O secretário Estadual de Saúde, Florentino Neto, negou nesta quarta-feira (22) qualquer transferência de pacientes e o fechamento de leitos de internação do Hospital Regional de Campo Maior, município a 78 km da capital.
A declaração ocorreu após o vazamento de um áudio atribuído a diretora da unidade, Jardênia Ribeiro, que declara não só o fechamento dos leitos, como a transferência de pacientes através da regulação e ainda a falta de medicamentos e até de alimentos na unidade.
"Eu chamei a diretora aqui para ouvir dela as observações e o que motivou esse posicionamento dela, porquê efetivamente o relacionamento que a Sesapi tem com o hospital não condiz com o que está no áudio. Não há fechamento de leitos e queremos tranquilizar a população de que não existe sequer a possibilidade do fechamento de leitos", garantiu o gestor.
O secretário explica que a administração dos hospitais é feita diretamente pela direção local que é supervisionada pela Secretaria e segundo ele, atualmente o hospital possui um saldo de R$ 500 mil em sua conta-corrente, o não é compatível com as informações do áudio vazado.
"O Hospital de Campo Maior tem sido um hospital que tem recebido investimentos, sido beneficiado com entrega de equipamentos e foi um dos hospitais que desempenhou muito bem todos os mutirões. É muito bem avaliado, e a diretora coloca questões que tem um certo distanciamento do que estamos verificando. O recurso está na conta do hospital", garante Florentino.
O áudio
No áudio obtido pelo Cidadeverde.com, a diretora afirma que a transferência será encaminhada pela regulação e que a unidade corre o risco ainda de ter outros setores fechados, mediante o repasse dos recursos. Ela acrescenta que a unidade não tem recebido repasses e atesta a "falência" da unidade por falta de investimentos. Leia a transcrição de parte do áudio:
"Campo Maior hoje está fechando 30 leitos e passa hoje a transferir todos os seus internados com uma complicação maior, que precisa de internação. Nós estamos sem medicamento, sem insumos, sem medicação e não temos condição de manter paciente internado. A orientação da equipe é que vá fazer atendimento até 18h e no momento de internação seja feita regulação.[...] Nós estamos fazendo o que podemos e nesse momento estamos fechando esses 30 leitos pra que a gente tenha condições de alimentar e dar medicamentos aos que vão ficar e é só isso. Essa semana a gente faz isso, se as coisas acontecerem, se o dinheiro chegar e a gente conseguir pagar nossos fornecedores, as coisas vão se normalizar. Caso contrário, a gente vai fechando aos poucos cada setor. Estamos com estoque de medicamento, insumo e até de limpeza baixo e não temos mais fornecedor. Os licitados já pararam de fornecer e mudamos pra fornecedores alternativos e eles não querem mais atender e por último perdemos o fornecedor de alimentos e material de limpeza. Dessa forma a gente não tem como fazer esse atendimento que precisam e que aqui a gente faz[...] Estou oficializando o senhor secretário através de ofício informando a necessidade, a carência e a falência praticamente do hospital que não recebe recurso para que possa se sustentar", afirmou a diretora.
Áudio vazou de grupo
Em contato com o Cidadeverde.com a assessoria de imprensa da unidade informou que o áudio foi vazado de uma conversa em um grupo de diretores de hospitais do Piauí e ainda que ele teria sido editado para ser usado fora de um contexto.
A assessoria informou também que os leitos não serão fechados mas que haverá um remanejamento de pacientes, já que o hospital opera além da sua capacidade. Segundo números divulgados pelo próprio hospital, atualmente há 140 pacientes quando a capacidade é de 110 leitos. Portanto a quantidade de pacientes sobrecarregaria o recurso. Este seria o motivo da transferência dos 30 pacientes, segundo a assessoria.
Cidade Verde
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