Vítima passou três horas na delegacia, em pé, e com o filho com febre no colo
Foto: André de Abreu |
A vendedora Viviane Félix de Lima, 31 anos, passou por momentos constrangedores na noite do último sábado (18), após chutar a porta de uma UPA (Unidade de Pronto Atendimento) e passar três horas em uma delegacia com o filho de um ano e cinco meses doente no colo.
Segundo a vendedora, ela levou o filho, que estava com febre, até a UPA (Unidade de Pronto Atendimento) do bairro Coronel Antonino. A criança passou por triagem por volta das 18h30, porém não havia sido chamada para ser atendida por um médico.
Uma mãe, que também estava com o filho doente no local, foi até a sala da enfermagem cobrar atendimento. Ela começou a gritar e um guarda foi chamado. Neste momento, Viviane percebeu que o filho, que estava com 40 graus de febre, estava ficando com as mãos e os pés roxos e também foi até a sala.
''Fiquei desesperada porque meu filho já teve duas paradas cardíacas quando tinha dois meses. Chutei a porta da sala para abrir e fiz um escândalo pedindo que atendessem meu bebê. Toda vez que vou na UPA preciso fazer escândalo para ser atendida", explicou.
Após a briga, as crianças que esperavam por atendimento começaram a ser atendidas, inclusive o filho de Viviane. ''Ele tomou duas injeções porque a febre estava muito alta. Fiquei esperando ele melhorar para ir embora, quando a polícia chegou", contou.
Viviane foi acusada por uma médica da unidade de ter quebrado a porta com o chute, porém a vendendora nega que tenha causado dano no local. ''Pra quebrar a porta, tem que tirar ela do lugar, raxar... a porta já estava estragada. Várias delas não tem nem miolo", defendeu.
A vendedora, com o filho no colo e ainda com febre, foi encaminhada à Delegacia de Pronto Atendimento Comunitário (Depac) do Centro, onde ficou por três horas esperando atendimento. A médica que denunciou o caso também foi para o local. ''Essa médica nem estava lá no momento da confusão. Ela não viu nada. Prestou um depoimento baseado no que contaram pra ela. Sem falar que ela deixou de atender pacientes para ir à delegacia".
A mãe conta que, além da febre, o filho estava com fome e cansado. ''Não tinha um copo na delegacia para eu dar água para o meu filho. Fiquei em pé o tempo todo e ainda fui levada pra lá acompanhada de três policiais armados, como se eu fosse uma delinquente".
Para a mãe, o sentimento que fica é de injustiça. ''Muitas pessoas passam por isso todos os dias e ninguém tem coragem de denunciar", lamentou.
Dias antes de procurar atendimento na UPA do Coronel Antonino, Viviane havia levado o filho na unidade da Vila Almeida. No local, passaram um remédio com a dosagem errada para a criança. ''Meu filho tomou um remédio com a dosagem errada durante 20 dias e por isso não melhorava nunca".
Outro lado
Em nota, a Sesau (Secretaria Municipal de Saúde) disse que as duas mulheres iniciaram um tumultuo enquanto aguardavam atendimento pediátrico para os seus filhos, “momento em que uma delas, mais exaltada, chutou a porta por duas vezes e ambas passaram a agredir verbalmente os profissionais”.
“Em razão dela ter atentado contra a integridade dos servidores e pelo ato de tentar depredar patrimônio público (arrombamento da porta) ela precisou ser encaminhada para a delegacia junto com a profissional que registrou queixa”, informou.
A Sesau alega que “o ato é injustificado, uma vez que não havia nem 20 minutos que a paciente havia dado entrada na unidade e já havia passado pela triagem e no momento três médicos pediatras estavam fazendo o atendimento”.
Por outro lado, a Secretaria “lamenta profundamente e repudia tal episódio e espera bom senso tanto dos profissionais quanto dos pacientes uma vez que somente no atendimento pediátrico a demanda aumentou 40% em relação ao ano passado”.
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