirmou que não havia leitos disponíveis e que estava dentro do prazo para cumprir a decisão judicial.
Milena morreu no sábado (25). A mãe dela, Lidiana Barbosa da Silva Pacheco, disse que desde quando a filha nasceu, perambulou por vários Centros de Apoio Assistencial à Saúde (Cais) sempre recebendo o diagnóstico que a filha tinha refluxo.
Então, ela resolveu pagar uma consulta particular com um pediatra, que pediu um ecocardiograma, e descobriu que a menina tinha uma doença no coração e precisava da cirurgia com urgência. O médico chegou a dizer que não sabia como a criança havia resistido tanto tempo.
Diante da situação, Lidiana foi com a filha para o Cais do Setor Campinas e somente três dias é que ela conseguiu a internação, mas o HMI, que não tinha o tratamento que ela precisava. Na unidade, ela ficou internada por quatro dias aguardando a transferência e morreu.
“Ela estava na sala na emergência e eles falaram que não podiam ficar acompanhante. Eles não podia me dar notícia nenhuma, só no horário de visita, mesmo sendo tão pequena. Estou muito mal, desesperada. Para mim, meu mundo acabou”, desabafa.
Decisão judicial
Em Goiânia, o Hospital de Criança é o único vinculado ao Sistema Único de Saúde (SUS) que poderia fazer a cirurgia de Milena. O tio dela, Carlos Pacheco de Oliveira, procurou a Defensoria Pública, que pediu um laudo mais detalhado.
Porém, de acordo com ele, o HMI demorou a entregar o documento. Ele fez um vídeo no hospital mostrando a situação. "Eu cheguei às 6h40 eles alegaram que era troca de horário. Vai dar 7h50 e até agora está em troca de horário".
O tio afirmou que o laudo só foi entregue três horas depois, mas a Defensoria já estava fechada. Desesperado, ele pediu ajuda pelas redes sociais e conseguiu auxílio de um advogado, que encaminhou o caso para um juiz.
A situação foi analisada no mesmo dia. A Justiça expediu uma decisão obrigando a Secretaria de Saúde de Goiânia a transferir Milena imediatamente, mesmo que tivesse que pagar a internação em um hospital particular, pois o atraso poderia resultar na morte da criança.
A família disse que a decisão chego à secretaria de Saúde no fim do dia, mas não foi cumprida. A morte da recém-nascida revoltou Carlos.
"Fui ligando e eles não me davam nem moral, desligava na minha cara, falavam que não tem vaga e nós não vamos pagar pela particular. Aí não deu tempo que a médica falou que ela estava só piorando, arruinando e quando foi 11h da noite, deu essa notícia [da morte dela]".
"Eu quero é justiça porque, mesmo com uma ordem judicial eles negaram o tratamento dela. Eu vou fazer justiça por ela. Sei que o dinheiro não vai pagar a vida dela, mas eles têm que pagar pelo que eles fizeram”.
Respostas
À TV Anhanguera, o HMI informou que somente nesta segunda-feira (27) vai ter acesso ao prontuário de Milena para responder porque o tio da criança teve que esperar horas pelo relatório médico mais detalhado.
Já a Secretaria de Saúde de Goiânia disse que, infelizmente, não havia leitos disponíveis, nem pelo SUS, nem pela rede particular, para transferir a paciente. Informou ainda que somente o Hospital da Criança poderia atender o caso em todo o estado.
Por fim, a prefeitura disse que recebeu a determinação da Justiça e estava dentro do prazo para cumpri-la, mas ainda não havia surgido leito. Diante da gravidade, a criança foi transferida para o HMI, onde recebeu todo suporte até que a vaga fosse liberada.
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