Regina Darze, de 73 anos, ficou 42 dias no Hospital Lourenço Jorge à espera de uma operação. Familiares de Ercília Monteiro Souza, de 77 anos, dizem que estado de saúde da idosa piorou após ela ser transferida para outra unidade.
Parentes de duas idosas que morreram em unidades de saúde do Rio acusam a gestão municipal de descaso no atendimento às pacientes. As mortes aconteceram no Hospital Lourenço Jorge e no Hospital Miguel Couto.
Regina Darze, de 73 anos, ficou 42 dias no Hospital Lourenço Jorge, na Barra da Tijuca, à espera de cirurgias no fêmur e cotovelo. Após sofrer uma queda, a idosa precisava passar por duas operações mas a unidade de saúde não tinha o aparelho necessário para realizar as intervenções.
Enquanto esperava a chegada do equipamento, Regina entrou em coma e teve duas infecções. A idosa morreu na madrugada desta sexta-feira (24) no Centro de Tratamento Intensivo do hospital. Segundo o filho dela, Ricardo Darze, a causa indicada para a morte da mãe é parada cardíaca.
Agora, Ricardo disse que pretende recorrer ao Ministério Público para que o caso da mãe seja analisado e as condições na unidade de saúde sejam checadas.
A direção do Hospital Municipal Lourenço Jorge (HMLJ) informou, em nota, que Regina tinha quadro clínico instável, o que tornava impossível submetê-la à cirurgia, mesmo a unidade tendo "um intensificador de imagem novo, recém-comprado pela Prefeitura e em operação desde o início deste mês".
Idosa morre após ser transferida
O outro caso ocorreu na madrugada de quinta-feira (23). Ercília Monteiro Souza, de 77 anos, morreu no Hospital Miguel Couto, na Gávea. Segundo familiares, a idosa estava internada desde o dia 5 na Coordenação de Emergência da Barra da Tijuca à espera de uma cirurgia no coração.
Ercília morreu sem que a operação tivesse sido realizada. A família alega que a idosa estava lúcida antes de ser transferida para o Miguel Couto, mas piorou depois que foi levada para a unidade na Gávea.
Parentes também reclamaram que só foram avisados sobre a morte quando foram visitar Ercília, às 12h de quinta. No entanto, a idosa morreu às 2h.
"Eu estou me sentindo um lixo. Sou servidor público e perdi a minha mãe pro município porque meia dúzia de políticos rouba tudo e não deixa nada para a gente", lamentou o filho da idosa, Alexandre Andrade, de 44 anos.
Em nota, a Coordenação de Emergência Regional (CER) da Barra da Tijuca informou que Ercília "chegou à unidade com quadro clínico grave e instável, apresentando pneumonia, infecção urinária e insuficiência cardíaca".
No entanto, os laudos médicos emitidos na unidade de saúde um dia após o outro apresentam resultados que divergem entre si. No dia 16 de agosto, o relatório médico informa que Ercília está em "bom estado geral, lúcida e orientada no tempo e espaço, corada, hidratada, afebril" e tem respiração normal em ar ambiente.
Já no dia 17, - um dia depois - o médico relata que a paciente apresenta 'alto risco de morte' e pede que ela seja internada em uma unidade de tratamento intensivo (UTI) "com extrema urgência".
A nota da CER diz que "infecções e pneumonia são quadros que inviabilizam a realização de cirurgias. Portanto, antes de se pensar em cirurgia cardíaca, a paciente tinha que ter o quadro clínico tratado e estabilizado".
A administração da unidade comunicou, ainda, que "a paciente estava em tratamento com antibióticos na Sala Vermelha da CER Barra desde o dia 14 de agosto" e estava "inserida no Sistema de Regulação (SISREG) do município, com pedido de leito de CTI clínico, para o tratamento que se fazia prioritário naquele momento, que era o da pneumonia e infecção urinária".
O município alega que cumpriu mandado judicial e o pedido de leito "precisou ser alterado para CTI em unidade especializada coronariana e a paciente foi, então, inserida, no dia 18, no Sistema Estadual de Regulação (SER), responsável pela regulação do leito especializado".
Assim, a prefeitura afirmou que Ercília foi levada para o Miguel Couto, onde foi "assistida por médicos especialistas e deu continuidade ao tratamento clínico prioritário da pneumonia e infecção urinária. Devido gravidade do caso, no entanto, [Ercília] não resistiu e faleceu no início da madrugada de ontem".
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