Doentes cardíacos estão há mais de três meses sem receber medicação; Saúde não tem previsão para solução do problema
“Pacientes estão correndo risco de morte pela irresponsabilidade de nossos administradores! ”Foto: Luiz Guilherme Bannwart |
Pacientes cardíacos, entre operados e infartados,
estão correndo risco de morte pela falta de um medicamento
fundamental para o tratamento de doenças do coração. A denúncia
foi feita pelo aposentado Luiz Hermógenes de Camargo, de 58 anos,
que há mais de três meses aguarda pelo medicamento Selozok 50, sem
uma solução dos responsáveis pela Secretaria de Saúde de Santo
Antônio da Platina, que segundo ele, acusam a 19ª Regional de Saúde
de Jacarezinho como responsável pela falta do remédio.
O Selozok 50 é indicado para tratamento da hipertensão arterial
(pressão alta), da morbidade e do risco de mortalidade de origem
cardiovascular e coronária (incluindo morte súbita). Nas farmácias,
segundo o aposentado, que passou por cinco cirurgias de ponte de
safena, a caixa do remédio com 30 comprimidos, suficiente para um
mês, custa R$ 55.90. Ele diz que consegue comprar o medicamento, mas
muitos pacientes carentes acabam ficando sem o remédio porque não
tem recursos para bancar o tratamento. “É uma vergonha. Pacientes
estão correndo risco de morte pela irresponsabilidade de nossos
administradores!”, desabafa Camargo.
Ele conta que foi ao Centro Social Urbano na manhã desta
segunda-feira (27), mais uma vez a procura do Selozok e, igualmente
às vezes anteriores, ouviu das atendentes que o remédio está em
falta e não há previsão de normalizar o atendimento dos pacientes
cardíacos. Segundo Camargo, novamente ouviu a desculpa que o
problema está sendo causado pelo governo estadual.
Luiz Camargo conta que tem 72% de seu coração comprometido pelas
enfermidades e, se estivesse esperando a vontade da Secretaria de
Saúde do Município, já teria morrido. Para ele, esta é a pior
secretária de Saúde da história de Santo Antônio da Platina,
referindo-se a titular da pasta, Ana Cristina Micó.
Camargo conta que já formalizou denúncia por duas vezes junto ao
Ministério Público Estadual (MPE), mas parece que nem isso faz com
que os responsáveis pela Saúde do município tomem medidas para
sanar o problema.
Outra paciente, que pediu anonimato com medo de
perseguição, disse que a falta de medicamentos é recorrente.
Quando o paciente tem condições de comprar na farmácia, tudo bem,
mas para os doentes sem condições financeiras, interrompe o
tratamento. Ela disse que já formalizou denúncia na Ouvidoria
Municipal, mas segundo consta, nenhuma medida foi tomada.
Outro absurdo envolvendo a Secretaria de Saúde está acontecendo com
uma paciente que é portadora de deficiência causada por erro médico
quando era criança. Amanda Alves da Silva hoje tem 24 anos, vivendo
com a ajuda de equipamentos.
Embora com essa idade, Amanda, filha do casal Sandra e Paulo Alves da
Silva aparenta ser uma adolescente. Ela vive desde o primeiro ano de
vida presa a uma cama e, quando sai, fixada a uma cadeira de rodas,
sempre acompanhada de um cilindro de oxigênio que lhe garante a
vida. O quarto da jovem é quase idêntico a uma UTI hospitalar, onde
passa seus dias. Ela não anda e igualmente não fala e enxerga,
porém revela na face um sorriso de quem ama a vida.
Nem mesmo uma decisão judicial faz com que o Setor de Saúde
municipal cumpra a determinação de enviar regularmente uma
enfermeira para cuidar da menina. O advogado da família, Leonardo
Góes de Almeida, deve ingressar com uma ação por não cumprimento
de decisão judicial contra o município.
A reportagem da Tribuna do Vale procurou a secretária de Saúde, Ana
Cristina Micó, e a diretora do departamento, Gislaine Galvão, para
comentar as acusações, mas nenhuma delas retornou os recados
deixados em suas repartições
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